Estações de uma vida...
Eu nasci na Primavera...
E sem saber quem eu era
comigo nasceram flores,
correram águas nos montes,
chegou a frescura às fontes
e chegou ao coração
de quem me pôs neste mundo
muito amor, e a afirmação
de que seria feliz.
E feliz fui algum tempo,
dancei com o sol e com o vento,
brinquei com todas as cores
que a brisa fazia rodopiar.
Ouvi pássaros a cantar,
cresci com a vida e com o tempo,
sempre menina , a sonhar.
A Primavera passou,
e foi o Verão que chegou...
Verão cheio de calor
Trouxe no ventre o amor
que aceitei num abraço.
Vivi então a compasso
oa anos da juventude
e senti a plenitude
de quem é jovem, menina
pensando sempre que o sonho
é eterno, e não termina.
Chegou depois o Outono,
e trouxe a melancolia...
Pouco a pouco o abandono
do que me dava alegria.
A vida foi-me mostrando
o que me queria oferecer:
dor,tristeza e amargura
e eu,sonhando,
não me querendo convencer
que o sonho tinha acabado
e que já era passado
a ventura
de ser feliz, e viver.
E eis o Inverno da vida...
Onde tantos sentimentos
tropeçam nos bons momentos
e no mal que ela me deu.
Triste, olho para o céu.
Há tempestades, trovões,
e dentro dos corações
há saudade a transbordar,
Lembram-se os anos passados,
a força que foi precisa
para tudo ultrapassar.
Eu nasci na Primavera
e sem saber bem quem era
cheguei ao fim da descida.
Não fui ninguém especial,
não interessa,
não faz mal,
vivi com alguma pressa
mas fiquei agradecida
porque afinal,
nasci...e vivi a vida!...
Esquece!
Se a tua sensibilidade
anda longe e arredia,
se não sentes a saudade
que vive numa poesia,
se não lês no meu olhar
o romance que escrevi
ao longo da minha vida,
descrevendo o que senti
ao ver o céu e o mar...
Se o sol é só uma estrela
e a natureza tão bela
é só o sítio onde vives,
ganhas dinheiro e decides
como ganhá-lo amanhã,
então, amigo, lamento,
não tens uma alma sã,
não sabes o que é o amor,
não ouves cantar o vento
não sentes perfume da flor...
Ao olhar bem para ti
só sinto dentro de mim
uma vontade enorme de gritar,
de te acordar,
mas sabes? não vou esquecer
nem deixar arrefecer
esta chama que me aquece,
e ao ver-te adormecido,
choro e digo p´ra comigo
Esquece!!!
PARABENS POETISA NANDA
PARABÉNS QUERIDA NANDA
PELO TEU ANIVERSÁRIO!
PARABÉNS POR SERES
UMA GRANDE MULHER!
PARABÉNS PELA AMIZADE
QUE NOS OFERECES!
PARABÉNS PELO CARINHO E AMOR
QUE AOS "DIFERENTES" TU CONCEDES!
PARABÉNS PELA LUZ
COM QUE ILUMINAS A VIDA!
PARABÉNS POR SERES QUEM ÉS
QUERIDA AMIGA!
MIL BEIJOS E VOTOS DE UM DIA FELIZ!
Nostalgia...
P´la janela do hospital
vejo a praia,
vejo o mar...
É Outono,
noite comprida,
sem sono,
sem vida...
Só meu pensamento voa
e vai pousar junto à proa
do navio que passa ao longe
(e não me leva!...)
Espero até de manhã,
mas a espera é triste e vã...
Nasce o sol, é madrugada,
pegadas de gaivotas caminham na areia,
ouço o murmúrio do mar,
e amargurada,
peço-lhe p´ra me abraçar...
É a brisa que me beija
e deixa minha alma cheia
de memórias.
Lembro-me de tantas histórias
a que não dei importância
e hoje vejo a distância
que não posso percorrer...
E tenho tantas saudades!
E queria tanto viver!
Mas aqui neste lugar
tendo por companhia o mar,
todas as minhas verdades,
o ceu e o pensamento
será bem vindo o momento
de partir p´ra não voltar...
O quadro que o Rui pintou
O quadro que o meu filho Rui pintou...
Na parede do teu quarto
há um quadro pendurado
que tu pintaste.
Todas as noites, ao deitar
fico para ele a olhar
e a recordar
o dia em que m'o ofereceste
e naquilo que disseste.
Pintaste o céu e o mar,
tudo azul,e o sol ao lado.
No meio, um barco à vela
só com uma janela,
subindo sem vacilar
num mar muito inclinado,
a navegar...
O quadro foi à exposição,
-Bonita composição,
disse o júri, e perguntou
porque é que o barco subia,
mas tu nunca respondeste,
disseste que era segredo,
nas a medo,
ao meu ouvido,
disseste muito baixinho,
quase que comprometido:
-Eu a ti vou-te contar,
o barco vai a subir,
lá dentro vais tu e eu,
vamos os dois descobrir
o caminho para o céu...
Que nome tem esta estação?!
Quando se tem vinte anos
todo o dia é primavera,
aos trinta,
vive-se um intenso
e belo verão,
mas quando chega o outono
já não se é o que era,
passam quarenta, cinquenta
e vive-se outra estação,
um tão tempestuoso inverno
que se acredita que a vida
sai do céu, chega ao inferno...
Então,
é nesta estação
que se ganha a ansiedade,
vive-se na melancolia,
anula-se a cumplicidade,
passa um dia e outro dia,
apaga-se no peito a chama
que arde no coração,
pois não sabemos quem é,
nem sequer como se chama
esta tão velha estação
de quem ninguém sabe a idade...
Para a Ana
Quando os buracos te apareceram no caminho,
Tu aprendeste a voar,
Quando a vida me tirou a alegria,
Eu aprendi a sonhar.
E talvez que o sofrimento
Proporcionasse o momento
De nos termos conhecido.
Dos voos da tua ansiedade,
Dos sonhos da minha verdade,
Do silêncio que tu dizes ter ouvido,
Da certeza que eu juro ter sentido,
Da comunhão dos nossos sentimentos
Da poesia que nos leva com o vento,
Pelos sonhos e realidade,
Nasceu, por felicidade,
Entre nós,
A verdadeira amizade.
Obrigada Ana!...
celia
Teu coração parou
Teu coração parou
Tua mão se estendeu
A pedir ajuda...
A vida acabou.
Meu corpo tremeu,
O medo apareceu,
Senti-me a miúda
Com quem tu ralhavas,
Mas a quem tudo
Ensinavas,
E acima de tudo
Amavas...
Fiquei sem viver...
Não te dei a mão,
Não te abracei.
Não pedi perdão,
Nem sequer chorei.
Então inventei
Que eras um anjo.
Vi-te subir ao céu
Envolta no véu
Da minha saudade
E fiquei à espera...
É dia da mãe,
E tu onde estás?
Voltei a inventar.
Achei que tu eras
A pomba da paz
E vi-te voar
Por cima do mundo,
Mas o mundo não quis
Que voltasses p´ra mim,
E eu desisti,
Nunca mais te vi...
Não sei mais o que inventar
P´ra que te veja voltar,
A abraçar-me,
A proteger-me,
A sentar-me no teu colo,
A ouvir dizer
Até adormecer
Como te quero!
SER MÃE
Ser Mãe
É semente de trigo
Que deu pão,
É árvore que deu o fruto
Do amor,
É ternura,
É ventura,
É emoção,
É sofrer para viver
Sem sentir dor,
É o acalmar do mar
Revolto e inseguro,
É dar ao mundo
A continuidade e o futuro,
É dar a vida
A um ser doce que nasceu,
Ser Mãe,
É o mais lindo poema
Que o poeta já escreveu!
O moedinhas
Calças largas
Já um pouco enxovalhadas
Camisola às riscas verdes
Do Vitória
Boné vermelho
Já velho
Sem memória
E botas grandes
De solas esburacadas.
Firme no seu lugar
Da Avenida
Estátua de carne
Que quer ganhar a vida
Para a ir perder
Na compra da desgraça
Que além, naquela praça
É vendida às escondidas.
A mão faz sinal para arrumar
O carro p´ra quem
guardou o lugar.
Só baixa a mão
Ao receber a moedinha
E diz então
A quem a dá:
"Fixe,pá,obrigadinha"!
Conta as moedas
Que tem na mão
E corre,apressado,
Parece esfomeado,
Sente-se muito só,
Mas não vai comprar pão,
Vai comprar pó!