Poemas, frases e mensagens de teresamaria

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de teresamaria

borbulhante

 
borbulhante
 
nesse borbulhar sem som

ouvia o tempo chamar

nesse borbulhar com fundo de cor

ouvia o tempo gritar por mim

sentia o tempo passar

parada no tempo

fixa no borbulhar

só te via a ti

sentada em pedras duras

suavizavam

com o teu meu pensar

borbulhante esse bocadinho de mar

descansava-me no seu silêncio fantasma

descansava-me não ouvir e sentir que o tempo me deixava voar por ali

sentada ali nessa pedra dura

fixava o borbulhar

fixava-me em ti sem som

perdida nessa beleza

de harmonia e cor

em silêncio sem barulho

o tempo deixava-me sonhar

fixava o borbulhar desse bocadinho de mar

enquadrado numa visão singular

o tempo deixava

esse borbulhar nunca acabar

por instantes o tempo

eternizou o teu borbulhar

naquele bocadinho de mar...

teresa/2009
 
borbulhante

como goteiras

 
 
as suas palavras soavam como goteiras....como gotas pequeninas



com um barulho pequenino



"se calhar ...agora ...quero viver sozinho...."



---se calhar??---

depois de tudo

se calhar



de noite .... ao ouvir .... tinha que decidir

que mais não

mais do mesmo

sempre mais do mesmo...

e depois de tudo arranjado

depois da casa nova já nesta cidade

no lugar escolhido...

com as tais coisas novas



que nos iriam fazer felizes

depois de tanto correr...



um dia ...assim vindo do nada ...uma noite qualquer...



palavras como gotas no meu ouvir...



"se calhar agora...quero viver sozinho...nunca vivi sozinho...se calhar ía ser bom para mim...."



nem percebi se naquele olhar se espelhava a consistência das palavras

dizia-o numa espécie de torpor

de quem quer zarpar com âncora



--- não está seguro do que diz....mas diz! não importa o que tu pensas..o que tu sentes...ele diz porque quer dizer.... só isso sem pensar em mais nada, sem pensar que degolava sonhos a sangue frio...----



dizia e ...só dizia...



--- mas porque me diz isto agora...? até percebo que queira passar pela experiencia de estar só.... verdadeiramente entregue a si mesmo.... até lhe pode fazer bem ---



sem palavras....

"tens a certeza que é isso mesmo que tu queres...?"



pergutava-lhe com terror e desespero nos meus olhos



ele de olhos baços e distantes ....



" sim tenho. Se quiseres eu amanhã procuro um sítio para ir...."

sem convicção



penso que adivinhava a minha resposta



"não! eu vou ...e vou já! "



de repente arrumei tudo

e eu sem perceber a "arrumar"

de repente arrumei todas as minhas coisas essenciais

em sacos grandes de quadrados



sacos não quero mais ver na vida...



de repente quase sem respirar ...

olhava-me

comprometido...atónito...triste ...satisfeito...triunfante...arrependido...magoado...surpreso...



e nesta mistura de olhar...

eu sem palavras...ouvia as dele como um goteira



"se calhar ...agora ...quero morar sozinho..."



marioneta sem fios ...fiz o que pensei ser o melhor



mais uma vez e em tempo de instantes..meti tudo dentro do "senhor do bem"

quase sem dizer mais nada



" queres que te ajude a por as coisas dentro do carro?"

nem sei se era cinismo...nem sei nada



"não!"

"vou para casa dos meus pais...depois venho buscar o resto..."



já habituada a não saber o que acontece no momento ..no instante...no dia a seguir



olhando-o no fundo dos seus olhos

disse-lhe



"adeus!! "



---ninguém avisa um último adeus...---



sem beijos nem mais despedidas...segui depressa

saí dali jurando não voltar nunca mais....



passaram dias ...

passaram noites



eu sabia que ele precisava de mim....

e o que eu precisava dele...





voltei...

voltei semanas depois ....

porque me pediu

porque me precisava

poruqe o precisava

depois de horas de desabafos ...confissões...segredos que nem se partilham



acreditámos que tudo era amor



voltei....

voltei feliz ...

não tinha ainda começado o Natal....a épocazinha



voltei porque quis ...para aquela casa nesta cidade...que era a minha...



voltei...para passar um inverno gelado...que eu teria que aquecer



voltei para ficar contigo

Teresa Queiroz
2009





ampulhetas1@sapo.pt
 
como goteiras

Inconfortavelmente...

 
olhas o matiz do cinzento que... de dentro de ti

se transporta para o céu grisalho

confortavelmente não te queres sentir

não sentes a luz de outros céus

e nessa beleza matizada

hipnotizante da nostalgia que mora em ti

essa que não saí de ti...

funde-se com este olhar o céu

confortavelmente não te queres sentir

confortavelmente desconfortado

imaginas-te

com raios de luz

e

contemplas o conforto incolor dentro e fora de ti

confundem-se

confundes te com o grisalho anilado do céu

respirando toda a sua mensagem

continuando assim...

só em ti... te confundes sempre

confortavelmente

perdido em recantos cinzentos

que teimosamente não queres colorir

olhando o céu alimentas o teu nada sentir

anulas o teu querer

confortavelmente olhas

sem esforço de ver

sem nada dizer

sem querer mais ser ouvido

daí de dentro te isolas com essa nostalgia que alimentas de paisagens grisalhas

céus imensos que te conduzem e te ditam

o que confortavelmente te alimenta

um dia ...quando mudar o céu

um dia qualquer...

inconfortavelmente dormirás

para acordares novamente inconfortavelmente

nessa maneira

que um dia escolheste como tua

essa maneira que confortavelmente não partilhas

inconfortavelmente

te confortas sem som

te confortas na beleza do grisalho do céu

teresa/janeiro 2009
 
Inconfortavelmente...

hide in your shell

 
 
e sempre sempre que te pensava ... via-te num caminho lilás

na tua concha que difarçavas com ondas e areia

numa sombra te via...



quando o olhar já não queria dizer mais nada

sentia-te preso

não consiguindo abrir-te

tentando com uma faca ...com os dentes

partir a concha

essa concha que mesmo de sorriso aberto mantias fechada



não podias

não querias



.... nem eu sabia porque a queria abrir...



não te conhecendo por não deixares

ía descobrindo o que conseguia ver para lá desse teu caminho



tentando perceber ..acreditando que agora já estarias mais livre da dura concha que te encerrava

..........................................



talvez hoje não tivésse feito assim...

como fiz e como tu previas que faria

talvez hoje eu te deixásse tranquilamente fechado na concha ..naquelas simples conchas que eu apanhava na praia....

talvez hoje eu tivésse deixado que seguisses esse caminho lilás...



não te encontrava



talvez hoje eu tivésse percebido que a liberdade que não sabias usar ..era mais do que ar,

era mais do que luz



era mais do que se pode ter para viver



talvez hoje eu não tivésse deixado que deitásses "coisas" fora

tuas "coisas"

nossas "coisas"



teria percebido que deitavas fora tudo o que não querias



materializando tudo num acto que mais tarde nada seria...



esperando assim que dentro da tua concha ficásses mais tranquilo..

talvez hoje eu tivésse prcebido que só querias voar

talvez hoje eu te tivésse deixado ser quem querias ser

mesmo não sabendo o que serias...



.....................



"não te preocupes.... minha querida...não vais ter nunca mais de voltar lá abaixo!"

"eu trato de tudo..eu faço a mudança toda e trago as "coisas" para cima"

passava as suas mãos na minha cara...



eu ouvia sem conseguir perceber o que deveria fazer,,....

não querendo eu voltar lá...aquela casa onde as gaivotas me apareciam todas as noites na minha varanda para sossegar a solidão

não querendo voltar aquela imensa casa....

olhava-o... e apática dizia que sim...



mesmo sabendo como se iria sentir lá sozinho



mesmo sabendo o que iria sofrer ao acabar com tudo o que era lá...

mesmo sabendo que desejava ...voltar a viver uma outra vida qualquer

mesmo sabendo que não sabia qual a vida que queria viver



deixei que fosse só...para arrumar tudo

para se arrumar

para abrir a sua concha

mesmo desesperando

estaria melhor



" sim...está bem...vai sim... eu não sou capaz de lá voltar..."

dizia-lhe ...afastando tudo o que me trazia aquela imensa varanda

onde a minha Lua Amarela se calhar ainda por lá espreitava



foi



decidido

demasiado decidido , demasiado confiante nem sei de quê

tanto eu sabia o que ele precisava de estar só...



foi e arrumou tudo como soube na altura

arrumou tudo como lhe fez sentido

abrindo a sua concha só fez o que lá de dentro ,,,de dentro dessa concha ... lhe disseram para fazer....



eu esperava que voltásse sem dia nem hora para voltar

mais uma vez continuava assim á espera

desta vez com esperança de que tudo iria começar de novo..

no novo ano ...nesse ano novo



não desfazendo a teia..não desfazendo o seu novelo...não entrando na sua concha

na concha onde se escondia

nem espreitei...

esperei sem perguntar....





chegou dias depois...

demasiados dias depois...



" já está a mudança feita!" disse-me sorrindo

"agora vamos começar tudo de novo! "



dizia euforico...e inseguro



"sim... e onde estão as coisas...?"

peguntava não adivinhando a resposta



"as "coisas" estão todas no lixo...!!!"

"deixei tudo lá em baixo no lixo....sabes aqueles contentores que estavam ao pé de casa? ...ficaram cheios de sacos pretos de lixo...."



"mas ...deitás-te tudo fora ?"

eu sorria nervosa

baralhada sem saber se deveria ficar contente ou não....



"sim...foi tudo para o lixo...são só "coisas" não vamos precisar daquilo para nada!"

"andamos agarrados a "coisas"..."



sorria-me e olhava-me com os seus olhos sem cor...



sorri...de lágrimas a saltar dizia-lhe que sim...



são só "coisas" vamos começar tudo de novo



agarrada com força a tudo o que eu pensei que tudo quizésse dizer..

esqueçi as "coisas"



afinal nós eramos a vida ..

as "coisas" não....



e....sem os nossos livros ...as nossas músicas...as nossas mobílias....íamos criar outros quereres

...íamos ter outras "coisas"



feliz...senti-me feliz

porque ele tinha deitado fora todo o meu e o seu sofrimento

não reparei que se fechava mais uma vez na sua concha



que eu não abria
 
hide in your shell

o amor adoeceu gravemente

 
o amor adoeceu gravemente
 
preso por arames

esse amor adoeceu gravemente

de tanto sentir rompeu o coração onde morava

de tanto pular

rir

brincar

chorar

gritar

de tanto crescer...

rasgou o coração

esse amor

e

de tanta emoção...

esse amor

esse enorme amor

que já não cabia nesse coração...

adoeceu gravemente

sem força

já não pula

sem vontade já não ri

deu lugar ao vazio

no coração que rasgou

no coração que morou

de tão vazio zangou-se de ser amor

de tão doente zangou-se com o coração onde morava

preso por arames

mudou de direcção

já não pula

não brinca

nem ri

em todos os minutos que passam

fica mais triste

mais magro

já não se alimenta de nada

esse amor adoeceu gravemente

e gravemente confunde os sentires

gravemente se opõe ao que um dia sentiu

esse amor adoeceu gravemente

quer curar-se dessa dor

deixou esse coração rasgado

quase sem nada

preso por arames

costurado com linhas de esperança

hoje esse amor já não mora nesse coração

porque hoje esse amor

só tem vontade de ser ódio

porque ódio...

é quando o amor adoece gravemente

mas...

ainda há tempo e esperança...

vamos curar o nosso amor!

enche-lo novamente de alegria

tão enorme

que um dia terá que morar

não só num mas em dois corações!

costuramos esses corações com linha forte de esperança

alfinetes de alegria

botões de ilusão

salvamos o amor

que gravemente doente se vai transformando em ódio...

teresa/janeiro2009
 
o amor adoeceu gravemente

nas tuas mãos ...marioneta

 
nas tuas mãos ...marioneta
 
em tuas mãos marionetas
mãos suaves de quem conduz fios de amor
hábeis
em tuas mãos ...
marionetas vivas de sentimentos puros
dedicadas a ti
puxas...
marionetas que só se reconhecem ..em tuas mãos
nas tuas mãos vivem
com tuas mãos fazes viver marionetas
de encanto
marionetas despidas de si
marionetas pensadas por ti...
criadas dentro do teu eu
nas tuas mãos ...marionetas de amor
presas com fios de dor
tão inseguras ...marionetas sem ti..
fios de brisa inconstante
nas tuas mãos ...marionetas de desejo
que manipulas habilmente ...com amor
habilmente ..tocas
puxas
partes
embaraças
rompes
....
os fios que tem prendem a elas
os fios que te prendem ás tuas marionetas
não sabendo ...
brincas...
não sabendo dás-lhes vida plena
habilmente...com tuas doces mãos
movimentos perfeitos
levantas.... deitas...
fazes sorrir marionetas
...fazes chorar marionetas
...fazes viver marionetas tuas
marionetas presas a ti por fios inquebráveis
fininhos
agudos
e insistentes
fios teus
criados por ti
...nas tuas marionetas
que vivem
que ensinas a amar ..a viver
um amor de vida de marioneta
...como uma marioneta vive para o seu manipulador
...para o seu dono
...o seu mestre de sentires e movimentos
marionetas ...em ti
marionetas para ti
nas tuas mãos marionetas
que amam
a quem lhes dás o sentir mais apetecido de quem vive
nas tuas mãos...marionetas que vivem a maior emoção existida
marionetas que choram
que riem
que amam
marionetas com dono
marionetas sentidas de ti
em tuas mãos..... marioneta

teresa/ janeiro 2009
 
nas tuas mãos ...marioneta

embaciado

 
embaciado
 
quando te vejo...

embaciado já

por trás de nada ...

salpicado de vida em gotas de água

salpicos em ti

vivias momentos de salpicos...

embacias...

quando te vejo sem te ver

no fosco que me separa de ti...

quando te vejo assim

embaciado

embaciado pela solidão

em que te confortas sempre

eu...daqui

já não te consigo ver

já não sinto a vida em ti...

por detrás de nada ... e se nada se vê

se tudo se embacia em ti...

escondido

em sombras que fabricas

não te deixas ver

não te queres sentir

nunca

salpicas sempre...

as gotas dizem-me que houve vida aí

que um dia já eram mais que gotas

que as gotas se transformaram em rios que bebias

já não deixas entrar as gotas que te davam de beber

que um dia te fizeram viver

e que a mim... me

davas a provar

um dia o sol desambaciou ...

essa parede

que embacias

constantemete embacias...

com a tua solidão

embaciaste

solidão de ti...

solidão de mim...

já não bebes essa água

não vês através daí

daí dessa fosca solidão

que te prende a ti

que te desprende de mim

te desprende dessas gotas...

que do lado de lá não podes beber

já embaciado te vejo...

por detrás de nada

embaciado nessa louca solidão...

teresa/janeiro 2009
 
embaciado

entrelaçando-me ...em mim...

 
 
entrelaçando-me em mim
só em mim
no fim do final só nos entrelaçamos em nós
não em dentes nem roldanas que encaixem na confusão dos nossos entrelaços
um tempo inteiro tentando entrelaçar com fissuras em roldanas...que não servem
no fim do final
entrelaçamo-nos em nós
só em nós
desde sempre é só em nós
existe um lugar aqui...
em que os entrelaços são breves e doiem a encaixar
no fim do final não haverá entrelaços puros
não haverá entrelaços suaves ...que deslizam
no fim do final entrelaçamos sempre em nós
únicos detentores dos dentes ..rodas... e espigões que encaixam
encaixam sempre em nós no fim do final
no fim do final não há irmãos de armas com encaixes perfeitos
no fim...contamos sempre com o nosso perfeito encaixe
perfeito que nos atormenta
perfeito que não encaixa
de tanto tentar entrelaçar
desenlaçamos sempre
laços sem dois fios
no fim do final...
não te enlaças ...não te entrelaças em mim
no fim do final..
tal como eu só te entrelaçs em ti
posted by Teresa Queiroz
 
entrelaçando-me ...em mim...

Imperceptivelmente

 
e na fúria de tanto analisar
na fúria de tanto querer
na fúria de tanto tentar perceber-te
na fúria de tanto me tentar perceber
me esqueço
que o imperceptível existe
existe só para percebermos
o que é perceptível
na fúria de tanto querer
perceber
perceber tudo
para não temer
no medo de temer
nos esquecemos que não temos que perceber o imperceptível
com fúria nos travamos batalhas inglórias
porque o imperceptível não se deixa nunca perceber
e nos sussurra ao ouvido quase sem percebermos ouvir
estou aqui...e vou existir
só para me comparares ao que te esforças para perceber
e percebes
na fúria de perceber o imperceptível
nos afundamos
em tempo
no tempo
esse que gastamos para perceber o imperceptível
não temos que perceber
esse não perceber que assusta
tem que viver
dentro de nós
e um dia sem querer
sabemos que não o vamos perceber
ou simplesmente
não desistindo....
percebemos que existe o que há para não perceber
imperceptíveis sensações
imperceptíveis espasmos
imperceptíveis razões
imperceptíveis paixões
imperceptíveis amores
existem
para percebermos os perceptíveis
na fúria de tanto querer perceber
não percebemos
o que não tem que ser percebido
já sem fúria....
calmamente ..... já não queremos perceber
teresa/janeiro 2009
 
Imperceptivelmente

entrar..para sair

 
entrar..para sair
 
tens que entrar

para um dia poderes sair

ou ficar...

mas tens sempre que entrar

para ver como é

para sentir o que é

para amar ou odiar

detestar ou adorar

um dia tens que entrar

ficar o tempo que o tempo te mandar

mas ...

um dia tens que entrar para sair

ou ficar...

mesmo não encontrando essa porta essa porta de saída

lembra-te sempre onde ficava a de entrada

porque para saíres ...tens que entrar

para viver tens que entrar

no caminho por trás da porta

trilhas a tua saída

quem sabe

se não encontras

clareiras quentes

aconchegantes

belas

apaixonantes

que te vão deixar lá ficar muito tempo

até saíres

amores

que te deixam ficar

o tempo

que o tempo quiser

mas tens que entrar ..para sair

vais ter que entrar

e um dia....

qualquer dia

num tempo qualquer

mesmo depois de saíres

na altura que o tempo quis

um dia

podes entrar outra vez

pensando que não vais sair

mas que ...

para sair vais ter que entrar outra vez

numa porta qualquer

entra sozinho

sem medo.... entra

para poderes sair

e um dia

se um dia saíres

quando saíres ...

saí sozinho

Teresa/2009
 
entrar..para sair

uma carta de amor...como outra qualquer

 
uma carta de amor...como outra qualquer
 
uma carta de amor como outra qualquer











Às vezes não faz sentido o que sentimos…


mas falo-te do grande amor da minha vida ….que de bom tem o dobro que eu aqui relatei de mau.


Falo-te de ti …assim com esta crueza


Não salvei o que se calhar nunca tinha existido plenamente….. por isso mesmo nada poderia haver para salvar.


Não foi o amor…não salvei o que mais queria.


Não pensei em mim…quase nunca pensei em mim, eu não precisava de nada …eu só tinha que salvar não sei o quê….


Sabia o que fazia .. só não sabia o quanto tudo isto me poderia destruir.


Ao parecer tão ridículo só lhe podemos chamar amor.


Talvez lhe possamos chamar "amor" ….. gosto de acreditar que sim…


Aceitei tudo…em nome de não sei quê


Aceitei mentiras com igual consciência, deslealdade e traições de ânimo leve.


Aceitei manipulações, perfeitamente consciente que as estava a aceitar.


no fundo nesta coisa tão complexa….eu só quis dizer que te amava …e que sempre te amaria


Escrevia-te para te ir lembrando que existia, para te dizer o quanto já me tinhas feito feliz, e o quanto conseguiste destruir a minha felicidade…o quanto me tinhas feito feliz


Escrevi centenas de mensagens que não tinham resposta


assusta …porque dentro do meu peito nunca foi assim.


empedrou…


O meu peito calcinou


E que me tinha perdido a mim …neste sugar de sentimentos…nunca mais me levantaria do chão…


Achei que tinha perdido tudo …que te tinha perdido, não sabendo se alguma vez te tinha tido.


A frustração de não ter conseguido…foi enorme e destrutiva para mim.


contigo será sempre impossível.


impossível ser de outra maneira ….


Acho que sim que me amas-te…por momentos…em muitos momentos me amas-te, não seguidos nem constantes, sem continuidade …
se calhar não como te amei a ti...
mas os amores não se medem
não se nada
só se sentem...


Andei contigo numa montanha russa sem paragens….e quantas vezes os teus olhos, lindos como só eles, te traíam…. E eu fingia não ver , porque me confortava a mentira.


acreditar que não


Nem sei se reparavas nisso …queria e quero


o mais grave ,é que tinha sempre consciência disso.


Assustei-me muito… asssustei-me comigo..achei que estava incapaz de mim mesma. Eu, tinha acabado.


saltavam ...sem mãos para as aparar...


litros e litros água salgada que me saltavam dos olhos quase sem eu dar por isso…por tudo e por nada…


tendo o amor como causa.


Durante tanto tempo tentei não me afundar totalmente, andei muito tempo sem bóia a ir ao fundo…a vir cá cima respirar e a mergulhar outra vez sem medo


pena de nós….muita….já não quero ter.


pena de mim...pena de ti


Acho que algumas vezes tive pena ..


mas decidi.


Fiquei triste, e nesse dia resolvi que não queria ficar mais triste, como se fosse possível…


E, nos teus olhos, quando os vi, estampava-se o desamor por tudo.


e recebeste-me á porta …á porta da casa... da "nossa" casa



À minha terceira tentativa….abriste



Como já tinhas feito tantas vezes no passado.


para te defenderes nem sei de quê, talvez de ti próprio…mais uma vez só pensaste em ti.... só em ti...


simplesmente não abriste...


Não abriste a porta...


Depois de ter acompanhado estes pico que nem me apetece lembrar ,nunca pensei que a reacção fosse só de desprezo por tudo…por mim …por ti …por tudo


Manipuladoras sem olhar a nada.


depois de tentar entender todas essas reacções ,que nos picos de euforia ,são canalhas ,execráveis ,desumanas ,cínicas, egoístas e hipócritas.


Depois de tudo


um dia qualquer voltasses a dizer que me amavas


Não quero lembrar as horas, os dias ,as noites que passei a pedir nem sei a quem …aos deuses ás bruxas aos anjos….a tudo o que pudesse ser, para que, um dia...



tu ,como um enorme balde gelado …não abriste …


mesmo sabendo…mesmo ouvindo as súplicas ...



eu tinha vontade de o arrancar …


não querias falar comigo mesmo sabendo que o meu coração rebentava e ardia …


Toquei-te á porta..não me respondeste


... se ainda lá estavas…se continuavas a afogar-te em desespero...


Passei os últimos tempos a pensar no que fazias no que pensavas


que não se pode explicar a quem não sente assim, que ninguém percebe, porque também não é necessário que alguém perceba.


tudo sentimento...


porque afinal o que é isso de merecer ..ou não merecer...??!!


acho que sempre o soube, e eu sempre arrumei esse saber para os confins do sótão….


Sabia que não me merecias,disséste-o tantas vezes...
... e eu pensando porque não te podia merecer...


se não olhasse com os teus olhos …se não respirasse o teu mesmo ar



Durante anos, e durante os últimos meses , pensei que não conseguiria viver se não segurasse a tua mão


E não querias ser quem não sabes....


Nem tu sabias que, eras...


Tentei encontrar razões …que não existem…nem tu sabias o porquê de nada


Com indiferença ….. eu não existia. Nunca te tinha visto tratar assim ninguém.


Deixaste de me atender…deixaste de comunicar …deixaste-me da pior forma possível.


Envolto numa penumbra de" loucura "num olhar que não te era igual..


Imperceptível….horrendo e quase desumano.


Incoerência pura!


Disseste que já não me amavas…não me querias …não sabias precisar no tempo….


meses á espera duma espécie milagre...


vivi contigo anos, á espera de te compreender


embora saiba que devo ser a pessoa que o poderia fazer melhor


Ainda hoje não posso compreende


--- aquelas "gavetinhas" que não podemos arrumar ---


Só não podia entrar dentro de ti e" arrumar " tudo…


Mas com uma vontade imensa de fazer muito mais.


já na primavera tinha consciência de que mais nada podia fazer.


Saí daquela casa depois do último inverno.


cambaleante...adormecias atordoado



É sempre o caminho mais fácil aquele que mais apela ao acto imediato.


na tua doce fraqueza …desististe


O reconhecer tudo o que se passava, e tantas vezes não havia razão... deve ser um processo difícil , assustador e confuso


Engano… (???)



Nessa altura eu pensei que tudo melhoraria…por tudo.. e apesar de tudo.


E assim se passaram meses. Meses em que vivi para te segurar, em que caminhei com força, para não te deixar cair.


Eu achava que te tinha que aquecer...


Eu tentava encontrar calor para aquecer tudo, eu achava que tinha que aquecer tudo.


estavas gelado.


não posso saber, nunca pensei que fosse tão doloroso…eu não sabia nada …mas sentia que parecias perto dum final qualquer… naqueles meses de frio…


Não sei exactamente o teu sofrimento ...


Eu sorria, limpava-te o turbilhão de lágrimas que te corriam pela cara e me molhavam as mãos.


Em mim procuravas um rastilho para seguir …senti isso quase todos os dias no último inverno.


Dizias-me isso, nessa altura, com sinceridade. Toldado pela tua infelicidade tão própria.


E não estavas a saber lidar com isso mesmo.


dizendo que não tinhas mais ninguém no mundo, que estavas sozinho que sempre toda a vida te sentis-te sozinho. E que era eu a única alegria que e ainda podias ter.


Lembro-me que agarravas,com força, ás minhas mãos


Mas sentia que compreendendo o que se passava, era mais fácil lidar com tudo isso.


em fazes baixas quase se mata de tanta inércia e de tanto desacreditar.


Não é fácil, lidar com alguém ,que


Recordo esses dias…e lembro-me de ter feito de tudo o que humanamente se pode fazer.


se calhar... já não estás…


agora...


Afundado em ti próprio, numa espécie de "loucura"que um dia…,estiveste disposto a aceitar …


suplicantes…uns olhos que não chegavam para dizerem tudo o que sofrias…


doentios ,baços


com os olhos vermelhos de choro e desespero


Tinhas passado ali todo o dia ,inerte


Encontrava-te ,a ti , invariavelmente deitado na cama ,o quarto escuro.


antes de abrir a porta …sabes?
...porque eu sabia o que ía encontrar.


Por vezes congelava .. tantas vezes..


Aceitei o teu amor...quando o me querias dar...
 
uma carta de amor...como outra qualquer