A vida é sempre inédita
Ao acordar vejo a chuva
Não é a mesma em dia nenhum
Ela cai de uma nuvem também diferente
Refletida de um céu de azuis desiguais...
Quer saber? …
Hoje também serei diferente como a chuva]
Vestir-me-ei do colorido das mariposas
Arriscar-me-ei seguir outros caminhos...
Porém, não sem antes sob o céu,
Dançar como uma insana!
Experimentarei em cálices,
A supravitalidade contagiante
Degustarei os poemas de Maiakóvski
E petiscarei o diferente das diferenças...
Nada mais em mim será trivial
Ou igual às manhãs de meu café com leite
Sairei quebrando todas as rotinas
Porque em verdade, elas são só minhas escolhas...
Lufague
TERRA ! (Dia Mundial do Planeta)
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Sou mulher, sempre prenhe...
Prenhe de vida... sou fêmea,sou mãe
Porque meu ventre é acolhedor
Tudo em mim é semear, é germinar
Minha sensualidade é úmida, úbere
Quando banhada de águas e maresias
Perfumada de verdes seivas,
Sou tão imensa quanto fecunda
Minha sensibilidade é arrebatadora
Minha natureza pode ser temperamental
Quando me revolto da cobiça do filho homem,
No descuido da fauna, da flora de seu bem viver
Renovo-me em temporadas das estações...
Meus grandes aliados, o tempo e o vento
O que me fertiliza, à luz do brilho do mais que amante sol
De grãos fecundados de mim, brotam à vida...
Vida quando matéria efêmera acolho em seu decompor
A torná-la semente fecunda, a fazer brotar, a renascer de mim, porque sou abrigo, sou ninho, sou ultimo refúgio.
Lufague
DO ENVELHECIMENTO...
Repensando a máxima que aos “quarenta anos somos a velhice da juventude e aos cinquenta anos somos à juventude da velhice”, dou-me o prazer de entender que o tempo tem como missão factual os ensinamentos inerentes à vida e com a idade aprendemos por vontade, coragem, atitude ou até mesmo efeito osmose. E com isso criamos e recriamos nossos valores e até desenvolvemos e ganhamos em aptidão, em capacidades.
Ganho a capacidade de entender a implacável ação do tempo na missão de envelhecer e envelhecendo torno-me consciente dos efeitos do tempo que se veste de meu cotidiano, de minha rotina, quando me torno mais amável comigo mesma, em estado ciente de autoestima, não preciso de criticas, censuras, nem obedecer aos sutis mandamentos de deveres já estabelecidos.
Ganho a capacidade em compreender meus direitos e meus desejos e porque não minha corajosa teimosia? Dou-me ao deleite de experimentar a vida, dou-me ao prazer de conhecer à liberdade como doce/maduro fruto do envelhecimento. Dou-me ao agrado de libertar-me das convenções, o dever das justificativas, das satisfações, do demasiado valor que damos ao que os outros pensam de nós, valores que quando jovens utilizamos como prioridades.
Ganho a capacidade de entender que preciso mergulhar de cabeça nas ondas do tempo que faz de meu físico um corpo decadente, mas, em contrapartida lapida com destreza meus sentimentos, minha aceitação no entendimento de que o tempo não privilegia nada nem ninguém. Dou-me ao agrado de compreender meus sofrimentos, minhas dores, minhas decepções, como quereres e ou merecimentos.
Ganho a capacidade de entender que a revelia meu coração pode ser partido pela ação do tempo em conseqüência dos relevantes acontecimentos, mas, dou-me a satisfação de conhecer a imperfeição, o prateado de meus cabelos brancos, os sulcos tatuados das marcas de expressão de meu rosto em total paradoxo que me “enfeiam” e me embelezam de experiência sábia.
Ganho a capacidade de negar com veemência a negatividade da vida, por entender ser absoluto tempo perdido, e o contentamento de compreender que o tempo que nos resta é contabilidade transcendental e a principal moeda dessa barganha vida/tempo é o ganho liquido, Felicidade!
Lufague
Sol de Reveillon
Há ainda no céu resquícios coloridos
como artifícios de uma promessa...
Toda jovialidade desse tempo meigo
que parece iluminado de esperanças
[Como uma paleta de cores,
pronta a colorir o esboço
de uma vida bela.]
O dia tem semblante de alegria
seus olhos brilham ingenuidade
por entre prismas, o sol a banhar-lhe
a exalar o aroma florido suave de alecrim.
Nessa bela síndrome da etérea visão que divaga
por entre lentes cor de rosa.
Lufague
Eternas Valquírias
Cotidianamente somos Valquírias,
metamorfoseadas de comuns mulheres
Originalmente virgens e guerreiras,
donzelas que escolhem seus heróis.
Somos borboletas a germinar, integrando a vida
sobrevoando, vigiando as batalhas do dia a dia
numa rotineira peleja ferrenha
Cavalgamos em nossos saltos alados
vestidas nas armaduras de nossas lingeries
continuamos a ser espetáculo impressionante
mesmo a revelia do machismo de nossos heróis.
Somos pura sensualidade
seguimos provocando relâmpagos e trovões
vestidas de volúpia, inteligência e sabedoria
Em nossa essência de guerreira
serenamente travamos luta contínua
na busca de nossos direitos
evitando ser servas de Odin.
Temos a doce intenção
de formar com nossos sonhos,
nos reflexos de nossos escudos e lanças de atitudes,
todo resplendor da aurora boreal
Lufague
13/12/14
O amanhã não é para sempre.
(#)
Ah esse tempo ingrato,
que resolveu materializar-se em mim.
Tatuando-me a estética da velhice,
descorando minha juventude.
Minando-me a resistência, a capacidade.
A desestruturar minha arquitetura.
Degenerando-me os desejos, as cartilagens.
Atrofiando minhas papilas, em vontades e sabores.
Embaralhando e deletando em lapsos meus conhecimentos.
A realçar minha consciência de finitude.
Cruelmente revelando-me quão ínfima
e obscena me foi sua quantidade.
Eu, perecível produto cultural.
Pessoa ignorada,até marginalizada,
Inútil e carente em minha senilidade.
A exalar cheiros de remédios,
tão orgânica como os sábios livros velhos, ácidos e morfados.
Cheia de rusgas e manias,
sem os ímpetos do entusiasmo perdidos na longevidade.
Na lentidão dos gestos, que não permitem-me apreender...
A beleza do sonho a tirar sons da lira.
E essa oculta insatisfação do espírito,
na contramão de um tempo não linear.
Tão repleto de espontaneidade,
como se ainda fosse criança.
Em contraponto minha franqueza desenfreada,
despindo-me da comum hipocrisia.
A dizer sinceridades, mesmo que seja aos ventos...
O liquido direito de não aceitar ser desrespeitada,depreciada,infantilizada
ser um peso, ou um nada.
O íntimo desejo de não ser apenas uma leitura inacabada...
Como a expressão do tempo, fases , ciclos inerentes a todos, de um amanhã que não é para sempre.
[Ou a absoluta certeza que viver é a melhor idade.]
Lufague .
Pisando sobre as folhas de outono
Estou no tempo que precede a velhice,
No amarelar das folhas….
Que suavemente tombam sobre a brisa
Nelas, solto as asas entre o sol e o cinza,
Até alcançar o imaginário de minha lua,
Onde tudo, inclusive o fim, é perfeição!
Onde a natureza é aconchegante,
Mesmo nas horas findas...
Onde a sabedoria se entrega
Ao paradoxo das perdas e ganhos.
Assim me aconchego entre o tempo
Degredo, e o tempo de colheitas…
Onde o céu é madura framboesa
E o calendário só marca recomeços
Através das despedidas…
Onde as folhas melancólicas de luminosidade
Libertam-se coloridas, como se fosse primavera,
E sabem reconhecer no termo a sobrevivência dos ciclos…
Sob meus pés, as diversas tonalidades
Do sagrado tapete macio da transição,
Que suaviza de criança esperança
O meu olhar de outono!
Lufague
EM DUETO, ARREPIO SE FEZ!
No abraço de poemas
Dueto em amor/amigo se fez...
A palavra acariciou o verbo.
O verbo excitado penetrou os sentimentos
Os sentimentos em fascinação...
Deles cintilaram versos.
Versos que provocaram arrepios da tez
Tremuras sentidas das rimas, à perfeição
Em unidade rítmica da mágica poesia...
Palavras em versos permitem-se
Em indireta sutileza...
A volúpia dos sentidos.
Lufague.
SENSAÇÃO PLENA DO TEMPO!
Vi o tempo implacável
Materializado da degeneração
Física da velhice.
Vi o tempo eternizado de pretérito
No esquecimento das lembranças...
Vi o tempo de perecibilidade
Extinguindo-se de natureza viva em morta.
Vi o tempo oxidado
Saturando em ferrugens os sentimentos.
Vi o tempo recôndito
No desabrochar oculto de uma rosa,
No secreto crescimento de uma procriação
Vi o tempo calado
Impregnado de silencio
No isolamento da solidão.
Vi o tempo esperançado
Imbuído de expectativa
De fé e confiança
Em desejos de realização
Vi o tempo consumado
Na batalha diária da vida em luta.
Vi o tempo sôfrego
Suavemente invadido de descanso
Vi o tempo pulsar
Na percepção lenta da juventude
E fugaz fugitivo da plena maturidade.
Vi o tempo dentro de mim
E me vi dentro do tempo
No espírito da vivencia
No sentido do espaço.
Lufague
Implacável
O tempo perdido na espera do momento perfeito, é implacável, não aceita desculpas...
Lufague