Palavras do Tempo
Do teu lar eu prometo sair;
Não olharei para tras.
Mais juro nunca quis lhe ferir;
Só invejo tua paz.
Você se embriaga para me receber;
Pobre de ti que ainda não notou.
Que fui o primeiro a te perceber;
Somente eu registrei o que a voz não falou.
O meu destino e passar por você;
E sentir todos blasfemarem contra mim.
Se em todas as épocas eu só quis entender;
Por que me julgam tão carrasco assim.
Teu sorriso de hoje, teu sol de amanhã;
Tua ferida curada, tua fé tão pagã.
E ainda questiona por que o tempo te abate;
Imagina – amada – se eu não passasse?
Conhecem aquela musica...”batidas na porta da frente, e o tempo...eu bebo um pouco para ter argumento (...)” interpretada por Nana Caime? Este poema trata-se da resposta do “tempo” para esta musica...espero que gostem!
PARA QUEM AMO
Talvez você não saiba
Que eu já não ligo;
Se a dor me perturba a alma;
Se a saudade é o meu abrigo.
Pouco importa se você não nota
Um dia eu te faço perceber.
Que a boca se entorta;
Se a sua não me receber.
Talvez você já saiba
Que a paixão não cabe em mim.
Que o amor só é conjugado;
Se o verbo não tiver fim.
O que me importa é saber
A cada palavra dita
A cada verdade que se expressa
Que o seu coração palpita.
Talvez todos duvidem...
Mais nós temos certeza:
Que não há distância eterna
Felicidade sem tristeza
Sofrimento sem beleza.
Basta o talvez para saber
E teu sorriso pra iluminar
Basta o que tenho pra te dizer
Que é fácil te amar...
Preciso dizer que te amo...eu preciso dizer que te amo...te amo tanto!
Vontades
Quisera o doce, não enjoar;
O sal não ser tão amargo;
O tombo não machucar;
O visco não enojar o tato.
Quisera a dor, ser mais amena;
A vida menos inconstante;
A saudade permanecer pequena;
A felicidade ser mais que um instante.
Quisera Deus não assistir pecados;
O ódio encontrar seu túmulo;
Quisera o homem repensar seus atos;
A paz ser mais que um vulto.
Quisera...
Quem dera
Eu pudesse escolher!
Despertar velhas quimeras
Quisera eu ter sobre as misérias
O poder de refazer.
Túmulo dos Vagalumes
Ninguém nota mais o tempo enterra:
Muito mais que o passado;
Vai com ele o seu retrato:
Que a memória assim soterra.
Ninguém nota mais a dor abriga:
Algo além das despedidas;
Parte também a esperança;
Que torna a alma mais sofrida.
Ninguém nota mais a rotina mata:
Mais que os encontros casuais;
Perde-se a alegria daqueles dias;
Que amarga os casais.
Ninguém nota mais os anos exterminam:
Além da nossa juventude;
Desaparece a vida num instante;
Que vai para onde Deus a cuide.
Ninguém nota mais a morte vela:
Muito mais além das terras de costume;
Apagando as nossas vivas luzes;
Que origina o túmulo dos vaga-lumes.[/font][/font]
AMOR PLATÔNICO
Meu amor platônico aparece na janela;
Todos os meus sonhos se debrucam sobre ela.
E lentamente a vejo sumir entre a cortina;
Mal sabe o mundo o quanto amo esta menina.
Se na rua sai, tu nao sabes, eu me consumo;
Quando me olhas – Santo Deus – quase nao durmo!
E passa por esta grama tão cinzenta;
Também desfilas em meu peito, oh borboleta!
Mais o que desejo, infelizmente, não e meu;
Pois este presente a vida nao me deu.
Tu eis de outro e este e todo o meu tormento;
Que me faz morto, desgraçado, um ciumento.
Já não resolve censurar o que eu sinto;
Falem o que quiser, parece tolo, mais não minto.
Eu preferia sofrer por ter lhe perdido;
Do que viver chorando por nunca ter lhe tido.
MEUS PÉS
Olhei para meus pés com ternura
Lembrei-me de seus primeiros passos;
Símbolos da minha aventura
Solas de caminhos escassos.
Entre os dedos um tanto de ciscos
Que ainda restam do passado;
Todos eles resquícios
Do que já nao tenho ao meu lado.
Feridas que mal se fecharam
Dedos sem pacto de anéis
Se seguiram as pegadas, jamais encontraram,
A poesia que trago nos pés.
De Tudo
De tudo, o mais difícil;
Foi assumir a minha dor.
Querer curar o meu vício;
Entender o fim do amor.
Mesmo embora eu sorrisse;
Escondendo o meu rancor.
E aplicasse nova droga a minha crise;
Dando ao rosto outra cor.
Não se finge eternamente;
Pois a verdade sempre revela;
O que nos atordoa a mente;
E o que o tempo não supera.
De tudo, depois disso;
Ficou o peito tão dormente.
Na ânsia de ter um ombro amigo;
Vivendo só o de repente.
Maria
Lá vai Maria!
Sustentando a correria
De quem é mãe
Seja noite, seja dia.
Lava, passa, amacia
Se deita e se levanta
Com a mesma paciência santa
Sem o descanso que merecia.
Lá está Maria!
Entregue ao seu serviço
Alimentando sua criança
Dedicada ao seu vício
Vento, sol, granizo...
E veste o corpo a mesma roupa
Na alma a paixão é pouca
Sustentando o simples sorriso.
Lá vai Maria!
Entre becos, ruas
E esquinas
Destruindo a vaidade
Nesta sina peregrina
Que lhe mata
E que lhe torna divina...
Arkádia
Nos teus olhos de medusa;
Senti m’alma petrificar.
Os teus toques de espectro;
Vieram minhas forças retirar.
O calor que tu me deras;
Tirano sopro do dragão.
Abraça-me com asas de quimera;
Leva-me para longe do chão.
De mim te compadeças;
Pois não tenho canto de sereia.
Nem mesmo garras que me apareçam;
Sob a noite de lua cheia.
Enquanto a magia de um feiticeiro;
Faz-me dar o sangue ao meu vampiro;
Sou feliz em um conto de fadas traiçoeiro;
Embalado pelo sátiro e seu sorriso.
Estes titãs que povoam nossos peitos;
Que nos fazem puros como o chifre do unicórnio.
Entes da fertilidade a povoarem nosso leito;
Valquírias aladas que levarão os nossos corpos.
Sono
Canta o galo
E o sono não vem
Deve ter pousado num galho
Espiando a noite de alguém
As horas que passam
E eu a rezar
Para que meu corpo se lembre
De que necessito parar
Os olhos não fecham
A cama e dura!
Os assuntos nao cessam
E a lucidez que se apura.
Onde estara meu cansaço?
Por que não se abate sobre mim?
Terá se cansado... dos meus abraços?
Seria eu... tão desaconchegante assim?