Poemas, frases e mensagens de levyabreu

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de levyabreu

Vergonha de mirar as estrelas

 
Não saberia dizer o que sinto realmente
quando percebo cair sobre nós as luzes do céu.
Borboletas esvoaçando sobre o aroma das flores,
fazendo-me lembrar tristemente
que as estrelas se apagaram na noite tão escura,
entre o furor do nevoeiro insano
cobrindo os mastros e impedindo as gaivotas
de um sobrevoo gracioso sobre as ondas,
mesmo agora que floresceram os lilases
e uma última estrela lança raios até o infinito
acendendo faíscas em minha alma dolorida,
fazendo-me o peito queimar como fornalha.

É na solidão derramo lágrimas escondidas
com vergonha de mirar outra vez as estrelas,
desesperado porque não sofre com minhas lágrimas,
nem se preocupa com os momentos de solidão
que deixou instalados no peito tão dilacerado.
 
Vergonha de mirar as estrelas

Pássaro transitório

 
Na verdade,
a felicidade
foi como
um pássaro.

Pousou,
cantou.
Não ficou!
Encantou
e partiu.
 
Pássaro transitório

Em Sampa, não sei viver diferente

 
Não sei viver diferente
nesta cidade cinzenta
de estupidez e gasolina.
Respirando anidrido carbônico
serei andarilho eterno,
pernas curtas
entre mentes apagadas,
entrementes reminiscências
das avenidas longas
ficam retilíneas se regadas aos vapores
de mais uma garrafa de vinho.

Sob marquises e viadutos,
vejo as plenas verdades
escondidas sob o corte esmerado
do terno Armani sobre a camisa lilás,
suada até o colarinho neste inicio de outono,
nas tabernas da alma,
celebrando com festa
o réquiem de mais um funeral.

No mais, a vida é festa.
Resgatando a nevoa do tabaco,
resistente teia tece a aranha,
na vida recheada de sacanagens
de meninas ajoelhadas
sem culpa soprando trombetas
puxadas pelas tranças
deixando livres as rédeas
sem problemas cavalgando arrojadas
no lombo de um cavalo baio.
 
Em Sampa, não sei viver diferente

Hiato providencial num inverno

 
Depois de uma pausa hiemal,
hiato que queria providencial,
uma estação não trouxe linimentos,
o espírito ainda sofre tormentos
ainda me vejo sob temporais.

Queria ter podido deixar rastros
em todas as gotas do orvalho,
em cada pingo da chuva na vidraça.
Ter deixado rastros de esperança
a cada rolar da lágrima teimosa
insistente em enterrar em cinzas
as tantas noites enluaradas
antes desse agoniado esquecimento ...
 
Hiato providencial num inverno

Na obscuridade de um adágio nulo

 
Queria poder sentir pela janela
a brisa vernal farfalhando a folhagem,
na tarde inundada da tépida aragem,
sonolenta em meu rosto crispado.

Não queria permanecer num casulo
apenas solfejando um versos triste
na obscuridade de um adágio nulo,
sem sequer janelas por onde aviste
tímido desvão nos seus sentimentos
 
Na obscuridade de um adágio nulo

Adônis caído no cais

 
Desde a magia da luz que se deu,
alçando o capuz, fulgindo no breu,
pendão sofrido, fogo de Prometeu,
há um Adônis no cais caído aos sinais,
que se livra da bílis em atos reais.

Muito foi prestado para os mortais,
da sabedoria Eterna muitos sinais,
mas ainda há segredos salvos fatais.
Há um Adônis no cais caído aos sinais,
nas faixas finas do arco iris de gris,
que se livra da bílis em atos reais,
desde a magia da luz que se deu,
alçando o capuz, fulgindo no breu.

Um Adônis no cais caído aos sinais,
saberá que destino do feixe de luz
é responder chamados, inalar os sais,
pintar a cútis com giz de metais,
desde a magia da luz que se deu,
para depois enfim, com o lápis lazuli
alçando o capuz, fulgindo no breu,
pendão sofrido, fogo de Prometeu,
trilhar os caminhos da purificação.
livrar-se afinal da bílis em atos reais.
 
Adônis caído no cais

paixão irreprimível

 
Ainda amo.
Queria ao menos poder
manter silêncio sobre isso,
mas a intensidade desta paixão
é irreprimível.
Me deixa perdido, zureta,
me deixa sem razão,
com ânsias de sair à varanda
e muito louco uivar para a lua cheia.
 
paixão irreprimível

Ao marulhar doce das ondas

 
Ao marulhar doce das ondas,
sentindo a brisa suave,
trilhar o caminho do horizonte
sob o voo inclinado do albatroz.
Aqui e ali choram gaivotas,
impetuosas envidam esforços,
para enfrentar a inclemência do vento.
Deixo-me ficar sonolento
vendo as ondas na praia quebrarem,
Ouço embevecido os sussurros do brisa,
ao longe salta alegre um golfinho,
logo nas profundezas desaparece
como uma seta prata célere se vai.
E quando morre a luz
resta-me ser andarilho pertinaz
vagando através de anseios e sonhos
que não vê o vento das venturas,
sente-o apenas acariciando a alma.
 
Ao marulhar doce das ondas

A última pétala do vetiver

 
Muito abaixo dos patamares do universo,
baixo o ponto de fusão,
apegos vejo à tresloucado verso
criado ele a partir de semi escuridão.

Um mundo em cada um de nós existe,
quando fazemos da mente tavernas,
reflexo de sonho em nada se consiste,
se não sofrer transformações eternas.

E os olhos veem e não podem separar faixas,
durante o dia reprimir anseios mais arrebatados;
chegando à noite, tirar sentimentos de caixas,
incendiando o mundo diante de olhos assombrados.

Incendiado o mundo há quem morra sem saber,
o bem que a felicidade provocou aos sentidos,
a decepção virá depois de desfolhar o vetiver
a última pétala sempre é a dos insucessos vividos.
 
A última pétala do vetiver

Tua alma tem furos

 
à poetisa Ângela

Tua alma linda tem furos!
Em momentos de quietude,
no silêncio vazam pensamentos puros.

É a poesia que concebes na mansuetude
e madura da mente deixas fluir tão bela,
muito me esforço a seguir-te o exemplo.

A cada dia, como sentindo na brisa pela janela,
entre o céu e o mar edificando um templo,
incansável teu voo a deleitar-me com versos imortais.

Percebo o sol desaparecer por trás da montanha
- minha amiga - nesses teus versos magistrais.
Ai de mim! Pobre poeta sem a tua arte tamanha!

De versos singelos compondo poemas sem jeito,
sou poeta que sonha com a inspiração dado asas,
agitando o coração que não está batendo no peito.
 
Tua alma tem furos

Emblemas de beleza magistral

 
Na calada da noite magistral,
surgem estrelas desenhando
emblema da beleza celestial,
como contas de luz jorrando.
Jogadas pelos deuses são pendores,
persistem até romper o sol,
pela manhã desabrochando flores
e inspirando o rouxinol.
 
Emblemas de beleza magistral

Entre os lábios apavorados

 
Sabia que viria como a noite,
esperando tomar-me o sono,
no meio do sonho de um sonho
nas noites brancas de maio.
Melancólica me esperando.
como nuvens pairando nos cumes
das cadeias de montanhas de reflexões
perdidas entre notas e datas
que ouvia imobilizado na cama .

Não podia deixar a boca orar,
enquanto o cérebro ativo
como corrente de aço batendo na brita,
usava para atirar contra as rochas
outras persistentes palavras
para revolver pensamentos arraigados
que eles um dia chamaram de sentimentos

Sabia que haveria apenas um sonhar
antes do retorno à superfície superlunar,
que transformou em páginas amarelas
meus sentimentos mais queridos.
balbuciados entre os lábios apavorados.
 
Entre os lábios apavorados

Continue acreditando

 
Continue acreditando,
inobstante razão mais pura
nos sonhos mais enlevados,
acalentando com ternura.

Se muitas vezes um sonhador
tanto apegado ao sonho sonhado,
não sabe mais enfrentar a realidade,
acreditem quando digo, num devaneio,
que só há nuvens negras sobre a cidade,
quando não há por perto quem sonhar.
 
Continue acreditando

O penhor sublime do amor

 
Nos lençóis acólitos almas suspiram,
insólitos gemidos ávidos exalam;
corpos fervem, febris rutilam,
como faíscas da aurora na neve.
São almas suadas e extenuadas,
ansiosas por voarem aos céus,
deixando aquém os pecados,
com a cota dos grunhidos cansados,
sem olvidar o penhor sublime do amor.
 
O penhor sublime do amor

Meias opiniões

 
Não quero felicidade pela metade,
outro tanto seria da tristeza.
Nem quero meias palavras,
ou meia verdade à meia luz.
Meia constelação,
estrela meio cadente
na silhueta da meia lua,
apenas meio bonita.
Quase silêncio
sem palavras bonitas,
sem meias opiniões
sobre o que não é necessário,
nem meio importante.
 
Meias opiniões