ONDES ANDAS TU?
Eu queria amar-te
Sentir-me criança novamente
Voar bem alto
Abraçar-te
Sentir o calor do teu corpo
Adormecer ao teu lado
Acordar com o teu sorriso
Navegar por ondas e marés
Rumo à felicidade
Ao encontro do infinito
Sentindo o toque da tua mão
Passear e vagueando
Até ver o por-do-sol
A cair no mar.
Eu queria!...
Mas onde andas tu?
Procuro-te por todo o lado
Nem um sinal de ti
Este é o meu fado
Esta é a minha missão
Até me cansar
Adormecer com o luar
Sonhando
Sonhando
Diz-me onde andas!...
Vou até ti...
Sentir o toque dos teus lábios
Juntinhos ao meus
Com o palrar do teu coração
Dizendo: Estou aqui
Não chores
Não andes triste
Eu também te procurava...
Eu queria!...
Mas onde andas tu?
Pedro Nobre
DESCRIÇÃO
Olhar revertido
Sorriso camuflado
Em palavras contido
No discurso falado
Vagueando na utopia
No entrelaçado do seu ser
Como a noite fosse dia
Sendo este o seu viver
Com rasgos de imaginação
Da mente reflectidos
Com parábolas de observação
Em consonância com os sentidos
Robusto desde o nascer
Com olhos rasgados
Pálido no seu parecer
Em lábios cerrados
Sentimentos em rima
Reflexos alados
Vindos de cima
De tempos passados
Pedro Nobre
MÃE
Foto: Pedro Nobre
Partiste sem te ver envelhecer
Tudo foi tão rápido
Foi um ano de sofrimento
Vendo a progressão de tudo
Longe eu estive,
Sofrendo em silêncio
Impotente a tudo
Porque teve ser assim?!
Eu sei que lutaste
Acreditaste
Tiveste fé
Mas ele foi mais forte que tu
Que todos nós
Maldito "bicho"...
Que te levou
Sem concretizares todos os sonhos...
As tuas palavras e conselhos guardo
A tua obra inacabada
Irei continuar
Saudades tuas tenho
Entre lágrimas e tristezas
Sinto que estás em mim
Onde eu estou, tu estás
Protege-nos a todos
Eu sei que estás bem
Junto do criador...
Até sempre MÃE.
Escrito por: Pedro Nobre (16/03/2008)
AMO-TE
"Amo-te não é uma palavra solta, é um sentimento que me prende a ti..."
Pedro Nobre
DESABAFO II
Distante do mundo dos terrestres
Vivendo no hemisfério da tristeza
Nada me faz sorrir
Nem mesmo tu
Vivo com a lua e não com o sol
Quero luz e não escuridão
Senhor, ajudai-me!
Quero atingir o horizonte
Quero atingir o infinito
Sinto meu rosto molhado
Não, não é da chuva...
Deixa-me ser feliz
Ser igual a todos os outros
Nada já faz sentido...
Senhor, ajudai-me!
Tudo encaminha-se para o nada
Mascaras,
Personagens,
Sofrimento
Eu não quero esse viver
O que é que eu tenho de fazer?
Diz-me...
Eu sei, tenho que ser eu a descobrir
Mas não consigo...
Sinto-me perdido
Num deserto sem fim
Tenho medo
Senhor, ajudai-me!...
Pedro Nobre
RAZÃO
Porque razão pensam tanto
Se a vida é um trovão!
Tudo o que é exagerado
É inútil e escusado.
Não pensem demasiado
Porque nós abalamos e não voltamos
Nunca descobrirás a beleza da vida
Goza-a, antes que ela goze contigo.
Não digam que eu tenho razão
Mas eu a tenho
E eu quero viver com ela
Nem que seja a olhar para uma estrela
A brilhar numa noite de luar.
Pedro Nobre
FADO DA NOITE
À noite canto o fado
À noite canto o fado
Com alma e sentimento
Meu sorriso rasgado
Escondo o meu sofrimento
A voz que Deus me deu
Alegra a minha mente
Da dor que morreu
Ao cantar para a minha gente
Uma guitarra a tocar
Cada nota em sintonia
Com a minha voz a soltar
Formando esta melodia
Mais uma noite a cantar
O destino da minha vida
Que eu quero amar
Até à minha despedida...
Pedro Nobre
NOTA: Este poema é dedicado à minha grande amiga fadista Rita Inácio, pela sua grande voz e talento por dignificar o nosso país com esta nobre arte como é o Fado. A ela e todos os fadistas um muito obrigado...
DEVANEIOS
Eu escrevo assim
Só desta forma me sei expressar
Juntar letras e palavras
Em forma de sentimentos
Escritos em improviso
O que me sai da mente
Eu sei,
Louco sou
Vivo no mundo da escuridão
Onde damos vida ao escondido
Adormecemos quando os outros acordam
Vivemos no inverso dos ponteiros
Lá no alto a lua nos sorri...
Eu sei,
Louco sou
Pedro Nobre
INTERIORIZAÇÃO
Um cigarro acesso
Olhar distante
Pensamentos oblíquos
Sentimentos estagnados
Horizonte negro
Olhar vidrado
Da vivência passada
Por erros sequentes
Onde perdeste o norte
O sentido da maré
Tentei segurar o leme
Num mar com sabor a sal
O naufrágio foi fatal
Tentei seguir por outras ondas
Mas não consigo esquecer-te
Saudades tuas tenho
De um porto seguro
Sentindo a calor do teu corpo
O doce dos teus lábios
Suspiros de amor...
Que num precipitação abalou
Que me fez sofrer
Sozinha estás...
Mas nunca me perdoaste
Respeito...
Mas complicamos o fácil
Melhor,
Eu compliquei...
Mas também não me compreendeste
Nem uma oportunidade me deste
Cresci, é um facto
Queria ir além mar
A meio destino ficamos
Curto e intenso
Que jamais irei esquecer.
Guardo cada letra, cada palavra...
Por ti pronunciada
Seja falada ou cantada
Com voz em fado
Que sempre me irás orgulhar...
Pedro Nobre
MUNDO REVERSO...
Percorro cada rua e ruela
Tentando encontrar-te
Sem sinal de ti
Não desistir de receber o teu sinal
Lá no alto uma luz brilha
Iluminado meu caminho
A rua está deserta
Ouço o silêncio da noite
De repente, uma voz doce
Eras tu...
...Sorri...
Uma lágrima me caiu
Será de alegria ou tristeza?
Quero sentir o teu corpo junto do meu
O toque de cetim dos teus dedos
Os teus lábios aveludados
Junto dos meus
Olhar nos teus olhos
Dizer que te amo
Que ao teu lado quero ficar
Diz que sim...
Não sei viver sem ti
Cada noite que passa
À espera deste momento
O de te ver e sentir
O perfume do teu corpo
Que me levas ao centro do mundo
Que me levas onde quiseres
Desde que seja ao teu lado
Até vou para fundo do mar.
Pedro Nobre