DESENCONTRO
Eu venho de
Poucos amores
Cidade labirinto
De muitas tristezas
De poucos estímulos
Muita ironia
E por demais, a rebeldia.
Queria ser do campo
Mas sou da cidade
Muita técnica
Pouco amor
Muita pressa
Pouco tempo.
Eu queria voltar
Mas, sou tão grande
Mas, também sou tão pequeno
Que tenho medo de ficar.
Que desencontro!!!.
DIVAGAÇÃO
É NOITE. ANOITEÇO
PERMANEÇO
EIS O SONO. DURMO
AMANHEÇO.
É AURORA. ORO
CHORO
EIS O DIA. DESPERTO
APERTO O
PASSO E
PENETRO NO CICLO
É O LABOR.
FAINA CONSTANTE.
PEREGRINO
PEREGRINO
Se estou na campo
A relva molhada
Teu corpo pingando
Cabelo encharcado
Eu, Peregrino
Me encontro
Na silhueta
Que percebo através
Das minhas retinas
Aguçadas.
És bela! És Sonho!
Com embriagues
Vejo-te nublada
Em enorme realce
Sob o cristal diáfano
Desta exultante catarata.
AGORA
Estou aqui tateando
E buscando palavras
Procurando uma chave
Um sinal de onde quer
Que venha
Que me liberte de mim mesmo
Da minha tristeza.
Da minha impotência.
De ser Um
Na verdade queria um texto leve
Alegre, e tudo que meus dedos procuram
Levam-me a isto e isto
No momento, sou eu, ao que me resumi
Não durmo e a noite me encobre
Eu choro e as lágrimas não saem
Estou caindo, mas o esforço para o
Equilíbrio é tenaz.
Meu coração se aperta
Me aperta a dor...
Nem quero pensar no que gosto
Nem falar que gosto do campo, de fotos
De quadros
Que venero a paz
Que de mim foge
E tudo que peço neste momento a
Onisciência
É Sanidade e Tolerância e Sabedoria para que
Eu próprio me suporte.
BEM METAFÓRICO
Bem...
Tórpido é o corpo
O coração
Chora,
Mas, prossegue
Incita o sentimento
Que chama
Que ama,
Reclama.
Bem...
Dor é o sopro
Que cresce
Que mexe
Remexe.
Bem...
É a imagem
Que fica
Fuça e puxa
Se alastra
E me arrasta.
ACEITAÇÃO
ACEITAÇÃO
Se pequei, Senhor
Por ter um coração em
Fúria e
Sempre aberto
E sem reservas.
Se blasfemo sou, Senhor
Por ser filosófico
E querer ser transcendente.
E se nesta ânsia
Ultrapassei limites, e, adentrei-me
Além do normal...
Se meus gestos
São felínicos
(passam desapercebidos)
Se meus olhos
São aquilínicos
(vejo além)
Se pequei, Senhor
Por nascer.
Devo pecar
Por Morrer?
Mas, se pequei, peco
E tenho pecado...aceito.
Mas, se peco
Voluntário
Sendo involuntário.
Não entendo, Senhor!!!!!
****
Serei louco!
No tempo perdido...
IMPROPRIEDADE
IMPROPRIEDADE
Incongruente em gestos
Insanos e
Inconvenientes, até.
Injecto de ardor
Insalubre, ou
Infecto nesta podridão
Necrófaga e
Indigesta
Indecorosa, por “ser”
Incógnita por querer provar
Que lá está.
CRÔNICA
CRÔNICA
Uma tarde em que a temperatura amena desta paulicéia caótica e não desvairada, tende com o aproximar-se do ocaso, a esfriar. E eu,aqui sentado, tentando preencher os espaços vazios desta lauda celulósica.
Os pensamentos, como que se tumultuam. O telefone toca. Tomam rumos diversos e eu me perco em caminhos e descaminhos. Mais um dia que se finda. Os ossos, já flagelados, se violentam, se violentam para manter esta miríade de moléculas em alta rotatividade.
Emergem. Vem à tona, resquícios, fragmentos de coisas, fatos, atos e ações vividos outrora. Por momentos, alimento-os. E hoje, presentemente, fiz-me extra, não sei porque e não sei porque também me agito,
me enrolo,
me contorço,
caio e levanto,
me masturbo,
e como um animal no cio, me entrego ao prazer desvairado.
(...) Pausa para o café.
Mesmo este pó aromatizado, já não tem sabor. Adentra-se faringe, laringe abaixo.
E permanece o prazer animalesco que alucina. Entorpece os sentidos.
Nem mesmo o som suave da música que toca ( o rádio está ligado) consegue desviar estes pensamentos estonteantes.
Ah!...lembrei-me. E, Ela. Ela que passa com sorriso sensual, sugerindo-me mil atos lúbricos. (Ela passou pelo meu pensamento e se desfez como fumaça que se esgarça pelo ar).
Me recomponho.
O seu flanco mole...me amolece.
Me amoleço. Paro. Penso.
Vibro!
...
Ah! O vento que passa pela veneziana entreaberta me desperta.
Eu me desperto.
PALAVRAS...
Se em cada canto, morresse
De tristeza, se eu chorasse
De alegria em cada ponto
E por não amar-me
A vícios me entregasse
Se assim fosse
Já em mim não estaria
Nem me conheceria
Nem nada me restaria
Nem o pranto teria
Só a mim, matéria
Carne,
Ossos.
Sem razão, sobretudo
SÓ...
SEDUÇÃO
Olha o tempo que passa.
O tempo que passa não volta.
Não se desespere, espere.
Nem cria casos.
Os minutos estão passando.
O tempo já passou...
Se você foi, já chegou.
Você vale quanto pesa?
Você foi louco, ou é louco?
Você está passando ou está pensando?
Você é mais? Ou? Mais? Ou menos?
Mais ou menos?
De quantos tempos você é?
Você pára e olha e anda?
Ou, você anda e olha e pára?
Você é confuso?
O desespero é tua companhia na espera.
Nunca te vi.
Você não existe!
Você mora, reside ou habita?
Eu quero habitar seu coração.
Eu quero morar na sua mente.
Eu minto?
Não sabe chorar.
Soledade.
Está só na soledade.
O que você vai fazer nas próximas horas?
Você pode ser feliz outra vez.
Você quer?
Eu tenho Um Quarto de século.
É tão grande.
Mas não tem cama
Não tem ninguém.
Deitei na tua cama e você me seduziu
Como estão tuas monumentais pernas de marfim?
Devorei teus seios? – De forma alguma.
Você! Você me devorou com seus seios, pernas e tudo
Loucura!
Conúbio sexual! ( loucas palavras).
Dança orgíaca.
Compasso frenético:
Vai e vem
Sobe e desce.
Ficastes ruborizada.
Ah! És a libertina
Camuflada de rubor.
Você está com sede.
Sede sexual.
Garanto como você se masturba.
Mentira!!?
Você não é de gelo.
Pudor!!!
Posso rir ou queres
Uma gargalhada altissonante?
Você tem o sexo em brasa
Ponto fraco
Você toca
E se delicia em espasmos
E sussurros
Ininteligíveis.