Poemas, frases e mensagens de Manuela Fonseca

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Manuela Fonseca

Às vezes...

 
Às vezes...
 
Às vezes, falta-me o teu abraço quando estendo o corpo e só encontro o vazio. Faltam-me os teus beijos amigos, sorridentes, contentes de se virem colar ao meu rosto…
Falta-me a visão do teu rosto moreno de olhos penetrantes e conversas cheias a meio de um café…
Sinto as saudades doerem nas mãos que desejam as tuas e que se cruzam em distâncias quentes, amolecidas por uma lágrima teimosa…
Sonho acordada com aquele nosso cantinho acolhedor agora tão frio de carinhos, desejos partilhados, música que nos ondulava as faces próximas…
Sinto falta das filhós que sempre trocávamos nas tardes do dia da consoada, das prendinhas que trocávamos com tanto amor…
E das cartas que me deixavas na caixa do correio, a caminho da faculdade…
Dos jantares deliciosos pousados numa mesa simples. Das fotos que tirávamos e de como sabíamos rir…
Preciso de ti!
Fazes-me tanta falta...

Manuela Fonseca
 
Às vezes...

Feliz Aniversário, Paulo Afonso!

 
Um Feliz Aniversário é um aniversário com amor, ternura no olhar, velas para apagar num leve sopro de magia, rompendo em sorrisos de alegria e palmas de carinho, de amizade, fortes abraços, daqueles que nunca se esquecem entre amigos, aquecendo as almas e colorindo o corpo de bons sentimentos, jamais esquecidos.
Desejo-te um punhado de coisas boas, assim…aos montes, por entre vales e ribeiros transparentes de palavras perpétuas e soltas ao teu passar…

1º - Saúde
2º - Amor
3º - Amizade
4º - A tua poesia
5º - Uma deliciosa taça de Asti!

FELIZ ANIVERSÁRIO!!!

Um terno abraço e um beijinho repenicado
Da sempre amiga

Manuela*
 
Feliz Aniversário, Paulo Afonso!

Não me mates só por matar

 
Não me mates só por matar
Mata-me a fome
E arrecada o pão
Que não te atormenta
Para me matares amanhã
De novo.

Mata-me de olhares de amor
Não com o brilho da piedade
Não me mates de pena
Mata-me em gestos de carinho
Com afagos sem balas perdidas
Nem certeiras!

Mata-me a sede
Com o copo que te enfeita as manhãs
De todos os dias
Não me mates a vergonha
De ser filho do outro lado da vida
Mata-me o silêncio
Que me escorre nas faces
Em dias de chuva
Onde purifico o corpo

Os mesmos dias em que não purificas a alma
Por não lhe conheceres a esquina do seu grito…

Não me mates só por matar

Mata-me o princípio de ti
Que termina no resto de mim…

Depois
Se te quiseres matar
Mata-te!

Mas deixa-me ficar
Continuar neste meu sóbrio desejo
De lutar!

Manuela Fonseca
 
Não me mates só por matar

Inquietações

 
Fui saber da Vida
Como vivem os Povos
Como sofrem
Ou como são felizes

Rodei o corpo à Chuva de mim
E ri com os mais velhos
E chorei
Com as suas tristezas

Há algo em mim
Que nunca se acalma
Esta procura!
Esta incessante busca
De emoções
De cores
Sorrisos
Vida!

É esta rebeldia serena
Que me dói n’alma
E no coração das inquietações…

Manuela Fonseca
 
Inquietações

Notas íntimas

 
A vida é uma coisa a pensar?
Talvez...

Mas agora vou comprar
Uma pizza e umas peras
Para o jantar
Volto já...

Fui ali, para além de mim
E despi-me da fome
Num prato quadrado e branco
Com desenhos arredondados a preto
A deterem o talher

As peras ficam para quando a noite for longa...

Voltando ao início
Falemos da vida
É uma coisa a pensar...
Como já o era ontem
À hora do jantar

Porquê?
Onde? Quando?

Porque sou eu que traço
O sorriso de cada dia
Porque é Onde o sorriso acaba
Que a lágrima nasce e fica
Porque é Quando estou só
Que sinto a solidão não apetecida
E bebo-a com um prazer perverso
Como se fosse uma pessoa má!

Mas a utopia dos meus dias
Diz-me que não sou má
Sou apenas uma louca
Que se identifica com psiquiatrias
E falsas psicologias
Falsas dos Homens!

Volto dentro de 5 minutos...

Cansa pensar na porcaria do Eu!

Manuela Fonseca
 
Notas íntimas

As lágrimas soltam-se

 
As lágrimas soltam-se
Em cataratas possantes
Espírito selvagem e do vento
Que em silêncio escorre da planície
Não quero secá-las em adeus
Nem quero possuí-las
Em cânticos de louvor

Quero soltá-las
Libertá-las e adoçá-las
De tanta mágoa e dor
Sem que seja preciso procurá-las!

Manuela Fonseca
 
As lágrimas soltam-se

Nesta loucura

 
Nesta loucura
Que sempre me acompanhou
De chamar loucura
Ao primeiro olhar decente
De me ajustar num mundo
Que não é meu companheiro
Abri os portões à minha poesia
Deixei desfilar as palavras
Por entre os dedos
Qual decência adequada
À mais fina passagem

De braço dado com as letras
Minhas companheiras
De combates psicológicos
Acompanhada dos inseparáveis e gentis
(mas nem sempre presentes)
Pontos finais
De exclamação
Ou interrogação
As vírgulas entravam e saíam
Vestidas de pétalas
Da mais fina-flor do sujeito

Tochas acesas
Pertinentes
Levantaram o véu
Da tua escuridão, ó loucura!

Manuela Fonseca
 
Nesta loucura

Se, ao menos...

 
Se, ao menos, eu soubesse ser feliz!
Se, ao menos, eu me contentasse com a distância!
Se, ao menos, eu te conhecesse!
Se, ao menos, eu pudesse encostar a palma da minha mão no teu rosto e sorrir nos teus olhos!
Se, ao menos, eu partilhasse do teu perfume e me enroscasse nele!
Se, ao menos, eu te visse ao longe e soubesses que eras tu pelo teu andar que desconheço!
Se, ao menos, eu conhecesse o sabor dos teus lábios!

Se, ainda, ao menos, eu pudesse amar-te...

Manuela Fonseca
 
Se, ao menos...

Ele é feliz!

 
Ele é feliz
Porque é livre e forte

É feliz
Porque lhe pousam aves
No balançar de pinhas

É feliz
Porque não tem ombros curtos

Mas ele é mais feliz
Porque se lhe cola a copa ao céu

E mais feliz do que ele
Só ele o pode ser!

Porque tem o dom de não pensar em nada...

Manuela Fonseca
 
Ele é feliz!

O amor rende-se

 
O amor rende-se contra mim
De mãos fechadas

No teu corpo imenso
Na tua alma absorta
No teu coração à espreita

Os cabelos deslizam
Com a loucura do sorriso
Louros, castanhos, pintados...
Que importa?

Sento-me ao lado do amor
( aquele que se rende )
E bocejo toda a noite
A minha vida deserta

Aqueles sons tecidos
Sabores de fantasia
Vinham brincar
Dentro de mim
Do lado de fora...

( volto a cabeça )

E o amor contra o olhar
Obriga-me a pensar que talvez
Eu seja feitiço embriagado...

Manuela Fonseca
 
O amor rende-se

Despi os ombros da seda macia

 
Despi os teus ombros da seda macia
que deslizou indiferente no chão frio da minha saudade,
em franjas gastas pela melancolia
que alimentava as palavras por dizer.

Em sussurros por receio de amar,
olhando por tanto olhar
calei a boca beijada sem paixão,
resgatei a magia de ternuras inventadas
num amor-perfeito já sem brilho,
onde os contornos de ti me explodiam nas mãos vazias
frias, geladas,
sem o fogo louco de um vulcão
que adormecido
esperava a lembrança
de ombros vestidos de macia seda
por mim arrecadada.

Dueto: Manuela Fonseca & Rosa Maria Anselmo
 
Despi os ombros da seda macia

O 10ª MUNDO

 
O 10º Mundo

As searas não existiam
E o pão não cheirava a terra
A mãe-velha embalava os ossos
Mal embrulhados
Na carne negra, suja
Beijada de artrópodes.
A insuficiência
Espreitara o 10º mundo
E as crianças brotavam
Sob o signo maligno
Da Fome.

Era tarde…

A noite descera sobre a mãe-velha
E no chão agreste
Nu de sementes
Picavam-lhe os pés inchados
De lágrimas, dores
E revoltas!

Manuela Fonseca
 
O 10ª MUNDO

Vou-me embora

 
Vou-me embora do teu peito
Onde as estrelas já não cintilam
Levo comigo a saudade
Desembrulhada, mal amada

Atiro-me à esperança
De outro sorriso
Tropeçando em bagagens de amor
Levantando coros ao meu passar

Sentei-me ao luar
Cansada de tanto andar
Espiando um adormecer

Vi o meu universo vazio
Onde um dia me banhei
Sem reparar nas horas estreladas...

Manuela Fonseca
 
Vou-me embora

A solidão é inteira

 
A solidão é inteira
De corpo e alma
Nada mais verdadeiro
E intenso
Do que o silêncio que dela vem

Vai-te!

Deixa-me banhar
Nesta tranquilidade
De não ser nada

Vai-te!

Vou ser sózinha
Naquele monte além
Lugar distinto de ninguém

Manuela Fonseca
 
A solidão é inteira

Filhos da mãe!

 
Nasciam Homens
No perfil aquilino
De uma guerra esgueirada
Sem mentes esquecidas
Os Homens tornavam-se animais
De anjos trincados
Pelo sabor agridoce
De um Mundo ansiado
De coisas maiores
De certezas melhores
E de sangues menores

Alá!

Em nome de Alá
Matam-se os Homens
E escoam-se os sangues
Inocentes de Fomes!

Filhos da mãe!

Manuela Fonseca
 
Filhos da mãe!

Para ti, meu amor

 
Para ti, meu amor
Vai um coração dorido
De passados esquecidos

Rebolo-me no teu tracejar
Deixando-me cair
Na voz doce
Que me encanta o desconhecido

Para ti, meu amor
Vai um começo
De futuros presentes
Que flutuam no fundo de mim
Em laços que veêm de ti

Manuela Fonseca
 
Para ti, meu amor

O castigo

 
Senti na alma o castigo
De uma solidão interior
Atravessei o tempo
Nas dores comuns
De um silêncio rasgado
Que sempre arrisquei
Ao virar da esquina
Nessa viragem
Rasgada no silêncio
Encontrei-me no tempo
Surgiu o amor
Soltando as amarras
Da alma sofrida
No castigo da solidão

Dueto: Maria Antonieta Oliveira & Manuela Fonseca
 
O castigo

Se um dia...

 
Se um dia
Eu estivesse na tua vida
Em reflexos
De espelhos
Não partidos
Nem sombreados!

Se um dia
Eu pudesse amar-te
Sem condições
Nas uniões
Das multidões
Sem sarcasmos!

Se um dia
Eu tropeçasse no castanho
Do teu olhar
Dentro do verde
Do meu mar
De ondas cavalgadas!

E, se um dia
Eu te afagar
Devagar
Num sorriso de estrada
Acende a tua alma
E demite-me de ser amada!

Manuela Fonseca
 
Se um dia...

14 de Dezembro de 2007

 
Olá meus amigos,

Hoje, o meu filhote mais velho, fez 31 anos! É mais um ano... é certo. Mas é mais do que isso. É uma história que se faz a cada dia que passa, que se constrói, que nunca se completa... É o correr do tempo, implacável.

Foi num dia de frio, estava eu a estender roupa quando ele me deu o sinal. No dia seguinte, tinha o meu filho nos braços, tinha o meu maior tesouro no meu regaço e descobri que há gestos que nunca cansam, por mais que se repitam. Os meus beijos eram incansáveis.

E uma lágrima deslizou de...felicidade! Igual à de hoje!

Parabéns, meu amor!

Manuela Fonseca
 
14 de Dezembro de 2007

És especial

 
ALGO DE INATINGÍVEL

As pessoas são solitárias porque constroem paredes em vez de pontes.

(Joseph F. Newton)

A Inês foi acabar os estudos em Coimbra, aos 19 anos. Opção que ela tomou com determinação, coisa que a mim me faltava aos 30. Acho que sempre me faltou por diversas razões que atravessaram a minha vida como espadas afiadas espetadas na alma. Essa mesma alma que me pedia palavras escritas germinadas em poemas inacabados onde o pensamento se escondia em dias cinzentos feitos de esperas numa tela que ia perdendo a cor. E eu acomodava-me na amizade preciosa da Inês, nos meus filhos ou sozinha, naquele canto acolhedor, onde me nasciam sílabas da solidão que me estrangulava as forças e a dignidade.

Algo de inatingível
Violou-te o corpo
Beijou-te as faces
Mordeu-te os seios
Penetrou-te os sentidos
Rasgou-te a carne
Dividiu-te a alma
Sacudiu-te o sangue…

Espantou-te o olhar
E fechou-te o sorriso!

O que é que restou de ti?
Faltavam duas semanas para o Eduardo chegar de um lugar que ficava, algures, do outro lado do mundo. Eu pensava que nunca teria a força nem a coragem para terminar com uma vida de tristeza ancorada na desilusão, onde a cada chegada eu permitia-me acreditar, uma vez mais, no impensável. Deitei-me no sofá enrolando uma madeixa de cabelo por entre os dedos, pensando até quando iria aguentar um casamento empoleirado em infidelidades, ciúmes, violência verbal e física, e sei lá o que mais. O Eduardo era aquele tipo de cavaleiro andante idealizado pela minha paixão adolescente e teimosa e, com certeza, o mais pusilânime quando o consegui ver apeado do cavalo.
 
És especial

Manuela Fonseca
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