Refazer o melhor sorriso
Desenhada a traço fino e delicado,
Dei aguarelas raras no seu rosto.
Com um pincel fino e molhado
Pintei-a sempre de sorriso posto.
De bela e doce baptizei a menina,
O meu modelo da imagem feminina.
(Tirei-a do quadro e pu-la a meu lado.)
Com toques certos e vincados,
Esculpi-a com uma leve batida
Nos olhos para sempre moldados,
A menina começa a ganhar vida.
Foi esculpída e pintada a aguarela
E ninguém sorri melhor do que ela.
jp, 2009
Lábios vermelhos I
Entrega-me o teu corpo e vaza os sentidos,
Quero-te morder nos lábios vermelhos
Até que os sintas doridos,
Mantém os olhos vendados,
Luta, afasta-me de ti…
Entrega-me o teu prazer e vaza os sentidos,
Quero-te comer nos lábios vermelhos
Até que os sintas feridos,
Mantém os olhos fechados,
Bate-me, asfasta-me de ti…
Dá-me de comer
Nos lábios vermelhos,
Quero matar a fome
E só a tua dor me dá prazer.
Sente-o comigo!
jp, 2009
Psique
Ela
É e nasceu para ser sua,
Dona e mãe da beleza nua
Ingere o afecto doce da vida,
Desbota alegria, dá paz à Terra.
Su’alma rejeita dor ferida.
Abre tréguas em tempos guerra.
Ela
Vive livre e d’alma crua,
Eterna psique de minha lua
Olhar possante com brilho de chama
Suspira vontades e teme o véu.
Orgulho robusto d’coração que ama.
Rainha dos sonhos, princesa do céu.
jp, 2007
Amor, cuidado de expressão
É como se eu quisesse, dizer-te o que nunca te disse,
Passo tempo a imaginar, como seria se o fizesse.
Dou comigo a desvendar um problema de expressão,
Porque não chamar amor, se é a voz do coração.
É um termo que é dito, não hei de dizer em vão,
Peço-te que te fique, como a tatuagem do trevo,
É uma palavra sem sentido, fácil de falar,
Não a digo, é verdadeira, faço-a e escrevo.
Mostro-ta com gestos, adoro-me para te adorar,
Não te digo o que me vai dentro, nem o que é amar.
Vivo e desfruto deste sentimento.
Mostro-o se o quero, quero-o agora, sempre.
jp, 2007
Amor q. b.
Amor é um tanto do que eu já ouvi,
É certo a melhor palavra maldita,
E quem o diz, não sei se se ama a si.
Amor é a mentira, que só por ser dita,
Cega o que ouve, que nela acredita.
Amor é um tanto do que eu nunca vi,
É a fraqueza de quem sabe mentir,
Que de tanto se amar, esquece-se de si.
Amor é o sentimento que faz ferir,
E todos o sabem, mas querem sentir.
Amor é um tanto do que eu não sei se senti,
Que por sempre o estar ouvir,
Não sei mais se já o vivi.
jp, 2010