Ainda bem que não escrevi
Ainda bem que o amor custou
E a noite te levou pra ela
Ainda bem que o sonho vingou
Do alto da minha janela
Ainda bem que a saudade chorou
E me pediu pra juntar á dela
Ainda bem que a vaidade falou
E me disse que era a mais bela
Ainda agora vi uma luz,
Que me leva pra longe, me segue pra outra viela
Ainda bem que a dor não passou
E alma virou Cinderela
Ainda bem que a Terra não sou
Eu não queria ser igual a ela
Ainda bem que não falas para mim
O mar engole esta e aquela
Ainda bem que á um poema
Que me leva do fundo da cela
Ainda bem que á quem diga o que quer
E se o destino quiser, serei ela!
Amanhã
Prefiro-me assim,
Pelo tempo perdida,
Sentindo-me esquecida
e sem vida.
Ser ainda mais insegura,
Voltar a ser transparente,
Ser obscura,
Sem que ninguém me faça frente.
Afastar-me desta sina,
Sem perfume,
Que me excluam da rotina,
Façam o costume.
Tudo isto me resume...
...Resumia
Quero frisar neste dia,
Que antecede outro de mais-valia,
Que jamais quero voltar a ser assim,
Agora pretendo fazer-me frente a mim,
Deixar estes sentimentos para outro fim,
Progredir com o que nasceu há pouco.
Saibam que há-de ser louco,
Quem tentar afastar de mim,
O meu outro pouco que nasceu assim!
Agora quando falo ao vento,
Das folhas que se arrastam por este amadurecimento,
é como de noite imensa ver amanhecer,
Noite de negro que vos faz tremer,
Com o meu novo renascer.
Os meus olhos fecham-se para me procurar,
Até que não hajam mais estrelas no ar,
Nem mais ondas no mar.
Nunca mais me hão-de encontrar.
Zero
Pelo silêncio da mentira guardada, vê-se ferido na ilusão de um quarto pela alvorada, e perdido pelo chão imundo, lembra o seu cair bem fundo do topo do meu Mundo.
Foi tanto inteiro como vão, foi completamente meu, mas inteiramente não... no entanto só não pôde ser aquilo que não quis. Não me pôde acusar de tudo o que fiz, pois antes era a sua musa, das frias madrugadas, agora sinto-me intrusa, vasculhando as suas moradas... não quero perturbar o seu caminhar, ou desviar-lhe o olhar!
Por isso, larguei-o, num lugar onde se perderam desejos, onde faltaram beijos e lembraram vontades... Estará sempre enclausurado em saudades sem saber que caminho o levou, viverá sem querer no lugar onde estou, guardando-me por onde vou, mas deixar-me pelo que sou.
Por fora, tudo será á sua maneira, o beijo ás escondidas, o chorar á cabeceira, o abraço comedido, na minha vida inteira... Mas quando apagar os seus olhos do meu olhar, saberei esquecer o que me fez de primeiro chorar.
No entanto, ele não se trata de um inútil a criar atrito, pois a sua nulidade é bem maior que o infinito!
E é a sua falta, aquela que sofro e sinto.
Insónia
Começa a haver noite, e nascem com ela os desígnios escondidos que me serviram de recosto no passado. Sinto sossego ao avistar que já todos se preparam para ser embriagados de sono...
É sublime e doce, a dor de um fim, a apatia de um rosto... como se sentisse fogo em mim.
Para onde vou, perguntas tu. Nada neste Mundo me fará parar, largo-me do teu beijo, porque jamais me irás esperar.
São estas, memórias que receio, a angustia e o devaneio...
Sonolentamente de certa forma ainda o quero, velo o meu desespero, dou voz e passo ao exagero, porque três quartos da noite já terão passado, e o meu pensamento ainda se manterá por ti acordado...
Enche-me de vez o coração de coisas para dizer, ou cala-me a boca, arranjando outra forma de o fazer.
O céu citadino faz-se amanhecer, a rua e o rádio ritmados, trazem o ruído que tanto havia esperado.
Agora sei por onde me deixas-te... Eu? Ficarei sempre por trás das palavras que não falaste.
Carta em papel perfumado
Usaste palavras em mim, como vontades inibidas que me preencheram as lacunas da vida, (não que isto fosse necessariamente algo mau..) mas ficava sem nada para te dizer de volta. Passeavas como um verso a meu lado como que a cada passo pisasses a lua, fazias nascer o sol desejado, e acordavas-me com vontade de ser tua.
Escrevias cartas em papel perfumado com a essência do amor, do despertar do sonho aguardado, mas que de nada serviram ao vento... que arrasta cinzas, que extingue o tempo.. que me desenha no peito a tua última carta.. O meu sonho desfeito, a carta rasgada!
Por castigo, respirei poesia e chorei, perdi-te ingénuamente, rasguei as cartas e esperei..
Viajei para dentro de mim
Atropelo-me e desfaço-me em silêncios, que não param de me queimar a face num pesadelo sem fim..
Aguardo pelas palavras que não chegam, pelos dias que não passam, pelos impossíveis que não se convertem, e pelo que nunca te soube dizer...
E tinha ainda tanto para falar... mas nunca o suficiente para o fazer! Devo-me ter perdido entre palavras desditas que não me fazem sentir em mim e as miragens malditas que não me deixam pôr-te um 'fim'.
Eu nunca deixei de aqui estar, mas a minha alma decidiu fugir, se tudo aquilo que quero está agora enterrado no mais fundo dos cantos, deixa-me então até a mim partir.. Hoje preciso ver-me longe de ti, curar todas as minhas feridas e não pensar em mais nada, senão em mim. Porque toda esta chuva que me molhou o rosto, gelou-me a alma e trouxe-a de volta. Agora os olhos que antes eram teus, não conseguem mais ver, cegaram-me o coração que agora chora sempre que a noite chega.
Não voltarei a olhar para trás! Vou sem destino, sem bagagem e retorno. Hoje já não me assombra a tua ausência nem me pesa o teu olhar, por isso não te espalhes em saudades porque jamais hei-de voltar.
Quando sentires a minha falta não me tentes perceber, entende antes os meus silêncios...
Desabafos
O que fui, já não sou
O que ficou já se perdeu
Não estou mais em mim
Não sei o que sou eu
Onde fui, já não estou
Onde estive, acabou
Não estou em sítio certo
Já não há 'longe' nem 'perto '
Nem frio ou deserto
Tudo o que tive, já se apagou
O choro que caía jamais cessou.
O que quero, jamais hei-de ter
E o que temia, voltei a perder
Quem me odeia já me amou
Soltou-me os pensamentos
Roubou todos os momentos
Sabe se lhe minto
Por amor ou apenas instinto
(o ultimo verso está a verde) sinto.
Fiquei com o vento
Nunca recebi metade daquilo que dei, nunca senti o seu amor, no entanto amei. Nunca morri embora me sinta trespassada por balas das quais não me consigo ver livre… amachucada e mal tratada, num qualquer lugar abandonado. Sinto o mar em meu corpo acabado, e o espírito sobrevoando abalado. Embora o ar tenda a aquecer, o meu corpo esfria, tornando a arrefecer, estou a morrer sem na verdade o querer.
Se a morte me veio buscar, então porque é que não sinto mais dor? Sinto que posso viver eternamente, mas que perdi todo o seu calor. Perdi numa guerra com o amor.
Se vivesse uma nova vida, não me manteria escondida, satisfaria o meu coração vazio, sentir-me-ia agradecida... Há quem deseje o passado, há quem ame o impossível, há quem não deseje nada e quem queira o inatingível. Sigo agora o vento, a água, e a chuva. Tenho um desejo profundo, o teu sonho agora é o meu Mundo.
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DEBUSSY:" rel="nofollow">http://www.imeem.com/people/p0aS4D/mu ... e_lune/">DEBUSSY: CLAIR DE LUNE - PIANO - ROBIN ALCIATORE
Amanhecer da Lua
Quisera eu lembrar-me que uma dia a lua se apaixonou plo amanhecer...
Amanhecer:
'Lua, não sei como to dizer, és de todos o mais perfeito Ser!
Noite sem Lua e estrelas é como o sol sem Amanhecer..
Não quero que vás.. não te quero perder!'
Lua:
'Que eu não perca a luz e o brilho do luar, que não deixe de parte a justiça e a razão por te amar. Dou-te de presente o outro lado da lua, para que me leves contigo, para ser tua!'
Amanhecer:
'Quis ser mais que o teu amanhecer, quis antecipar-me da escuridão, levar-te ao entardecer. Mas sou fraco não me queiras compreender, sou comprometido não te deixes mais prender.
Sou noivo da terra, e estou seguro dela!'
Lua:
'De nada te serve conquistares a Lua então, se acabares por perder a Terra..
Amanhecer, tal como todos os seres tendem a escurecer, tu acabas escuridão.. tornas-te vago, vazio, vão!'
Amanhecer:
'Tornei-me fugitivo tamanha foi a ausência de ti, jamais regressei.. nunca mais amanheci.
Todas as minhas dúvidas de ti acabaram por me atraiçoar...
Podia ter conquistado dois Mundos, se não fosse o meu medo de errar.'
Lua:
'Tinha um milhão de dúvidas para te questionar,
um milhão de coisas que não te sei explicar,
passo mais outro milhão á minha procura sabendo que continuo no mesmo lugar!
Amanhecer:
'Faz tanto tempo que não te vejo,
as horas não se acalmam para te procurar,
os dias não se findam para te reencontrar!'
Lua:
'Desaparece do meu Luar, não tentes jamais regressar!
Que os céus me permitam dizer: Quem me dera te voltar a esquecer antes que o dia se extinga, antes do teu próximo amanhacer!'
Sombra
Não preciso mais de te chorar ao vento, porque quanto mais te sinto ainda mais te lamento. Mas choro... porque não quero dar voz e júizo à lourcura, escrever-te não é doença, mas cura..
Volto a ver-te com os olhos menos turvos e com uma alma menos tua e agarro cada chama de dor carregando o choro que acabou por findar.. não sei por quanto mais tempo terei de anunciar a derrota, não vejo qualquer sinal de remissão, e a alma não nota que o coração ainda sofre.
Estou acorrentada a uma solidão tão vazia, tão tua.. por entre uma luz escura tão sombria, quanto a lua. Nela, lembro-me de mundos e fundos, mares e oceanos e lembro-me de dias infinitos que se deixaram ir e se transformaram em anos.
Passou tanto tempo e não valeram as palavras..