Poemas : 

A PENÚLTIMA CEIA

 
esta pálida luz do teu silêncio
habita os corredores da memória
vai cortando o tempo ao meio e vence o
velho era-uma-vez de toda história

e tudo o que já fomos agora dói
feridas que não cicatrizam nunca
a maldição a caminhar adunca
esta traça que aos bocados nos corrói

e assim nos morrem todos os assuntos
tal como nós também morremos juntos
a ambição do nada é o que nos resta

nada nada nada mil vezes nada
provamos as sobras do que foi festa
até que cesse enfim a caminhada

__________________

júlio, 06-12-09

http://currupiao.blogspot.com/


Júlio Saraiva

 
Autor
Julio Saraiva
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/12/2009 11:14  Atualizado: 07/12/2009 11:14
 Re: A PENÚLTIMA CEIA
e assim nos morrem todos os assuntos. um poema cuidado, como quem constrói um relógio. parabéns.

abraço

mário


Enviado por Tópico
Maria Verde
Publicado: 07/12/2009 12:18  Atualizado: 07/12/2009 12:19
Colaborador
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Localidade: SP
Mensagens: 3489
 Re: A PENÚLTIMA CEIA
hoje não queria ler poemas tristes...
mas a beleza de tua escrita sobreleva qualquer sentimento triste, deixando em destaque a maravilha que é a estética de tua escrita, teu talento. eu encontrei nela "um tudo", "o nada" não vi.
abraço Júlio.

Maria verde


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/12/2009 12:36  Atualizado: 07/12/2009 13:09
 Re: A PENÚLTIMA CEIA
Amigo Júlio,

Belo, excelente soneto, ou de como a arte é arte é arte.
Com a sua autorização, gostava de o publicar no meu blogue http://cascatadesilencio.blogspot.com/.

DM


Enviado por Tópico
HorrorisCausa
Publicado: 07/12/2009 14:30  Atualizado: 07/12/2009 14:30
Administrador
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Localidade: Porto
Mensagens: 3597
 Re: A PENÚLTIMA CEIA
estámos sempre na penúltima ceia...até à última quanto tempo temos? talvez ainda se possa remendar os buracos da toalha feitos pela traça.


posso dizer que adorei este?

beijo


Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 08/12/2009 10:23  Atualizado: 08/12/2009 10:24
Membro de honra
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Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: A PENÚLTIMA CEIA
E com a sensação de finados,
muitas vezes com a sensação
de um enorme vazio, lá se revira a página.
Serão equívocos do tempo, ou tempo não vivido?

Adorei este terceto. Lindo, Júlio, este poema.
Arrepiou-me...

"e assim nos morrem todos os assuntos
tal como nós também morremos juntos
a ambição do nada é o que nos resta"
Abraço,
Vóny Ferreira