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De ti cheias, as minhas mãos vazias

 
Tags:  resina    âmbar  
 
De ti cheias, as minhas mãos vazias
moldam agora o vento em fêmeas ventanias.

Do mar o perfume a sal e a resina, tipografado a céu aberto,
sândalo perdurado no gume dum machado,
lanho colossal donde jorra a seiva percorrida
por pernas e asas esculpidas de insectos.

[Este vento âmbar, translúcido, transparente,
onde s’eternizam parados os nossos corpos amásios
d’insectos alados.]

Na hora ampla em que a noite regressa ao ventre de si,
em que inquieta te abraço
no desejo maior de te ver, de te ter, inclinado sobre caule,
pescoço livre em flor, este vento serei eu, amado,
e o mar da tarde
a beijar-te
terna, (e)terna,
lentamente, devagar, serenamente,
em mim, em nós, saudade.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Andy
Publicado: 26/01/2008 11:49  Atualizado: 26/01/2008 11:49
Membro de honra
Usuário desde: 01/08/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 1998
 Re: De ti cheias, as minhas mãos vazias
...lindo poema Mel! ...gostei muito


Enviado por Tópico
Junior A.
Publicado: 26/01/2008 12:00  Atualizado: 26/01/2008 12:03
Colaborador
Usuário desde: 22/02/2006
Localidade: Mg
Mensagens: 890
 Re: De ti cheias, as minhas mãos vazias
Teu querer pode muito fazer,
E ainda que o muito seja só teu,
Jamais há-de deixar a beleza,
A candura, a verdade tua...

Assim, ficas a pintar nas tardes,
Juntando tintas de saudade,
Nas telas dos sentimentos,
Passeias com pincéis de esperança,
Na certeza sempre de uma bela pintura,
Como cá deixara.

Mui bueno Poetisa.

Enviado por Tópico
De Moura
Publicado: 26/01/2008 14:17  Atualizado: 26/01/2008 14:17
Colaborador
Usuário desde: 10/12/2007
Localidade: USA / NJ
Mensagens: 751
 Re: De ti cheias, as minhas mãos vazias / P Mel de Carvalho
Olá Mel,

Teus poemas me deixam voar...sinto leveza como se estivesse flutuando no ar.

Muito lindo, muitos parabéns.

Um beijo, Alcina

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/01/2008 15:59  Atualizado: 26/01/2008 15:59
 Re: De ti cheias, as minhas mãos vazias
Nesse poema, Mel de carvalho galopa o vento, as fêmeas ventanias, saudades, distâncias...Do mar,inebriada maresia se eleva em asas doídas d'insetos. E o vento se acalma, domado na força das palavras, na hora ampla da noite, ela se revela o próprio ser da poesia. Terna e e (e)terna saudade.
Enches as mãos de poesia!