Poemas : 

CATIVO

 
Que não se percam teus braços
Em mim
Pois nós somos a antítese
De tudo que é normal e feliz.

Um de nós é lume
O outro é gelo que só machado quebra
Ou fogo poderá consumir,
E que isso não suceda,
Que nenhum lume queime tua paz,
Teu silêncio, teu morno sorriso…

Se fôssemos lume
E nos devorássemos paixão
Na cativa noite
Ainda que as lágrimas rodopiassem
O bailado dos ausentes,
Talvez a insónia não me visitasse assim,
Sempre tão contente,
Quem sabe ainda pudéssemos
Ser normais e felizes…

Mas tu olhas-me e já não me vês,
A venda que colocaste é opaca
E o meu toque um desconhecido sussurro
Que sentes grito imundo
Nesse teu reino de silêncio,
Então
Que se não percam mais em mim
Os teus olhos,
Digo-te adeus meu amor,
Parto de nós
Como uma mariposa louca.


© Célia Moura

© Célia Moura – A publicar “No hálito de Afrodite”
 
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CéliaMoura
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/04/2015 01:26  Atualizado: 27/04/2015 01:26
 Re: CATIVO
A água e o fogo têm um fascínio mútuo que faz cintilar muito especialmente os momentos em que se encontram. Suponho que seja algo como o prazer da água quente ou do calor húmido, pese embora o perigo de um se evaporar ou o outro se apagar.
Melancolia e euforia produzem espirais.
Belo poema.
Abraço