De estar aqui sentado
Apercebo-me que o meu lugar
É noutro lado,
Num sítio onde possa viajar
Sem estar levantado,
Sem sequer andar
Como alguém se terá lembrado.
De olhar para esta mesa
E para todas as outras à volta
Fico com a certeza
De que só um faz a revolta...
Rebento de beleza
Que espera o movimento que falta.
De sentir a caneta nos dedos
Tingindo o papel de preto,
Recordo alguns medos
Que sinto bem perto
Ameaçando os meus pequenos segredos.
De ter este cansaço anormal
No meu corpo tão prevísivel
Receio o que é fatal
E que não se define no papel.
Ao acabar o que não tem fim
Sei que me soltei,
Que saí de mim...
Sempre sonhei
Ter um sonho assim,
Em que me libertarei
Dum jugo sem fim.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.