Poemas, frases e mensagens de David_Miranda

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de David_Miranda

Dicotomia

 
Somos uma gota de pó
num mundo de terra
onde a palavra é paz
e a vontade guerra.
 
Dicotomia

Ontem. Hoje.

 
Por entre as letras do teu sorriso
Encontro a paz da minha alma
O silêncio já não é mais companhia
Apenas um velho amigo
Que me escutou sem renuncia
Ouvindo cada passo sem contestar.
Sentiu a minha dor!
Toda a minha vontade de partir…
Mas agora é tempo de partir!
Vou embora para um sítio onde não podes ir.
Cada palavra que tenho de dizer,
Não te pertence.
É para quem não me viu sofrer,
Mas sentiu o meu pesar,
É para quem me quis dizer,
Mas não me encontrava para falar.
Silêncio fica neste lugar.
Vou para onde não podes alcançar.
Vou tocar o céu!
Num manifesto de alegria e espontaneidade…
Numa simples explosão de cor,
Que senti na sobriedade.
Que encontrei na simples palavra,
Com tanto de complexo
Que me fez perder-te!
E fez renascer das cinzas…
O Tu estridente!
Agora simplesmente quero dizer:
Adeus silêncio,
Eu amo a vida que me inspira…
O som que me domina e tudo o que de mim partira…
 
Ontem. Hoje.

Feras

 
Soltem as feras
É tempo de circo!

Adornem os arruamentos
A festa vai começar
Deixem sair de casa os fragmentos
É tempo de mudar!

Chega de palavras ditas num gesto hipócrita
Chega de vãs certezas
Chega de tão planeada escrita
Que apodrece no oco vazio!

Pendurem a vossa voz,
Na estrada e corram,
Embalem o silêncio atroz
E acordem, sentem-se na consciência.

Digam a estrada que fique quieta
E olhem o rasto que largam,
É tudo o que vos resta!
Decadência.

Faz perder a fé no oráculo
E cair a cada curva
Despedaçar-se a cada obstáculo
Perder-se em si mesmo.

Chega e palavras sem dó,
De discursos de vontades
Que não são mais que pó
Embalado em sinuosidade.

Pensando melhor, não soltem as feras.
O tempo é de circo.
E os lobos andam cá fora.
 
Feras

L Ou Cura

 
É loucura.
Sonha-me.
Conta-me como foi
O tocar o corpo que me compõe…
Toca-me.

Faz-me teu pedaço,
Onde me desfaço
E me componho,
Onde me perpetuo e desapareço…

Mostra-me esses rios de calor
Que gelam a alma
E te fazer partir
E regressar.
Num constante ir
E sempre voltar…
Encanta os meus sentidos
Com os teus latidos,
Com a tua ânsia de um pouco mais.

Faz-me querer.
Faz-me ter.
Não me tenhas e tem-me por completo.
Escuta-me e não me escutes!

Faz o que te peço sem fazer o que digo.
Mostra-me por onde te levo,
Por onde corro contigo…
Faz de mim teu servo,
Teu senhor, teu igual.
Nunca esqueças quem sou,
Nem me tornes banal
Obriga-me a ver por onde vou.

Leva-me à loucura,
Faz-me desejo,
Faz-me teu ensejo…
Far-me-ei tua cura…
 
L Ou Cura

O som distante

 
Lá fora o som distante
Acompanha o que ficou
Lá atrás, na estante
Pouco se soltou.
A simplicidade era um momento
O mundo calmo, solitário
Os campos verdes
Escondiam o sonho secreto.
Ter o mundo como tecto
Um sorriso, uma brincadeira
Um amigo, uma alma verdadeira.
Tudo se passava por entre gestos curtos.
Num caderno meio rasgado,
Um pedaço de melodia,
Crescia sem ter lado
Talvez um dia, um dia.
O mundo lhe sorrisse
Pensava o coração,
Cheio de ilusão
Que lhe torneou os pensamentos
E o fez crescer sem esperar.
Eram tantos os sentimentos,
Que o faziam dobrar.
A ausência quase chorava
Só de o ouvir cantar
Aquela velha cantiga
De quem quer dar
E não tem mais que um caderno para o escutar.
 
O som distante

Caminho

 
Direccionamos tão mal a nossa energia
Tendemos para o mundo,
Que no seu desejo insano,
Nos faz orgia.
Ridículo excesso mediocridade.
Desçamos o pano,
Esqueçamos a idade,
Porque para ela não há tempo,
Apenas humanidade.
Imperfeição que teimamos em fazer crescer.
Se sofremos, fazemos sofrer.
Se nos fazem bem, esquecemos de o fazer…
Passamos horas a tentar matar mesquinhice,
Dando-lhe bombons e mentiras.
Não nos passa com a velhice
Nem com todas as iras.
Continuamos a esquecer o que nos faz quem somos.
Esquecemos que temos inteligência
Uma capacidade única de mudar quem fomos.
Esquecemos os sentimentos, agarramos a ciência.
Mutilamos as vivências e jogamos o amor em salas escuras.
Queremos que ele se torne forte
Mas não o alimentamos,
Queremos encontrar o equilíbrio, o norte,
Mas não o buscamos.
Devíamos o olhar e desenhamos maldade em cada traço,
Convicto, directo, traçado a régua e compasso.
Perdemos tempo na lama,
E deixamos a viagem a meio,
Não paramos por quem cai, mesmo quem ama.
Seguimos sem receio.
Até onde vamos? De que vale chegar?
Se perdemos tudo o que somos pelo caminho?
Se esquecemos de nos levar?
E deixamos o mundo ser o nosso espinho…
 
Caminho

Vamos?

 
Vamos desfazer os nós da vida.
Sentir a vida não em linha recta,
Como uma estrada perdida…
Mas de forma directa!
Sem que nenhuma sensação se perca.
Vamos sofrer a vida com alegria,
Magoar a tristeza com um sorriso!
Olhar para a frente com empatia,
Deixar para trás o que for preciso
Não ser insanidade, ser loucura!
Não ser remédio, ser a cura!
Vamos deixar para trás o barco partido,
Partir em busca do desconhecido!
 
Vamos?

Pequenez

 
Somos uma gota de pó
num mundo de terra
onde a palavra é paz
e a vontade guerra.
 
Pequenez

Meio passo

 
Sentei-me à sombra do teu luar,
Escrevi um verso em forma de amar
Olhei cada retrato
Em que o teu mundo sorria
A minha presença já não se sentia
Foi um triste chorar
Que a noite me queria mostrar
Mas as lágrimas ficaram contidas
Por dentro do espaço que deixaste vazio
Foram abatidas
Com um sentimento frio
Cada foto, uma lágrima escorria
Escorregava pela minha alma
E no final caía
Caía com toda a calma
Ficava presa ao chão do meu coração
Como um sonhador à ilusão
Hoje olhei todos os retratos
Enchi o coração de lágrimas
Para que os passos se tornem latos
E a agua lave as feridas antes que as oprimas
Porque amanhã quero sentir-me debaixo do astro-rei
E olhar as minhas imagens
Onde te esquecerei
Onde o meu mundo será espelho sem miragens
De uma alma treinada pelo tempo
Renovada pela determinação
Pronta para fugir do mundo que encheste de ilusão…
 
Meio passo

Estranho

 
Soltei teus os peixes,
Correram pelo teu ar exausto de viver!
Enquanto os teus pássaros
Nadavam na tua terra de magoa…
Voava lá em cima o teu rebanho
No meio da água,
Procurando o que mastigar!
Tornaste o teu mundo estranho,
Só porque um dia não me quiseste mais amar.
 
Estranho

Sequências

 
O rastilho rasga o silêncio
Que moribundo se prende na língua.
O meu corpo cai no chão
Como a ultima nota do piano
Forte. Intenso.
Porque partiste?
Foi imenso,
O barulho do que destruíste…
Ainda choro a tua voz,
Carente do teu toque
Que atroz,
Vai desfazendo os pensamentos.
Ao longe, os momentos,
Desenham no horizonte,
A tua existência,
Imagens paradas em sequencia.
Chegam até mim, despidas,
Exaustas e tristes.
Agarro-as no meu peito, sentidas,
Choram porque fugistes.
Aqueço o coração,
Tento dar-lhes calor,
Mas é apenas ilusão.
Dele apenas sai dor.
Conhecia cada traço do teu corpo,
Injusto momento,
Que te despejou o copo,
E matou o sentimento…
Agora sem abrigo da tua mão,
Mendigo as tuas imagens,
Busco na ilusão,
De ti, miragens…
Mas de que me serve amar?
Se sei que não vais voltar?
De que serve guardar,
Se sei que perdi o que tinha a ganhar…
Chega de esmorecer,
Chega de cair,
É tempo de esquecer,
Tempo de seguir…
Porque a vida corre,
Enquanto a alma nos morre…
 
Sequências