Vamos?
Vamos desfazer os nós da vida.
Sentir a vida não em linha recta,
Como uma estrada perdida…
Mas de forma directa!
Sem que nenhuma sensação se perca.
Vamos sofrer a vida com alegria,
Magoar a tristeza com um sorriso!
Olhar para a frente com empatia,
Deixar para trás o que for preciso
Não ser insanidade, ser loucura!
Não ser remédio, ser a cura!
Vamos deixar para trás o barco partido,
Partir em busca do desconhecido!
Pequenez
Somos uma gota de pó
num mundo de terra
onde a palavra é paz
e a vontade guerra.
Meio passo
Sentei-me à sombra do teu luar,
Escrevi um verso em forma de amar
Olhei cada retrato
Em que o teu mundo sorria
A minha presença já não se sentia
Foi um triste chorar
Que a noite me queria mostrar
Mas as lágrimas ficaram contidas
Por dentro do espaço que deixaste vazio
Foram abatidas
Com um sentimento frio
Cada foto, uma lágrima escorria
Escorregava pela minha alma
E no final caía
Caía com toda a calma
Ficava presa ao chão do meu coração
Como um sonhador à ilusão
Hoje olhei todos os retratos
Enchi o coração de lágrimas
Para que os passos se tornem latos
E a agua lave as feridas antes que as oprimas
Porque amanhã quero sentir-me debaixo do astro-rei
E olhar as minhas imagens
Onde te esquecerei
Onde o meu mundo será espelho sem miragens
De uma alma treinada pelo tempo
Renovada pela determinação
Pronta para fugir do mundo que encheste de ilusão…
Estranho
Soltei teus os peixes,
Correram pelo teu ar exausto de viver!
Enquanto os teus pássaros
Nadavam na tua terra de magoa…
Voava lá em cima o teu rebanho
No meio da água,
Procurando o que mastigar!
Tornaste o teu mundo estranho,
Só porque um dia não me quiseste mais amar.
Sequências
O rastilho rasga o silêncio
Que moribundo se prende na língua.
O meu corpo cai no chão
Como a ultima nota do piano
Forte. Intenso.
Porque partiste?
Foi imenso,
O barulho do que destruíste…
Ainda choro a tua voz,
Carente do teu toque
Que atroz,
Vai desfazendo os pensamentos.
Ao longe, os momentos,
Desenham no horizonte,
A tua existência,
Imagens paradas em sequencia.
Chegam até mim, despidas,
Exaustas e tristes.
Agarro-as no meu peito, sentidas,
Choram porque fugistes.
Aqueço o coração,
Tento dar-lhes calor,
Mas é apenas ilusão.
Dele apenas sai dor.
Conhecia cada traço do teu corpo,
Injusto momento,
Que te despejou o copo,
E matou o sentimento…
Agora sem abrigo da tua mão,
Mendigo as tuas imagens,
Busco na ilusão,
De ti, miragens…
Mas de que me serve amar?
Se sei que não vais voltar?
De que serve guardar,
Se sei que perdi o que tinha a ganhar…
Chega de esmorecer,
Chega de cair,
É tempo de esquecer,
Tempo de seguir…
Porque a vida corre,
Enquanto a alma nos morre…