Poemas, frases e mensagens de RaipoetaLonato2010

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de RaipoetaLonato2010

Poesia: Viagem para Castália, Pó de lua,Quirom, Outros pós,Claro Espírito, Nau de Nuvem, Olhos de Argos. Infantis:O palhaço que veio do céu, Zanzalau de Dona Raposa, A galinha gulosa, A Cegonha Branquineide, Poema das Letrinhas, A zebra Zinalda

Canção da chuva

 
palavras
acordam.

ao meio-
dia

a chuva
silencia.

na rua
arde cedo
a poesia.
 
Canção da chuva

Êxtase

 
havia
amor trans
lúcido,
antes
tudo
fora
proibido.

Amaram-se.
Iluminaram-se.
 
Êxtase

A Noite

 
A noite
desenha
sentimentos

escreve
manhãs

alonga
palavras
no vento.

II

Sonho sem
os sabores
da posse

antes
de ver
o sol
na tua
boca.

Agora
aqueço
o pão
e rezo.
 
A Noite

Poema do amor perdido

 
Senti
o mundo dentro
dos sapatos.

Deixastes
marcas
de abraços
nas velas
do meu
barco.

Navego destinos
das tuas viagens.

O tempo passa.

O vento sopra
as cortinas
do teu quarto.

Chegas farto.
Voltas vestido
de saudade.
 
Poema do amor perdido

A minha verdade

 
_____________
A minha verdade é absoluta.
Cabe nas meias compradas
para ir à missa.

À distância,
palavras seguem
cometas.

Mergulham poemas
dispersos na chuva.

Fixo a boca nos rótulos,
sopro todas as tintas
nas páginas do mundo.

Procuro no espaço
sermões e discursos.

Deus & filhos dormem.
Espanto mosquitos
com palha e seda.

A minha verdade
soa no infinito.

Quando falo,
ouvem atentos,
os santos mais altos.
 
A minha verdade

Poema quase lento

 
Adagio ao vento.

O beijo falso
fere a boca?

II

Olhares
seguem
a chuva
na terra
de alguém

à espera
de amores
que não
vem.

II

Na mesa
farta
quebram
pratos
comem
flores.
 
Poema quase lento

Hermético

 
O poeta escreve:
visto casacos de neve
e camisas de nuvens.
Quem ouvirá o poema?
 
Hermético

Tu

 
dissestes que voltarias
com palavras mornas

e sairias
à francesa
sem provocar ruídos.

espero-te
sem artifícios.
traga resquícios
do sol.

no entanto, músculos,
palavras e sentidos
são indefinidos.

chego às alturas,
e sinto a espessura
das mãos largas.

entrego-te a calma
e a construção
deste poema.

dou amor, esqueço
intrigas e confesso:

és o equilíbrio
O vício leve, breve
quase promíscuo.

és a oração que fecha
a noite e abre manhãs.
 
Tu

No fio das horas

 
quero a sabedoria das horas
e a noite inteira, a devorar
os sonhos mais belos.

coleciono vestidos,
porcelanas e cristais
do Leste Europeu.

lava-me o corpo as águas do Nilo.
o vento desembaraça os cabelos.

canto um fado de Amália,
escrevo na poeira dos
muros de Berlim.

corto o fio das horas...

ouço o silêncio das lâminas
e o barulho dos trilhos nas
janelas.
 
No fio das horas

Tombos

 
pom....bos
bam.....bos

tom.....bam

bam.....bos

{fazem}
cenas
...

no templo
a hora é clara
luz e sombra
no filme noir.
 
Tombos

Lendo poemas de amor

 
.
.
.

Lendo poemas de amor,
minha alma tonta e torta,
liberta-se de tuas mãos.

Lendo poemas de amor,
ensaio passos na chuva,
desapareço nas pontas
das estrelas de papel.

Separo o sal dos rios
nas cores dos tapetes
comprados em Bagdá

Ouço as palavras
sufocadas na tua
boca.
 
Lendo poemas de amor

Manhã

 
Céu azul manhã.
dançam os pássaros,
acordam o sol.
 
Manhã

Alva

 
mágoa agora não.
Digo não à nódoa
na longa alva.
 
Alva

Cenário

 
serras ossos fogueira
fumaça céu vermelho.

sussurros ventos luz
corpos papéis picados copos e espelhos
molhados

Vestidos
bordados
panos
de pratos
pintados
olha o olho
o chão.
 
Cenário

Teus olhos

 
leio teus olhos...
vejo o azul nas almas.
nas calçadas, a chuva
acalma as manhãs.
 
Teus olhos

A palavra

 
a palavra
segue o som
e o exemplo
da flor:

entrega-se
ao vento

espera o fruto
nos dentes

a palavra
aquece corpo
da serpente,
num estalo
de dedos.

Bole na ordem,
revira os séculos,
renasce no caos.
 
A palavra

Nas coxias

 
sobrevivo nas coxias
dos teatros antigos.

pontuam saudades
nas poltronas vazias.

Ouço o eco dos teus passos e
dentro dis sapatos nas estações
do metrô.

sabes das minhas virtudes.

nos palcos, Virgínia Wolf,
Clarice Lispector e Simone
de Beauvoir, falam por nós.

o tempo não devora meus olhos...

meus personagens descem pelos
muros dos presídios e atrás dos
altares.

não deixo livros e filmes nas gavetas.
são mais úteis nos cantos da casa.

há encontros nas cenas abertas.
ouço a plateia no segundo ato.

Nas páginas dos meus romances,
mocinhos e bandidos não morrem.

há espelhos entre nós.
 
Nas coxias

Stop!

 
A tarde voa.
Param os ponteiros
dos relógios comprados
na banca do camelô.

Meninos
desenham
estrelas.

Movimentam-se no céu:
desenhos e cores e
papagaios de papel.

Manhãs
desfiam
nuvens.

Renascem as folhas
na sombra dos quintais.
 
Stop!

Um Movimento

 
movimentam-se
palavras e estrelas:
uma,
duas,
três
mil coreografias no vento

fios de espuma vestem poemas
correm séculos não apagam não morrem



nas linhas do tempo.
nascem morrem as águas
em ondas namoram o sol

nua no palco a deusa dança
no ar giram olhos e braços

um raio azul transpassa
a pedra o pulso o pulmão.
 
Um Movimento

O sono das palavras

 
A poesia guarda-se.
Ouve o som do aplauso
na ausência de beijos.

{Dormem as palavras}
 
O sono das palavras

Poemas em ondas deslizam nas águas.