Letras de Vidro
.
.
.
.
.
Letras de Vidro
por Betha Mendonça
as letras estalam
ruídos aos ouvidos
feridas na mão...
versos quebrados
não doem na carne
nem n’alma...
caem tinta ao chão:
na poça o poema,
que você não leu!
*Poemas para Ulisses
"Atalhos"
"Atalhos"
Quando se vai
E levas o melhor de mim.
Aí... Sou do verso, a rima torta.
Simulo um contorno triste
No movimento lento das mãos
A tônica suave do gesto.
Conheço os ecos ensurdecedores
Dos passos trôpegos,
Nas frágeis asas do vento.
Dias lentamente moídos
No moinho dessa vida.
Que de certeza traz somente a demora...
Perdida em horas aladas
Olho a noite, atônita,
Que despe a madrugada
E abraça a manhã.
Tremo quando retiras o xale
Das tuas carícias...
E vem o medo...
Quando teu olhar encontra o meu
E não ouves o que meu corpo fala...
Então meu canto é o uivo
De uma loba ferida...
E passos furtivos,
buscam atalhos...
Glória Salles
"Permuta"
"Permuta"
“Permuta”
Fui permutando com o tempo
Quando o tive entre os dedos
Obstinada, reinventei a poesia.
Sussurrando a sós, meus medos.
Sem dó o verso contorcionista
Laça os dias, encurta os momentos.
Segue soletrando pesadelos
Veste o avesso dos sentimentos
E quando na contra mão da vida
Sou vontade de não existir
Aí me prendes nos teus versos
E esquadrinhas meu sentir
Abre as comportas da fome
Que alem do ventre se instala
Faz barulho em meus silêncios
Em minhas margens resvala
Nas clareiras instaladas
Alimentas o fogo que crepita
E Rainha de tuas noites
Abençôo o sopro da vida.
Glória Salles
para não rimar com a morte
das noites sou refém
conto as horas,
mais além pela madrugada
vem a saudade de alguém
que o destino me trouxe à sorte
escalo o verso
para não rimar com a morte
que é triste e sombria
e vaga pelo meu dia, a dia!
há uma voz em mim sempre em silêncio
frágil como a vida que me resta
quando olho as rugas da minha testa
linhas com sonhos à mistura
descobrem minha fragilidade
veladas de saudade
este poema ancora nele a solidão
mas com ele não me sinto só!
é como um deserto árduo
- sem água nem pão!
onde um dia o Poeta vira pó.
natalia nuno
FLASH
Lute, concorra
Conquiste, morra
Se Aliste, apele.
Negue, sele
Viaje, mude
Mantenha, Estude
Passe
Repasse
Perceba, mire
Espere, atire
Vista, calce
Suma, salve
Goste, rime
Escreva e termine
Rio de Janeiro, em um dia qualquer na primeira década do Século XXI, Tiago Malta
“Grávida de verso”
O reflexo que vê não lhe diz nada
Reflete a dúvida, sempre tão igual.
Nas nuvens, ou na profundeza abissal
O tempo não muda, a hora é parada...
Tanta lucidez deu lugar à loucura
Tecendo sorrisos pálidos, sem brilho
Transformando cada verso, um andarilho
Fazendo a poesia prenha de ternura...
O coração vai resignado, não refuta
Já não deseja a melancolia do passado
Posto que no sonho, a alma se refugia...
Combinando com a vida uma permuta
Intenso, vive cada estrofe desse fado
E um parto poético acontece cada dia...
Glória Salles
14 março 2009
20h17min
Grata pelo carinho de sua visita...
Beijos.
No meu cantinho...
O que é de B.O.B.
Todos querem me matar
É sério!
Todos
Querem
Me
Matar
Oh só:
Meu trabalho quer me matar de cansaço
Meus pais querem me matar de angústia
Meus amigos querem me matar de tanto beber
Meu filho quer me matar de rir
Minha esposa quer me matar de prazer
Em fim,
Todos querem me matar
E cabe a mim
Escolher a melhor forma de morrer
Rio de Janeiro 22 de Julho de 2016 - Cantinho do Poeta Feliz, Volume 2
VeRSo MuTaNTe
No verso está imerso o som distante, voz basculante
Do poeta… a porta aberta mostra o diamante
Se alguém o sente, entra-lhe na mente
E se absorve, ou se comove
Trespassa
Transcende
Transporta
E tudo move, dentro revolve,
E então, fremente, a voz parece gente
Porque desperta, algo aperta, verso mutante
Achou o berço, no lado inverso, renascido, verso infante!
14-03-2013
CREPÚSCULO
A barca dos homens bóia no espaço;
Pequena partícula azul do universo.
Um tantinho assim, ínfimo pedaço;
Do livro inteiro um pequenino verso.
Se a terra chega a ser poeira apenas,
Um quase nada, ponto minúsculo;
Quão seriam nossas vidas pequenas?
Perdigoto, mínimo crepúsculo.
E nos achamos donos da verdade,
Sobrepujamos a mãe natureza;
Elegemo-nos o centro do mundo.
Nesse misto de poder e vaidade,
Vamos vivendo a nossa realeza
Nos enterrando... cada vez mais fundo.
XVIII
Venha boa nova me mostrar
Sendo fértil a mente e a terra
O que se colhe neste lugar
Se trabalha muito e não se aferra
do Livro Teorema Menor