Canção da chuva
palavras
acordam.
ao meio-
dia
a chuva
silencia.
na rua
arde cedo
a poesia.
Êxtase
havia
amor trans
lúcido,
antes
tudo
fora
proibido.
Amaram-se.
Iluminaram-se.
A Noite
A noite
desenha
sentimentos
escreve
manhãs
alonga
palavras
no vento.
II
Sonho sem
os sabores
da posse
antes
de ver
o sol
na tua
boca.
Agora
aqueço
o pão
e rezo.
Poema do amor perdido
Senti
o mundo dentro
dos sapatos.
Deixastes
marcas
de abraços
nas velas
do meu
barco.
Navego destinos
das tuas viagens.
O tempo passa.
O vento sopra
as cortinas
do teu quarto.
Chegas farto.
Voltas vestido
de saudade.
A minha verdade
_____________
A minha verdade é absoluta.
Cabe nas meias compradas
para ir à missa.
À distância,
palavras seguem
cometas.
Mergulham poemas
dispersos na chuva.
Fixo a boca nos rótulos,
sopro todas as tintas
nas páginas do mundo.
Procuro no espaço
sermões e discursos.
Deus & filhos dormem.
Espanto mosquitos
com palha e seda.
A minha verdade
soa no infinito.
Quando falo,
ouvem atentos,
os santos mais altos.
Poema quase lento
Adagio ao vento.
O beijo falso
fere a boca?
II
Olhares
seguem
a chuva
na terra
de alguém
à espera
de amores
que não
vem.
II
Na mesa
farta
quebram
pratos
comem
flores.
Hermético
O poeta escreve:
visto casacos de neve
e camisas de nuvens.
Quem ouvirá o poema?
Tu
dissestes que voltarias
com palavras mornas
e sairias
à francesa
sem provocar ruídos.
espero-te
sem artifícios.
traga resquícios
do sol.
no entanto, músculos,
palavras e sentidos
são indefinidos.
chego às alturas,
e sinto a espessura
das mãos largas.
entrego-te a calma
e a construção
deste poema.
dou amor, esqueço
intrigas e confesso:
és o equilíbrio
O vício leve, breve
quase promíscuo.
és a oração que fecha
a noite e abre manhãs.
No fio das horas
quero a sabedoria das horas
e a noite inteira, a devorar
os sonhos mais belos.
coleciono vestidos,
porcelanas e cristais
do Leste Europeu.
lava-me o corpo as águas do Nilo.
o vento desembaraça os cabelos.
canto um fado de Amália,
escrevo na poeira dos
muros de Berlim.
corto o fio das horas...
ouço o silêncio das lâminas
e o barulho dos trilhos nas
janelas.
Tombos
pom....bos
bam.....bos
tom.....bam
bam.....bos
{fazem}
cenas
...
no templo
a hora é clara
luz e sombra
no filme noir.