Poemas : 

Custa-me o ar que sorvo

 
Custa-me o ar que sorvo

Há um mundo obscuro, embriagado, morto de paixões, insaciável de prazer,
no gosto lento, ardente, imóvel, carente de emoção,
nas raízes ocultas das entranhas da terra,
nas árvores caídas, recheadas de asas indolentes.
Queimam-me as pálpebras, lentas, que se recusam a abrir,
refugio-me na tranquilidade amena da guerra que fere,
abro-me no resquício cinzento da tormenta e na nuvem tardia.
Custa-me o ar que sorvo, demora-se na passagem por mim.
Sinto-me no sangue quente, ávido de prazer e lascívia.
Solto-me, na candura do orgasmo e no êxtase fácil.
Altero-me, passeando-me pelas névoas espessas do não querer.
Só a mágoa não está presente na dádiva virgem que dou.
Só a insolente paixão pela morte moribunda trás algo novo.
Agora incendeiam-se fogueiras para os rituais,
já se perderam os fumos nos incensos queimados,
já se tornaram invisíveis os sentimentos no descanso.
É mais fácil, ser assim, um poço de rancores e um depósito de melancolias.
É mais fácil, condensar a mágica insanidade petrificada, e não a revelar.

 
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jomasipe
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Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 09/10/2009 17:35  Atualizado: 09/10/2009 17:35
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Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: Custa-me o ar que sorvo
Olá,
gostei bastante do poema,
do seu desenrolar sombrio
mas delicado,
complexo seria atear fogo a
tantas convicções e depois ter
de inalar seus produtos, ainda bem
que não o faz.
Parabéns!