Luso-Poemas
 
Prosas Poéticas : 

«« Penhasco ««

 
E se eu cair do mais alto penhasco
Porque o passo apressado se esquece de medir o tempo
E o tempo contrafeito esquece-se que é tudo menos perfeito
A perfeição sentindo-se invadida na sua privacidade
Dá um empurrão na minha insanidade
Essa, a insanidade veste-se da mais louca leviandade
Com vestidos de veludo lavrado a pecado
O pecado coitado, mete mãos ao trabalho e deixa-me louca
É aí que descubro que sou poeta de coisa pouca
Num pouco de nada escrevo os meus versos
Que bradam aos céus contra os arremessos
Da vaidade em que me banho sempre que escrevo
Nunca perguntei, afinal quem sou
Porque as palavras me saem em rodos de insatisfação
Porque me entrego à luxúria da criação
Apenas sei que me desnudo e me dou
Correndo o risco de cair do penhasco
Mas, nesse dia cairei em queda livre
Porque escrevo sem medir as palavras
Acorrento-as faço delas minhas escravas
As palavras levam as mãos à cabeça e bradam aos céus
És poeta mas pouco, os versos jamais serão teus.

Acabaram de voar, caíram nos olhos seus.


Antónia RuivoOpen in new window

Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...

 
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Antónia Ruivo
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Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 14/10/2009 18:12  Atualizado: 14/10/2009 18:12
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8104
 Re: «« Penhasco ««
Ah, está excelente este poema, não tem perigo de ruir. Beijinho

Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 14/10/2009 20:31  Atualizado: 14/10/2009 20:31
Colaborador
Usuário desde: 19/04/2009
Localidade:
Mensagens: 4812
 Re: «« Penhasco ««
...belíssimo poema, de palavras, imagens e sabedoria feito... Parabéns Antónia

bj
arfemo

Enviado por Tópico
luciusantonius
Publicado: 14/10/2009 20:42  Atualizado: 14/10/2009 20:42
Colaborador
Usuário desde: 01/09/2008
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Mensagens: 669
 Re: «« Penhasco ««
De uma queda ninguém está livre. Mas garanto-lhe que corre pouco esse risco. Há poetas muito modestos que não querem reconhecer-se. Deixe que lhe diga que estes versos cairam e cobriram desveladamente os meus olhos. Belo poema.
Um abraço
Antonius

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