Crónicas : 

As surpresas do amor!!

 
As surpresas do amor

As surpresas do amor

Você já traiu o seu ou a sua amada? Ou foi traído? Veja como foi resolvido este caso!!

Tem dias que não são dias e tem noites que não são noites! Foge até da bipolaridade do sol e da lua! A gente nem deveria sair de casa e se o fizesse deveria se benzer muito. Em qualquer cidade do litoral diria-se "O mar não está para peixe", mas na minha cidade não tem mar, então terei que me virar com uma outra solução para o problema, e até poderia ser um ditado e calharia um como, por exemplo "Quem não tem o que falar, inventa o que escrever"! Então inventando ou re-inventando eu vou seguindo, não posso parar a minha canoa nesse mar de letras e revolto com ondas de palavras, orações e frases!

Não era nem três da tarde, saí para pagar um conta telefônica num banco perto de casa, é uma agência nova, com poucos clientes, uma belezura segundo o meu amigo Pin. Foi tão rápido que não deu nem para ler dez páginas do livro que me propus a fazer e já fui atendido! Uma belezura mesmo! Saí pelas ruas sem muita pretensão. Eis que, entrei numa lanchonete, sentei, peguei o Graciliano Ramos e abri as vidas secas no Vidas Secas e iniciei a leitura das informações ao redor da obra. Embarquei nessa leitura de fato e conheci o Fabiano. Pô meu o cara não fala! Foi esse meu pensamento, chamei uma cerveja para aliviar o calor lá de fora e molhar um pouco a minha secura e as palavras do livro, bem como refrescar o quenturão do nordeste. Haja instinto, também as personagens não são de ferro!

Não tinha nem conhecido ainda a secura nordestina direito quando apareceu um amigo. Sentou-se ao meu lado na mesa, olhou para minha cerveja já pela metade, encheu o copo dele e mandou outra na mesa por sua conta e desembuchou! Eu estou usando este termo, porque veio bucha mesmo:

- Sabe colega, arrumei um novo amor e vou me separar da minha mulher!

Para não cansar a sua pessoa leitor, eu mesmo relatarei a conversa que tive naquele dia na lanchonte! O leitor já não ignora que o homem vem há muito traindo as mulheres e elas por sua vez também o fazem há anos. Algumas dizem até que os homens traem mais. Mas no frigir dos ovos o resultado é o mesmo: os dois traem. Dizia ele que se apaixonou por uma pessoa sem querer, não tinha nenhuma intenção diferente a não ser a amizade, mas as coisas foram acontecendo, os olhares denunciando algo mais que uma simples amizade e o amor se instalou no coração dele e percebeu que também era correspondido. Ora leitor é tão bonito o amor quando adentra o coração da gente, é tão sublime esse sentimento, que todos querem se apaixonar e o meu amigo chegou a conclusão que era vez dele. Segredava a mim, que quando conheceu a sua esposa, foi num momento difícil da vida e que não estava imune a qualquer carinho e acha até que pelo fato da mulher atendê-lo naquele momento tenebroso de sua vida, é que foi ele se acostumando com ela e até, seria possível , terem confundido solidariedade com amor. É perfeitamente plausível para mim leitor e para você? Bem é melhor você ficar com os pensamentos e juízos de valores seus e eu seguir na minha trajetória do contar!

Cá com os meus botões até acredito que fosse assim, desde que não estivessem a quantidade de vida a dois que eles tinham: 26 anos não é pouca parceria. Acho que até o Graciliano Ramos que sentiu de perto uma rajada dessa poderia concordar comigo. Não falei nada para ele, porque eu percebi que ele precisava de alguém para escutar e eu naquele momento estava mais para Fabiano do que para Sinhá Vitória. Naquele momento eu era só ouvido, boca nem passava pela minha face. E seguia ele com o relatoria. Descobriu o novo amor num almoço da empresa. Todos funcionários lá reunidos numa chácara e foi quando ao passarem uma latinha de cerveja para o outro, as mãos se tocaram e esse contato de pele ligou os hormônios , sacudiu o cérebro e liberou a adrenalina e "o mal estava feito"! Um simples toque e a vida dele passaria a mudar profundamente.

Eu me condoía com a história, eu aprendi com os meus pais que o casamento é até "que a morte nos separe", mas para aquele homem, não era a morte que o separava. Portanto na minha cabeça não entrava ainda aquele raciocínio . Entretanto eu estava ali ouvindo e a minha função era só essa naquele momento, em seguida despejou mais algumas e mais outras informações nos meus ouvidos! Soube que já fazia seis meses que esse amor invadira seu coração e ele já não aguentava mais aquela situação e que daria, em pouco tempo, cabo de seu casamento. Assumiria de vez o novo amor! Olha leitor, eu não era muito amigo assim, chegado dele. Havia trabalhado com ele numa empresa, éramos, eu diria assim, colegas de trabalho, não o suficiente para me contar tanta intimidade. Pois não é que ele me falou isso, disse que quando me viu, resolveu contar-me tudo, justamente por esse motivo: não ser o seu chegado. Com certeza não me veria mais e portanto ficaria o dito por não dito de estranho para estranho. Depois de contar mais coisas e de despedir-se de mim, seguiu o seu caminho e eu a trilha seca de Graciliano em companhia de Fabiano e a sua família. O inacreditável aconteceu alguns dias depois.

Fui pagar uma conta numa das Lojas Pernambucanas, estava na fila, pagaria a fatura quando uma mulher me cumprimentou e puxou conversa, dizia que me conhecia de um almoço em uma empresa. Trocamos algumas informações e realmente era eu. Dela não me lembrava, mas do almoço me lembrava perfeitamente. Naquela época, eu fazia voz e violão em barzinhos por aí e, nesse dia, o cantor passou mal de disenteria e me chamaram para tocar no lugar dele. Até que ele se livrasse do desespero das súbitas correrias ao encontro do trono de rei das quatro paredes. Eu não era muito bom, mas comigo cantando e sem migo, era, por sinal, uma grande diferença. Sabe aquele ditado "perdido por um perdido por mil! Truco"!! Então foi por aí!

Seguiu ela com a conversa. Fiquei sabendo de quem ela era esposa! Do meu colega Betordo.!! Aquele que contou da paixão pelo novo amor lembra? O mesmo que é o objeto desta narrativa. Não demorou muito, chegou nos finalmentes. Mulher é mais fácil de se fazer amizade em qualquer fila. A gente começa a conversar sobre filhos, de repente vão virando os assuntos e, até que, em questão de minutos já se fica chegado e já até se sabe de algumas coisa mais particulares. Falou para mim do seu marido. Ele havia mudado muito em questão de um ano. Não demorou muito já disse que tinham conversado com o esposo aquela semana e deveriam realmente se separar.

Não me surpreendi com a notícia, mas, na hora, a minha reação foi de surpresa, não trairia meu colega relatando a esposa a conversa que tive com ele. Ouvi e me comportei como se não o conhecesse e muito menos a situação. Seguia ela na sua trajetória do contar. Quando Betordo resolveu comunicar a decisão a esposa o fez de maneira tão delicada as colocações, que ela foi absorvendo as narrativas e as explicações, que, no final, a separação dar-se-ia nos níveis amigáveis e muito menos chegariam no papel. E vou mais além, continuariam vivendo juntos como se nada houvesse. E me adiantou que estava também apaixonada por outra pessoa.

Disse isso com um sorriso bem largo de satisfação. Este comportamento me intrigou. Será que os dois tinham se apaixonados ao mesmo tempo? Como pode um casamento terminar assim com os dois amando pessoas diferentes ao mesmo tempo? É normal um e depois da separação o outro também arrumar uma tampa para sua panela e seguir cozinhando a vida em fogo baixo. Achei estranho, mas como já falaram que há tantas coisas entre o céu e a terra que até Deus duvida, dei como aceitável e cerrei as janelas do pensamentos. Cortei as energias, não queria gastar fósforo com problemas dos outros! É muito menos aumentar o meu estresse!

Fiquei sabendo de muitas informações e que para não cansa-lo, eu suprimi algumas e só estou relatando agora, porque eu recebi o OK para trazer isto a público, desde que eu não usasse os nomes verdadeiros. E eu disse aos dois numa festa que nos encontramos um belo dia, que ela seria Rosaura se houvesse a oportunidade de publicar.

Betordo e Rosaura não se separaram e estão agora morando juntos com mais dois agregados : Vandirlei e Jonildo, as paixões de ambos. Por sinal o casal que agora dividem as despesas e as camas. Fiquei boquiaberto quando soube que ele se apaixonara pelo Jonildo e ela pela Vandilei. Segundo eles , estavam felizes, porque estavam juntos e poderia até namorar se fosse o caso, e que seriam bem aceitos pelos dois amores mais novos. As noites eram marcada por brincadeira de lutas de espadachins e entremeadas com as brigas das aranhas, sabe aquele estilo francês?

Bem !Eu sei que o tempo foi passando, foi passando. Até uva passa! E também porque tudo que é bom sempre dura pouco e na ventania do cotidiano esta história foi rodando de pessoa em pessoa, de boca em boca, de ouvido em ouvido e se acabou como começou.

Só sei que entre as lutas de espadas e o farfalhar das aranhas, só se salvou esta ficção!

Leitor um abraço!!

(Santiago Derin)


Exercitar a leitura é alimentar o intelecto!!!

 
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ramedaol
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