Poemas : 

HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE

 
Hino
Santa Maria! Volve o teu olhar tão belo,
de lá dos altos céus, do teu trono sagrado,
para a prece fervente e para o amor singelo
que te oferta, da terra, o filho do pecado.
Se é manhã, meio-dia, ou sombrio poente,
meu hino em teu louvor tens ouvido, Maria!
Sê, pois, comigo, ó Mãe de Deus, eternamente,
quer no bem ou no mal, na dor ou na alegria!
No tempo que passou veloz, brilhante, quando
nunca nuvem qualquer meu céu escureceu,
temeste que me fosse a inconstância empolgando
e guiaste minha alma a ti, para o que é teu.
Hoje, que o temporal do Destino ao Passado
e sobre o meu Presente espessas spmbras lança,
fulgure ao menos meu Futuro, iluminado
por ti, pelo que é teu, na mais doce esperança.


1

“por ti, pelo que é teu, na mais doce esperança”
Encontro a magnitude e dela a paz desfio
O quando dentro em mim além do desafio
A força em plenitude em ti eu sei, se alcança.
Vencer o que se fez terrível nos meus dias
E ser além de tudo a ti agradecido,
No quanto me devora o tempo enaltecido
Em ânsia dolorosa aonde em vis, sombrias
Medonhas e cruéis terríveis tempestades
Diverso desta luz na qual tu tanto dás
E dela se percebe a imensa e plena paz,
E quando com ternura aos poucos tu me invades
Eu agradeço tanto a cada glória em ti
Depois de tanta incúria aonde eu prendi...

2


“fulgure ao menos meu Futuro, iluminado”
Depois de tanta dor ao menos vejo enfim
O quanto em galhardia havia dentro em mim
Ao superar em ti a dor do ledo enfado,
O rumo que hoje sei em paz e em plenitude
Deveras se moldando aonde houvera trevas
Enquanto tanto amor, a cada dia cevas
Permito-me sonhar e ver que se transmude
O quanto em dor e sombra havia conhecido
Singrando um mar intenso, em dores e procelas
No amor que tanto vejo enquanto a paz revelas
O tempo de sonhar agora revivido
Permite ao navegante ao menos manso cais
Em noite tenebrosa? Os dias magistrais.

3

“e sobre o meu Presente espessas sombras lança,”
O temporal da vida aonde em duro açoite
O dia se fez turvo imensa e amarga noite
Deixando uma alegria apenas na lembrança.
Não posso permitir a dor que me domina
Tampouco desejar a sorte em tempestade
O quanto do temor ainda vejo e invade
Jamais determinando ausente em mim tal mina,
O peso do passado agora se sentindo
O rosto em tanta ruga especular delírio
O traço dominante expressa tal martírio
E nele o sofrimento intenso e mesmo infindo,
Ao perceber quão belo o rumo que me deste
Cevando com ternura em solo outrora agreste.


4


“Hoje, que o temporal do Destino ao Passado”
Deixando como sombra apenas o que fora
Depois de tanta treva, uma alma sonhadora
Entrega-se ao destino e crê num belo fado,
O gesto cauteloso, embora sem temor
Transcende ao próprio medo e esboça a reação
Mostrando tão somente em glória a direção
E nela se percebe o puro e vasto amor
Aonde com certeza outrora o desencanto
Mostrara a dor suprema ao desviar o rio,
E quando o meu passado em frente a ti desfio,
Tocando com ternura as fimbrias de teu manto
Eu sinto a paz e tento ao menos prosseguir
Na senda soberana, agora um elixir....


5


“e guiaste minha alma a ti, para o que é teu”
Deixando para trás o quanto me perdera
E quando vejo em ti o amor que eu concebera
O todo em sofrimento há muito se escondeu,
Amar serenamente e crer num novo dia
Podendo acreditar num dia mais tranqüilo
E nele com certeza a sorte que destilo
No amor em plenitude, em toda galhardia
Gerando e transformado em peito outrora atroz
Sabendo desfrutar a cada novo instante
Do templo feito em luz deveras deslumbrante
Ouvindo a mansidão que tens em tua voz
Senhora me permita o dia mais feliz
Sabendo em teu olhar, o encanto que bendiz.

6

“temeste que me fosse a inconstância empolgando”
E tendo com certeza o rumo feito em trevas
Meus olhos muito além em paz eu sei que levas
Gerando dentro em mim um dia bem mais brando,
Assim eu te recebo e creio num momento
Aonde a direção se mostre mais constante
Traçando a cada passo o enorme diamante
No qual o amor se faz e permite este alento,
A glória pressentida e tanto desejada
Num canto, num louvor expresso o quanto quero
E tendo em cada verso um sonho mais sincero
A sorte noutra senda agora desenhada
Demonstra claramente o quanto que desejo
A paz depois de tanto, instante mais sobejo.

7


“nunca nuvem qualquer meu céu escureceu,”
Aonde houvera a dor trouxeste tanto alento
E quando eu te percebo agora me apascento
A luz tomando a cena esconde o velho breu
E o coração se abrindo encontra a magnitude
E nela realmente a glória se percebe
Mudando com ternura a amarga e dura sebe
Permita-me mostrar o quanto sei que mude
O rumo de quem abre inteiramente em ti
A sorte traiçoeira agora se mostrando
Em luzes tão gentis, outrora em tom nefando
Mas quando te encontrei aos poucos percebi
Que toda a minha história em nova senda agora
Transformação ditando a luz que me decora.

8


“No tempo que passou veloz, brilhante, quando”
O mundo desabara em dor e temporal,
Mas quando percebi um sol fenomenal
A história noutra senda aos poucos foi mudando,
Certeza se mostrara a cada passo além
Depois da tempestade imensa calmaria
E nela esta esperança intensa se recria
Enquanto com ternura imensidade vem
Gerando após a guerra a sorte que eu buscara
No quanto posso crer e ter a cada passo
O mundo transformado e nele sempre traço
Estrada tão perfeita enquanto bela e clara
Mudando a direção dos rumos deste vento
Transforma a cada dia insânia em doce alento...


9

“quer no bem ou no mal, na dor ou na alegria”
O mundo diz do quanto ainda posso ter
Certeza absoluta em raro e bom prazer
Sabendo desta força aonde a luz me guia
Estrela radiante além deste infinito
E em ti eu posso ver e a glória resplandece
E sei da mansidão e nela inteira a messe
Por onde tanta vez o sonho foi descrito
Apenas com temor ou mesmo desafeto
Mas tendo este caminho aonde eu possa enfim
Viver tanta pureza e nela tanto assim
Encanto se mostrando e quanto me completo
Na voz tão soberana aonde se mostrasse
A vencedora mãe sublime e mansa face.

10


“Sê, pois, comigo, ó Mãe de Deus, eternamente,”
Sabendo do teu filho imerso em solidão,
Vivendo em ti somente a voz desta amplidão
Na qual a plena paz sobeja se pressente,
Vencendo qualquer medo e tendo em ti a glória
Aonde possa crer num momento melhor
Deixando para trás temor que sei de cor
Tecendo com ternura a sorte da vitória
Num ato soberano o amor se faz constante
E nele se percebe o quanto é necessário
Superar o tormento e nele o temerário
Caminho destroçado aonde em torturante
Delírio se permite o fim de uma esperança
E ao fogaréu intenso o mundo já se lança.


11


“meu hino em teu louvor tens ouvido, Maria”
E sabes muito bem o quanto quero a paz
E nela tanto brilho a luz que satisfaz
E sei que a cada instante em paz sempre me guia
Gestando dentro em mim um novo amanhecer
Glorificado céu aonde vejo o brilho
De quem se fez além e quanto mais eu trilho
O rumo demonstrado, enfim, maior prazer;
Servir com mansidão e ter um raro alento
Depois de tanta dor e tanta angústia eu vejo
Um mundo bem melhor, e sei não ser lampejo
Tomando com ternura inteiro o pensamento,
Maria, mãe do Pai, senhora soberana,
Teu filho te proclama e em sonhos tanto ufana.

12


“Se é manhã, meio-dia, ou sombrio poente,”
Em minha alma contigo a luz eterna brilha
E quando se mostrando intensa maravilha
Uma alma se permite e sendo assim contente
Não teme mais a angústia e vence a solidão
Pressinto em teu olhar a mansidão de quem
Sabendo quanto dói e quanto mal contém,
O mundo que seguindo em torpe direção
Não sabe discernir o bem e segue o rumo
Aonde algum prazer pudesse enfim reinar
E quando se permite assim ao destroçar
A sorte se transforma e nela não me aprumo,
Sentindo-te presente ó mãe dileta e pura
Minha alma em paz se vê, imersa em luz, ternura...

13


“que te oferta, da terra, o filho do pecado”
O amor além do quanto um dia eu bem pensara
Ao ver a tua face assim imensa e clara,
O mundo se mostrando em novo e manso fado
Deixando-se antever a glória que ora sinto
O verso se mudando, o amor invade o peito
E quanto mais audaz, deveras satisfeito
Sentindo o meu temor agora vão e extinto.
Aceite esta oferenda em forma de poema
E saiba quanto quero um dia bem melhor,
Vivendo a plenitude, amor que é bem maior
Com ele quem caminha as trevas não mais tema
E vence com ternura a fera mais mordaz
E encontra finalmente em ti a plena paz.


14

“para a prece fervente e para o amor singelo”
Depois do temporal no qual me percebi
Eu chego e devagar encontro tudo em ti
No amor que tanto quero e agora em paz revelo,
Servindo a quem se fez rainha e mãe sublime
Não deixo que se perca o quanto percebera
Vencendo a própria dor, gigantesca quimera
Num canto aonde posso e vejo a quem estime
Transformador poder e nele soberano
O rito mais voraz da sorte em trevas feita
Nas sendas de teu passo, aos poucos já desfeita
A sorte em vil desdita, e em ti, por isso ufano.
O peso do passado às vezes me maltrata
A vida junto a ti, serena, bela e grata.

15


“de lá dos altos céus, do teu trono sagrado,”
Percebes o que tento em versos te dizer
Tu sabes mãe perfeita o quanto posso crer
Vivendo a imensidão do amor sem ter enfado
Singrando o paraíso aonde se perfila
A sorte abençoando o rumo que escolhi
Chegando com ternura encontro enfim em ti
O quanto desejara e uma alma em paz destila.
Vielas tão sutis, estreitas na verdade
Caminho que concebe o grande vencedor
Na incomparável luz, perdão e farto amor
É tudo o que se crê na paz que ora me invade
Sentindo esta presença abençoadamente
O mundo em harmonia, uma alma agora sente...


16


“Santa Maria! Volve o teu olhar tão belo,”
E veja quanta luz aqui tu me irradias
E quanto se permite a vida em harmonias
Transforma qualquer taba em divinal castelo,
Momento sem igual, amor sincero e puro,
Vencendo qualquer medo e assim me garantindo
Um tempo mais feliz e sei o quanto infindo
E nele com certeza em paz vejo o futuro.
Mãe sagrada eu peço apenas um momento
Tua atenção querida e tanto desejada,
A história de uma vida agora em ti, mudada
Aonde houvera guerra imenso e vão tormento
Aonde houvera treva intensa escuridão
Agora tão somente amor pleno e perdão!


De Praia para o mundo lusófono

VALMAR LOUMANN
 
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