Poemas : 

Códigos

 
Ônix- Objectivando a distância que vai de um olhar a outro, sem ter que se perturbar pelo brilho que daí emana, tem sempre na mira um olhar novo, pronto para assaltar qualquer rosto em prol de um momento, ou vários momentos que lhe digam como anda o seu olhar.

Dakini - Triste, tão triste é a sombra onde deita os seus sonhos, que nem sempre vê que parte dela, é um todo remanescente da sombra de outro olhar triste que em si se estende. Furou-se-lhe a lente, deturpou-se-lhe a mente esse fogo que o consome.

Epifania - Arde em mim desde que me perdi num labirinto, quase a extinguir-se nos meus olhos. Terei na mira uma soma de partículas, de uma lente tosca, baralhada por um foco incendiário a tremer-lhe nas mãos cálidas sobre o branco dos lençóis.

Ainafipe -Se fossemos mais próximos, para lhe contar de mim, de todos os segredos que sendo meus me ultrapassam, me levam para um dormitório, comum, onde as almas vagueiam e comunicam por códigos...Códigos que emitem sons saídos de dentro de mim.

Ónix - Se eu pudesse ter alguém que me amasse, e me tocasse, e me sentisse, talvez eu conseguisse que esses sons me libertassem por mim, só por mim, para deixar de viver esta angústia que por não ser angústia, o é, sempre que me preparo para amar alguém e esse alguém se vai.

- Dakini - É como se os sons de alguma forma os tocassem...e lhes dissessem, coisas…muitas coisas. As lágrimas não caem, os olhos ardem, o nariz funga, e as ideias permanecem submersas, quase a saltar pelas narinas, ao encontro de um momento que me diga onde encontrar à transparência, todos os olhares que se fecharam e se misturaram nas sombras inquietas que em mim fazem ninho, para cairem e rodopiarem à volta dos seus clarividentes e esmiuçados olhares.

Epifania- Tenho um frio estranho no braço direito, e na mão direita também. É a mão que tenho mais à mão, por não querer saber de amores, nem de sentires.

Ainafipe - E eu...Quero dormir somente




Resulto de um modo de dizer as coisas, simples e belas, e tu és o meu guia, o meu assunto do dia, para me dizeres também, de quando tudo era branco nos meus olhos…
Epifania & Ainafipe

 
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Epifania
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Enviado por Tópico
Kolthar
Publicado: 01/11/2010 14:33  Atualizado: 01/11/2010 14:33
Super Participativo
Usuário desde: 25/08/2010
Localidade: Lisboa
Mensagens: 153
 Re: Códigos
Simplesmente genial gostei imenso ler

Um beijo


Enviado por Tópico
Clarisse
Publicado: 03/11/2010 16:13  Atualizado: 03/11/2010 16:13
Da casa!
Usuário desde: 24/09/2009
Localidade: aqui
Mensagens: 392
 Re: Códigos
A primeira coisa que surge com a leitura do texto: por que será que o título saiu-se-lhe da Ainafipe?
No meio dos devaneios, as verdades que a eles lhe dão origem. Todos os caminhos, por mais longos ou curtos que sejam, vão todos dar ao mesmo. A classificação de longos ou curtos é relativa à condição em que nos encontramos. E aqui nos encontramos, desencontramos, vivemos e muitas vezes desvivemos, mesmo que esse desviver tenha mesmo que existir, ou coexistir...
"É a mão que tenho mais à mão"... LOOOL
Beijo,
Clarisse