Poemas : 

Na pele do lobo

 
Vestiram o manso cordeiro
com a pele de lobo esfaimado.
Temiam-no assim mascarado
e assim foi, até ser carneiro.

Parecia caçador verdadeiro,
embora nunca tivesse caçado;
para comer bastava um prado
e água fresca de um ribeiro.

Tanto temia-o o seu rebanho,
que até quando ele balia
fugiam, sem acharem estranho.

Era um ser que não se conhecia,
preso a um fardo tamanho,
já que nem uivar ao luar podia.





Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/12/2010 03:01  Atualizado: 24/12/2010 03:01
 Re: Na pele do lobo
Fez me lembrar os poetas populares que declamavam os seus poemas em Praça Pública, onde todo o Povo se juntava apenas a ouvir, o poetar..., ou as festas de aldeia em que os moços e as moças (garotos e garotas) se disfarçavam, ninguém queria a pele do lobo..... cruzes....., nem o "manso cordeiro" travestido do seu pior inimigo. Parabéns, texto que serve de alegoria para os simples mortais também. Um abraço.