Meu peito é um cais onde aportam sonhos e despedem-se naus vazias de esperança, e quando sutilmente sua fronte ancorou desejos e despertou o meu mar de enleios numa noite tempestuosa, não tive mais medo dos relâmpagos que cortavam o céu escuro da solidão. Pela noite bebemos juntos de poemas obscuros e tivemos o "céu sobre nossas cabeças", provamos de nossos aromas entre sombras chão, nuvens, infinito, estrelas e lua. E o toque de sua língua me despertou e me fez sonhar novamente. E veio a calmaria: o que o mar traz o próprio mar leva, os beijos se tornaram perenes lembranças, o perfume permaneceu fluruando no ar, os olhos brilharam no porto, o calor se dissipou, e desancorada a nau de desejos se perdeu novamente no oceano de possibilidades. O meu peito é um cais, onde seus desejos podem novamente ancorar e desfalecer em outras tempestades.