Poemas : 

Os poetas

 

Longe vão os dias de inverno
Em que eu ficava a lareira
Sentado num cadeirão de madeira
Gasto pelo tempo, onde o meu avô se sentou
Uma manta oferecida no natal
Pela tia que vivia na aldeia
Cobria-me as costas, nas noites frias.
Ficava horas a lareira, com o livro na mão
Ao som do crepitar da madeira de oliveira
Que queimava lentamente, numa chama de ilusão.
A poesia invadia os meus pensamentos
Ao ponto de me fazer sonhar
Que eu vivia dentro deste livro.
No virar de cada página
Recordo com saudades
Os poetas que já li.
De Florbela a Cecília
De Pessoa a Camões
Eugénio de Andrade
Na voz do saudoso, Mário Viegas
Que declamava magistralmente.
Adormecia no cadeirão de madeira
Ao calor da lareira, até o dia nascer.
A borralha ainda quente
A manta caída no chão
Canta o galo no poleiro
Neste livro que tenho na mão.
(Gaspar Oliveira)


Gaspar oliveira

 
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gasparoliveira
 
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