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Memórias de Uma Insana V – Contenção

 
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Foto Betha Mendonça

Memórias de Uma Insana V – Contenção
by Betha Mendonça

Meu período de isolamento aumentou depois que feri e quase matei uma enfermeira. No quarto, além de tudo acolchoado - como cuidado extra para com os profissionais da ala quatro - eu fui contida no leito. Isso significava ficar com as mãos e pés amarrados. E assim se foram as minhas esperanças de mudar de ala...

Fiquei muito deprimida. Perdi ainda mais a noção de tempo. Desconhecia se era dia ou noite. Horas a fio fitava o teto e contava repetidas vezes os quadrados do acolchoado como quem lançava dos lábios um mantra. Gostava de ouvir minha voz repetindo em ecos os numerais um a um até quarenta e começar tudo de novo.

Desgostosa e sem apetite: parei de comer. Emagreci mais de doze quilos. Apesar das conversas com o doutor a tentar que eu exteriorizasse minha dor, continuava fechada ao diálogo com qualquer pessoa e me negava à alimentação.

Para que eu não morresse de inanição enfiaram um tubo de borracha no meu nariz que ia até o estomago. Por ele me alimentavam com líquidos e pastas.

Minha família se desesperava que eu estivesse naquele estado, mas o doutor mantinha a calma e as certezas de que me viriam às melhoras...

 
Autor
Betha Mendonça
 
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