O Inverno
           A estação do Inverno,
           Qual velho de mau feitio,
           Traz o seu ar sempre eterno,
           De chuva,vento e frio.
           Quando das nuvens desprende
           Cargas de água escondidas,
           Por toda a terra se estende
           Lençol de águas incontidas.
           Por todo o espaço silente
           Sopram fortes rabanadas
           Dum vento a entoar gemente,
           Assobiando rajadas.
           Inverno, tempo parado
           Em capa de frio intenso,
           Tempo agreste, desolado,
           Num lençol de neve imenso.
           Do seu manto branco e leve,
           O Inverno os filhos tece,
           São os bonecos de neve
           Feitos por quem lhe apetece.
           Quando se esvai a neblina,
           Dos beirais pende o sincelo,
           O Inverno também se fina,
           Vão-se os filhos no degelo.
           O Inverno morre despido,
           Quadro em fundo embranquecido
           Nessa glacial aragem
           Que ele imprime na paisagem,
           E é no seu passamento
           Que há no ar um novo alento,
           E tudo de novo bole
           À luz ridente do sol.
                      Juvenal Nunes