Poemas : 

O Melro

 


O Melro

Tenho da noite o negrume
Que é cor da minha plumagem
Com que voo todo o dia.
A viver nesse corrume,
Numa constante viagem,
Tudo faço em sintonia
Pois tenho esse costume
De viver, numa voragem,
Sempre cheio de alegria.

Meu bico amarelo de ouro,
Cujo valor não desdouro,
Cava em busca de alimento,
Pelas matas e jardins,
Minhocas e outros afins
Que me servem de sustento.

Minhas penas luzidias
Vestem o fato de gala
Com que entoo minhas árias
Canto alegres sinfonias,
Minha voz nunca se cala,
Faço modulações várias.

Construo no arvoredo
Meu ninho envolto em segredo
Onde crio a ninhada
Com suculenta bicada.

E pelas tardes de estio
Faço ouvir meu assobio.


Juvenal Nunes






Uma legislação cinegética colocou,recentemente, o melro debaixo da mira dos caçadores. Ave emblemática das matas, parques e jardins levou a que a sua simpatia e aceitação generalizada fizesse com que a lei fosse banida.
Deixo aqui a minha homenagem.


Juvenal Nunes






 
Autor
Juvenal Nunes
 
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 22/08/2016 05:14  Atualizado: 22/08/2016 05:14
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1932
 Re: O Melro
Grato por saber que a lei caiu.
Poema singelo, com um teor político assente. Há uma personificação bem feita na minha opinião.
Texto bem construido, rima certinha, tem ritmo, melodia.

Olhe, parecia um melro!

Abraço


Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 22/08/2016 21:48  Atualizado: 22/08/2016 21:48
Membro de honra
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4038
 Re: O Melro
Olá Juvenal,

Um poema muito agradável de ler.

Gostei!