Sou da noite um ser perdido qu'inda espera
não viver amargas dores que me dão,
quem me dera ter alguém, ai quem me dera,
que me tirasse esta ânsia da razão.
Mas tão longe está alguém do meu amar
ninguém vem, ninguém passa a minha rua,
esta vida não chegou, mas sei amar,
a minh'Alma ainda não achou a tua.
Sou passo de silêncio, sou nocturno,
sou da estrela um eterno firmamento,
sou da noite a madrugada e nunca durmo
nesta cama do meu próprio pensamento.
Só quero ser um fruto apetecido
só me sei viver num sonho que medrou
sou o ramo d'uma árvore não florido
minha vida foi um sonho que ficou.
Ricardo Maria Louro
Repertório de Celeste Rodrigues
Ricardo Maria Louro
Re: Nocturno
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