Poemas : 

••• (III)

 
Poemas sem título e nas tuas mãos respiram oceanos e mares singrando velas soltas pelo entardecer que se insinua noite
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... deambulam alguns burburinhos sem ímpeto
[poisos inventados agora pela métrica de um verso livre] olvidado

nesse tempo estranho da repetição em volutas das ondas
sete vezes que a maré alta cresce pela enchente. Sento-me

esperando os teus gestos brandos
porque a beleza das coisas sempre foi tua
mesmo a que habita os cantos que se querem em azul ou noutra cor qualquer

talvez um último beijo
por um último abraço enquanto se repetem os nomes e os enormes arcos
do céu em flor. Jamais saberei desta nostalgia que me mantem
vivo [sim]
colhendo algumas algas e ouvindo o mar que se refugia dentro dos búzios
espalhados a deambular pelo areal.

Retenho o instante deslumbrado
levanto os braços ainda mais alto
ainda mais longe tocando o vento que atravessa esta primavera
querendo agarrar algum cometa tardio perdido na imensidão. Nuas

se banham entre espelhos e estas distâncias
[que tão bem conheces] as ditas musas dos poetas

embora sobreviva a praia lisa e virgem
recôndita e tímida
abalos que resistem e um arco-íris pleno tão por perto
que quase

o consigo tocar.

Profundidades.


(Ricardo Pocinho)



"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com

 
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Transversal
 
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Enviado por Tópico
Transversal
Publicado: 09/04/2015 02:44  Atualizado: 09/04/2015 02:44
Membro de honra
Usuário desde: 02/01/2011
Localidade: Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
 Uma pseudo expulsão, dois Poetas Maiores, um ex que queria regressar
Não poderia deixar passar este assunto em branco.
Nunca foi tão fácil alguém colocar-se “em bicos dos pés”, a tal porta da vaidade que se quer abrir, e que por vezes tem os ferrolhos calcinados e se torna mais difícil.

Pior, quando se coloca em discussão a expulsão pura e simples de um poeta desta casa por um pseudo texto ofensivo é algo incrivelmente vago, as palavras na nossa língua podem ter vários significados, e nem coloco em causa o caráter depreciativo desse texto, ou de outros do mesmo autor, mas existe sempre a tal explicação, ou uma explicação lógica para se ter escrito assim ou assado.

Depois o Fórum do Luso sempre foi o que se viu as opiniões incendeiam-se, muitas vezes me perguntei se não era isso mesmo que alguns autores desejavam, confusão, diz que disse, insultos e sei lá o que mais.

O resultado foi simples, dois dos Maiores Poetas desta Casa, Luís Santos (Aquazulis), e Azke (Alex Morais) saem, um por decisão própria farto de ser insultado (e não só), outro porque mais uma vez foi expulso pelo uso de linguagem obscena, ou porque as leis do site são para se cumprir, à risca, ao vivo e em direto (acredito que foi a primeira vez que tal aconteceu)

Luís Santos (Aquazulis) um dos maiores sonetistas da língua e esta opinião que sempre a partilhei é algo que o distingue dos demais, pela escolha minuciosa das palavras, das imagens, ideias, e se estiver errado que me indiquem um sonetista que se expresse em Língua Portuguesa melhor que ele. Será que existe hoje?
Não me parece.

Alex de Morais (Azke) um dos melhores poetas da língua, desta língua que se moderniza a cada instante dando lugar a casos isolados como os dele, pela desconstrução da poesia enquanto todo, levando-nos a ir mais longe na acepção da palavra, do verso, da pureza do poema. Uma novidade na poesia brasileira.
Dois Poetas fabulosos.

Depois vem o caso da expulsão de um poeta do Luso que deu o mote. Quem levantou esta história que já pertencia ao baú do Luso, foi alguém que foi Administrador desta casa e que na altura podia ter resolvido logo o assunto. Não o fez. E pergunto porque só agora passado este tempo todo regressa a esta questão? Para se fazer notado, para regressar a administrador, burocrata, controlador, “caso seja sua vontade, posso voltar a moderar comentários e textos, no tempo que tiver livre. posso tentar entrar aqui pelo menos uma vez ao dia. mas não vou nem quero me meter em pendengas. você sempre confiou em mim e peço desculpas se por acaso traí sua confiança alguma vez.”? Claro que foi aceite.

Mais uma vez e no meio disto tudo quem ficou a perder foi mais uma vez o Luso, só espero é que não regresse a palavra “lusuário”, alguma discussão sobre qualquer tipo de botão, ou um “novo” dicionário com os termos e normas que não se podem utilizar nos textos do Luso, e quais as palavras proibidas (como na ditadura em Portugal e o célebre lápis azul, sim, já não sou nenhum menino não), etc., etc. Tem vezes que me custa acreditar em tudo isto. Belisquem-me.

(Ricardo Pocinho)



Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/04/2015 05:07  Atualizado: 09/04/2015 05:07
 Re: ••• (III)
"... deambulam alguns burburinhos sem ímpeto
[poisos inventados agora pela métrica de um verso livre] olvidado

nesse tempo estranho da repetição em volutas das ondas
sete vezes que a maré alta cresce pela enchente..."

Um regresso feliz para ler o que escreves meu Grande Poeta Ricardo Pocinho e meu amigo Maior...
Oh... que Dom maravilhoso com que foste presenteado para deleite de quem te lê... incluindo a minha humilde pessoa.

Beijo poético da cor do oceano que nos separa.

Beijo.

Maria Valadas

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/04/2015 08:12  Atualizado: 09/04/2015 08:12
 Re: ••• (III)
muito bom ,como sempre

Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 09/04/2015 12:05  Atualizado: 09/04/2015 12:05
Usuário desde: 03/09/2012
Localidade:
Mensagens: 18165
 Re: ••• (III)
Transversal

Retenho o instante deslumbrado
levanto os braços ainda mais alto
ainda mais longe tocando o vento que atravessa esta primavera
querendo agarrar algum cometa tardio perdido na imensidão


Maravilhoso! Perfeito!
Sinto muito pela saída dos dois Poetas também!
Beijos!
Janna

Enviado por Tópico
MarySSantos
Publicado: 09/04/2015 13:11  Atualizado: 09/04/2015 13:11
Usuário desde: 06/06/2012
Localidade: Macapá/Amapá - Brasil
Mensagens: 5735
 Re: ••• (III)
Desses mares todos distantes és o farol lançando nas águas as faixas iluminadas de tuas palavras.

Obrigada, poeta!

(Ficou um vácuo no Luso com a saída dos dois excelentes poetas... Quisera o Luso-Poemas fosse apenas uma casa de arte e/ou para a arte, assim não perderíamos tanto.)

Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 10/04/2015 21:14  Atualizado: 10/04/2015 21:14
Colaborador
Usuário desde: 30/06/2009
Localidade:
Mensagens: 6699
 Re: ••• (III)
As musa é feita de puro sal marinho.
O vento a desfaz e o poeta, menino que é,
a reconstrói castelo no sal da praia.
Maravilhoso ler-te e desenhar sentidos
aos teus poemas!
Bj



PS- Já não inter_firo nas brigas de poder (?)
nesse sítio. A maioria dos que partem
retornam com outros nomes e outras histórias.
Tempo ao tempo, meu caro! :)

Enviado por Tópico
Monstro-daslágrimas
Publicado: 11/04/2015 02:00  Atualizado: 11/04/2015 02:00
Da casa!
Usuário desde: 05/08/2014
Localidade:
Mensagens: 315
 Re: ••• (III)
“Jamais saberei desta nostalgia que me mantem
Vivo”-Talvez por isso, canta a infinita saudade de um mar, que no seu peito é rio, nascente, poente de todos os olhares …

És enorme como oceano antigo, que juntava o índico o atlântico, os cinco num só, estimado Ricardo...

Graças a si, o mar me engole sempre que aqui chego e me deixo levar nas embarcações das suas palavras…pelas brisas …pelas janelas azuis das praias…por todas as viagens que nos proporciona na sua escrita brilhante e envolvente.

És sem dúvida o melhor poeta homem, aqui no luso e mesmo no brasil, agora com o desaparecimento do grande poeta Manoel de Barros …

Um abraço e obrigado por ter voltado, por continuar a encher a pobreza dos nossos olhos, com a riqueza dos seus…

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/04/2015 03:38  Atualizado: 11/04/2015 03:38
 Re: ••• (III)
«(...)esperando os teus gestos (...)
porque a beleza das coisas sempre foi tua(...)»




é o que vale,o que conta,o que fica eternidades de vc,deles
em todos nós.

senti nas entranhas cada palavra,cada virgula
entalhada na sua alma aqui.

obrigadissimo por estar,por ficar,por tentar compreender
o que acredito n explicação além do parece obvio para uns
e ocultos para outros.

valeu!!
bom sábado.