Há luminosidade lá fora
que não penetra a alma,
se houvesse uma só fresta
eu me poria à salva...
há pássaros chilreando agora,
arfando contra a vidraça,
fatigados vão se embora
privando-me de sua graça
há borboletas de asas delicadas
à procura de belas flores
e eu -do jardim tão descuidada-
pisco e me vejo sem nada...
nenhum verso, somente rabiscos
no abandono em que habito,
o céu que avisto cá de dentro
-longe de ciano- é cinza marrento...
honey.int.sp