Sonetos : 

A LIRA E A FLAUTA - A música de Mársias

 
Tags:  SONETOS 1995  
 
A LIRA E A FLAUTA - A música de Mársias

—"Música, arte das musas! Eis, Euterpe, a flauta
Desafiando o deus-Sol a executar mais belo.
Mesmo que se perder vá perder o meu pelo,
Lanço-me temerário em uma aposta incauta."

"Salto à sombra seguindo o invisível à pauta.
Enquanto encanto, entanto, ao tocar com tal zelo
A minha flauta, mas -- ainda ouso dizê-lo! --
Ressoa em harmonia à aura que d'ela salta"

"Volta a harmonia, enfim, d'onde ela fora obtida,
Visto que a Natura é perfeita sinfonia,
Cujas rígidas leis, seguem compondo a vida."

"Volta a alegria vã que então se me ouvia,
Fazendo-se, portanto, Arte p'ra ser ouvida:
Se no gorjeio d'uma ave, o sopro à melodia."


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
Autor
RicardoC
Autor
 
Texto
Data
Leituras
656
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
3 pontos
1
1
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 26/09/2015 19:12  Atualizado: 26/09/2015 19:12
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
Mensagens: 4864
 Re: A LIRA E A FLAUTA - A música de Mársias
Série de sonetos escrita por mim em 1995, A LIRA E A FLAUTA são os primeiros sonetos alexandrinos que publico no LUSO-POEMAS. Eu parei de escrever dodecassílabos há cerca de quinze anos, procurando me especializar no verso heroico e na redondilha maior. Via os alexandrinos como vão virtuosismo e foi com muito esforços que os revisei no afã de torná-los menos rebuscados. Espero que algum sucesso...

A história do duelo musical me interessou então como exercício de imaginação, pois, percebi que mais do que simplesmente recontar os mitos eu poderia propor discursos e poéticas para suprir as lacunas da própria história conservada a partir do originais da antiguidade. Por isso intentei em pôr no lugar de Apolo e imaginar qual foi a canção que ele cantou para virar a partida diante de Mársias e mesmo quais a razões de Mársias para a temeridade de enfrentar o Febo...

Por fim, escrevi por achar que a história tal como me foi apresentada pelos mitólogos e poetas não havia dito tudo o que eu julgava digno de interesse. É isso.

Abraços, Ricardo Cunha.