Um poema de Miqué Di L'Atrólloggus
Disse alguém uma vez a esmo, sem eixo, 
que havia pássaros de fogo no Polo Sul.
e talvez algures homiziado em sinergias,
que para o poeta não existiriam alegrias;
nem separadas no meio das noites insones, 
quiçá estivesse tão coberto de toda a razão.
Ainda não acordei, nem sei o que significa,
pois durante anos minha longa vida [ em vão],
pensei ver subirem algumas aranhas em teias, 
pensei em você como arcaica imagem querida!
Doem os reflexos das agruras tão estranhas,
mesmo que alguns versos possam ser bonitos,
adornado com laços arredondados enfeitiçados.
Com fissuras, então, serei poeta, eternamente
atravessando a vida forte sofrendo por amores,
girando vez em quando sobre os calcanhares,
esperando terminarem logo as quartas feiras,
já que aos domingos sempre sou mais forte,
pois que nunca para mim elas serão possíveis. 
Uma fragata pode navegar até os umbrais,
acredite em mim quando digo que não liguei,
apesar de não haver quase mais nenhum contato.
[...a sua boca 
não diz uma palavra, 
por medo das respostas, 
ou pedir desculpas, 
sempre me fez rir. 
Eu sou 
muito velho agora! 
Talvez seja também
mais tarde, já 
para compaixão 
no olhar assustado. 
E baladas da meia noite 
encerrarão as gentilezas,
talvez mais uma vez 
queira ouvir
a própria voz
afirmando o que nega. 
Mas hoje ficaria mal,
suas ofensas 
só me fariam rir. 
Quando ainda presente havia a real possibilidade,
poderíamos talvez olhar o céu deitados lado a lado,
enfim, a vingança morna jamais fez parte dos planos, 
as correntes nos pontos fazem parecer enlouquecido,
desse desejo de amor, destino com fragor incontido, 
até ter as faces pálidas ou só vê-las enrubescidas.
Mais cedo ou mais tarde, deixará de ser adorada, 
gostaria de ver a tristeza nos seus olhos frios,
eles que firmes rejeitam agora minha presença,
gostaria de ter certeza que vou vencer o jogo, 
já que meu premio maior vai ser perder você
[... e um dia pensei,
que fosse 
como a flor da manhã,
gentil a alma impoluta,
poderia até sem bonita 
sem as artes da maquiagem
as eventuais falhas 
do teu caráter 
mesmo pontuais,
gritam mais alto]...
Como não saberia mais viver só, outra vez,
sonho que gostaria de escrever para você,
que posso ver todos os ícones radiantes,
jamais vou te esquecer o cheiro da neve,
nem que a lança lançada balançou o elfo. 
Eu não sei se vai ler, nem jamais vai ter,
cabelos tintos loiros de ouro e voz de seda,
já que disse que não gosta de poemas,
não usaria roupa preta e um colar azul;
meras sombras quimeras desejos de ser,
ensejos tais também gostaria de escrever
na romaria que posso muito bem esquecer,
queria achar alguém aos menos simpática,
que não acha um saco ler meus poemas. 
[...numa mulher bonita 
seios de silicone 
não deveriam ser precisos.
O encanto 
que havia em mim 
há de desaparecer,
minha mente 
quer ter o poder, 
maior desejo
a indescritível satisfação 
de um dia qualquer
ver apagarem-se as luzes
e com elas
todas as imagens e lembranças
que um dia existiram.] 
Celestial silencioso rasgado poema espinhando auto estima, 
esmagado sob culpas vêm memórias me crucificar, 
pensamentos banais, uma utopia vai nas asas de uma gaivota,
levando até o fim da ravina a ternura num sonho boêmio.
Deixe-me só com as recordações e imagens retintas,
guardadas na memória do pequeno pen drive azul,
e respirar o aljôfar de poeiras das estrelas,
curar a alma ferida e serei eternamente grato.
[...quero mais que sal,
cimento e a cal,
roupa lavada, mesa posta.
Quero palavras doces
para confortar. nada mais]