Poemas : 

Desde então

 
Desde então
azinhagas de luz em ruas de poetas
ruelas líquidas por onde se desfraldam cordames
d’alexandrinas velas.

Entrego-me à luxúria de um mar sempre arriscado
areia fina
puro grão
lácteo trigo
centeio pão
corrente impetuosa às margens da partilha.

[Dos lobos fujo
e dos mistérios siderais.
Curtumes de peles secas de famintos animais].

Estulta
visto o grito em fuga
eco refundido
furnas
covis e grutas
de búzios divididos.

Desde então
de cansaço preenhe
circundo-me de sagacidade e brumas
se me desnudo astuciosa
se me denodo em mimetismos pálidos
pétalas carnudas rosas de carícias penetrantes.

Brida lenta e sem sentido
ausente dos homens e das flores …prossigo.


Nota: em itálico - poemas da autora.



MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA

 
Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Carlos Ricardo
Publicado: 14/03/2008 16:26  Atualizado: 14/03/2008 16:26
Colaborador
Usuário desde: 28/12/2007
Localidade: Penafiel
Mensagens: 1801
 Re: Desde então
Mel,

Mais um poema de mestre. Uma composição cheia de imagens profusas que quase tornam audíveis pensamentos torturados pela incerteza ou o descrédito nos lençóis que acenam com miragens de paz.
Dá muito que pensar!
Um abraço.

Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 14/03/2008 22:55  Atualizado: 14/03/2008 22:55
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: Desde então
Mel, os teus poemas são muitas vezes para ler em silêncio, e ficar, em silêncio a pensar... Este é um deles...

Beijo grande

Enviado por Tópico
João Videira Santos
Publicado: 14/03/2008 23:34  Atualizado: 14/03/2008 23:34
Da casa!
Usuário desde: 23/11/2006
Localidade: LISBOA
Mensagens: 354
 Re: Desde então p/ Mel de Carvalho
Há imagens neste poema que dão voz ás palavras que no silêncio da leitura cantam dentro de quem o lê. gostei. Um abraço

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/03/2008 10:18  Atualizado: 15/03/2008 10:18
 Re: Desde então
Desde então as coisas mudaram significativamente e assim, temos de as olhar de outro modo, para que não
venhamos a comprometer a nossa Vida no Mundo.

Lindo poema.

Beijinhos!

Frank_Mike