Poemas : 

Insulação

 
A alma de tantos lugares na mão fechada.
Segura a estrada e firme nos pés
Desbrava o lado escuro da última montanha.

Quis o chão moldar-lhe os passos
Embalar-lhe o caminho na madeira das árvores.
Atravessou-lhe uma ponte no peito
Rompendo a mortalha que encobria o sol.

Ergueram-se mais de mil braços de saudade
Pela extensão da margem dominada pelo canavial
Que adensava o espaço confinado à curvatura dos olhos
Distantes e, ausentes
E estes braços, abraçaram-lhe as feridas
E o sangue que cabia naquele rio de loucura.

O líquido, uma luz trémula
Secou-lhe por dentro a maçã, maldito.
Como lascas de xisto
A cortarem-lhe as veias enterradas na carne.

É interno.
Interno, é o caminho.


Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.

 
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silva.d.c
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