O vento quebrando o copo
É poesia
A barriga gerando uma vida
É poesia
O grão que sacia a barriga vazia
É poesia
A gota contada que irriga o sertão
É poesia
A batucada no fim da tarde no quintal
É poesia
A corda arrebentada do cavaquinho
É poesia
O bandido que foge da bala sem destino
Não é poesia
O menino que morre na escada vazia
Não é poesia
A parteira sem graça, que muda do bairro
Não é poesia
O soldado que chora e queima sua honra
Não é poesia
E assim,
De poesia
E sem poesia
A gente vai
José Veríssimo