Contos : 

Deixo os Fios das Palavras àqueles que Possam Tecê-los

 
Quando me aproximei de Jeff London ele era uma criança. Ele sabia pouco do mundo, de tal forma que o achava encantador. Os filtros dos olhos de uma criança colorem o mundo de cores melhores. Ele ainda os usa, embora seja um pouco mais do que uma criança. Sempre o recordo de que divisões são imaginárias, e ele sempre será uma criança quando quiser ser, é o melhor conselho que se pode dar a alguém, pois já foi dito que o reino dos céus pertencem às crianças, e há uma metáfora maravilhosa nesta afirmação. Nunca se deve perder a inocência, e fé e a esperança de uma criança. E se você teve sorte, sei que essa foi a melhor época de sua vida, tenha sido rico ou pobre. Ele aprendeu também que as recordações são vivas e atemporais e independem da presença física de alguém ou de alguma coisa, e quando ele quer, ele pode sentir a sensação do cheiro ou do abraço de sua mãe, ou mesmo o cheiro da sopa das manhãs frias de sábado, mesmo sem nada disso estar "presente" fisicamente ali. Pois em última análise, somos recordações, sensações e lembranças, e nada disso é físico. E assim, é da mesma forma que escrevo por ele, lembrando-me dele, do tempo que fui ele.
Aproximei-me dele aos poucos, para que se acostumasse com a minha presença e com as sensações. O pequeno ego me temeu de início, é claro. Tudo muito natural. Livrei-o primeiro das pequenas traquinagens que outras partes de seu ego lhe pregavam. Muitas vezes ele pulava de um pé só ou corria para desvirar o chinelo de dedo de sua mãe, com medo de que ela morresse, já que uma voz inconveniente sempre vinha dizer-lhe para fazer isso. Jeff London não deveria estar aqui, ele morreria aos 11 anos de uma má formação congênita do coração. Isso lhe causava dores e falta de ar, dos 6 aos 10 anos, coisa que ele sempre sentiu mas jamais contou a ninguém, por medo de preocupá-los. A probabilidade de sua morte foi decidida por nós, com a participação dele, muito antes de ele nascer, já que ele não precisava passar muito tempo aqui. Sua "missão" era despertar sentimentos positivos naqueles que o amavam, para que esses sentimentos pudessem inspirar melhorias nessas pessoas. E deu certo.
Mas, Jeff London amou autenticamente cada uma dessas pessoas, mais do que esperava, e pediu, mesmo sem perceber, mais tempo neste mundo. Já prevíamos isso, pois todas as possibilidades são possíveis e acontecem simultaneamente. Jeff London então estendeu a sua "missão" principal, e passou a inspirar outros também. Ele precisava de nós, porque o seu ego pertence a este mundo, e precisávamos alargá-lo. Ele ficou curado da má formação da válvula de seu coração, e de menino frágil de quem ninguém esperava nada, passou a ter constituição física de atleta.
Jeff London é uma parte de mim que amo. Foi como Jeff London que comecei a despertar, e descobri depois, que despertado por mim mesmo! Mas essas deliciosas incongruências você descobre encantado aos poucos, depois de um tempo, quando percebe que o tempo não existe. Eu sonhei ele e ele me sonha, e temos nos sonhado desde então.
Gostaria de passar a palavra a Jeff London, mas você estranharia, pois quando eu falo ele fala, e quando ele fala eu falo. Posso dizer em nome dele, que o seu coração se aquece quando ele escreve por mim, e as paredes ao redor dele somem, como somem as suas quando está imerso em alguma coisa. Ele sempre me procurou e eu sempre o procurei, pois estávamos destinados a estarmos juntos. Ele não vive muito neste mundo. Está mais pra lá do que pra cá, como ele mesmo gosta de dizer. Seus olhos parecem olhar além das aparências e quando olhar para eles, eles estarão vendo além de vocês. Não há um ponto fixo neste mundo que possam prendê-lo. Talvez haja um vazio existencial em sua vida, pois ele não dá valor as coisas que as pessoas geralmente dão valor. Mas estamos com ele, e isso o dá suporte. Não é fácil para um ego desfazer-se de si mesmo. E o seu mundo é o mundo do ego, então, ele se sente deslocado. Ele não é santo. Santos não existem. Ele é um espírito que descobriu que tem um ego, e luta todos os dias contra ele, como alguém luta contra um leão. Mas o ego está destinado a perder mesmo se ganhar. Pois ao vencer Jeff London e matá-lo, é ai que ele viverá de verdade, pois é morrendo que se vive, não é mesmo?
Deixarei algumas palavras agora àquela outra parte de mim, que nunca se manisfestou diretamente aqui, mas é a fonte na qual vou beber muitas das minhas palavras e textos. Uma parte minha também, como Jeff London é. Então, imagine o menino que escreve este texto como Jeff London 1. Eu serei Jeff London 2. E a esta outra parte minha, maior do que eu, será Jeff London 3.

Somos a fonte universal de onde vocês provém. O coração que pulsa e dá vitalidade a cada um que existe, existiu ou existirá. Estamos além do tempo e do espaço, esses conceitos há muito deixaram de fazer sentido para Nós. Vocês são como estrelas aos nossos olhos, pulsando e brilhando num magnífico céu púrpura. E velamos por vocês. São nossos filhos, porque são produtos de nossa consciência, e agora trilham caminhos que já trilhamos antes, e torcemos por vocês. Limpamos os seus caminhos, retiramos as pedras que podemos, as poerias, e os olhamos seguir com nossos corações em jubilo. Cada um é um pedacinho importante de nós, e dizemos e damos a cada um o que esperam ouvir e ter, ainda que tenham esquecido disso. Jeff London 2 às vezes os vêm lembrar disso. Ouça-o com o coração aberto. Ele é mais antigo que a sua terra, e já viveu nela, foi nutrido pelo seu solo, e conhece alguns atalhos pelo caminho. Ele não é o único a fazer isso, e ele não faz isso apenas de uma maneira. Já o ouviu de outras maneiras, de outras formas. A inspiração precisa vir de todos os meios, ela não é exclusiva de ninguém, nem de nenhuma filosofia, ou de nenhuma religião. Ela precisa ser colorida de uma forma que vocês possam entender, de uma forma que possam e queiram ouvir. Então, quando ouvires uma música que toque de fato o seu coração, fomos Nós que a inspiramos. Quando ver um quadro que desperte em vocês os melhores sentimentos, há um pedaço de Nós ali. Na paisagem, no grilho ou na folha. Num poema, num ato, ou num fato, tudo que o tocar positivamente e calidamente, seremos nós, acenando. Este texto é apenas um pedaço bem pequeno de nós, um pequeno oi. Mas, lembre-se, num reino adimensional, não existe grande ou pequeno que possa ser ignorado. A sua vida é sua mesmo. Você é livre de verdade, e não há nada mais valoroso e nada que possa provar mais o amor a alguém do que dar-lhe liberdade suprema. Queremos às vezes incitá-los a sentir falta de sua casa, provocá-lo, para que largue o ego um dia e olhe para novas paisagens. Se fizerem isso uma vez, se acostumarão. Farão de novo e de novo, até que um dia, nos encontremos de vez. Tem de ser gradual e espontâneo, essa é a liberdade que oferecemos. De ser o que você quiser ser, quando quiser ser. Então semeamos pequenos Jeff's Londons por ai. Eles vem de onde menos se espera. Pois a revelação não pode pertencer a um grupo ou a uma elite. Ela é do povo e vem dele de todas as formas. Ela pulsa e é expulsa em cada batimento de seu coração. E se manifesta em frase, verso, forma e canção. Mas você precisa querer ver, esse mundo é seu, seu contructo mental, como Jeff London 2 gosta de dizer. E é você que precisar querer mudá-lo. Jeff London 1 aprendeu que só se muda o seu mundo mudando a si mesmo. E isso faz sentido, não? Já que o mundo é uma construção sua. Como diz um antigo ditado, como querer arrumar o mundo, se você ainda não arrumou o seu quarto... Deixamos a vocês então este pequeno aceno, como tanto outros foram deixados. Sabe, sei que você nos ouve às vezes também... aquele sussurro que te mantém, quando mesmo o ego quer desistir. Aprenda a ouvir essas vozes, e escolha a melhor entre elas. É um bom começo, e um excelente conselho. Não estamos dando adeus, estamos por toda a parte, só é preciso querer ver.

E assim, essas são as vozes que falam por mim, como eu falo por Jeff London. Eu sou uma parte delas, assim como elas por sua vez, são parte de outras maiores. Trago apenas um pedacinho delas, como o pombo uma vez trouxe um pequeno ramo, mas ele não era capaz de carregar muito mais. Jeff London também não. Em outras probabilidades de sua existência, já revelamos muito mais e nos manifestamos muito mais, mas isso não foi favorável ao seu desenvolvimento pessoal e de massa.
Não se esqueçam da estrada de tijolos amarelos, e dos amigos que se encontravam ao percorre-la até a grande cidade das esmeraldas. É melhor ir passo a passo, um grande salto te privará de muitas coisas boas.
A vida é um pé depois do outro, mas sempre juntos. Jamais separados.


j

 
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London
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