FOCINHO DE PORCO NÃO É TOMADA

Obrigado, Janna.

Hoje postei no meu perfil:

Haddad pode não ser o presidente dos meus sonhos, mas #elenão com certeza é o dos meus pesadelos...

Todos os dias a gente convive com a raiva desmedida. É difícil assumir uma posição quando o respeito e a tolerância parecem ter desaparecido.

Em todo caso, é preciso não se calar. A falta de limites dos raivosos tem se transbordado em episódios diários de violência.

Certos, errados... todos podemos estar em relação a quase tudo. O que não pode ser é perdermos a capacidade de diálogo sem agredir e ofender, como temos visto em toda parte. Estes que se posicionam como maioria e "homens de bem" têm-se mostrado incapazes de aceitar o pensamento dos outros.

O assassinato de mestre Moa do Katendê em Salvador ilustra o radicalismo imbecil dos nossos dias.

É isso.

Abraços, RicardoC.

Simples, mas deprimente.

Estamos entregando a presidência da República a uma pessoa que declara não respeitar a democracia.

Muitos tentam reduzir a abrangência de suas declarações, argumentando ser exagero, mas não veem que o verdadeiro debate de nação não está sendo feito. Estam votando n'uma pessoa que, para além do folclórico e do radical, desconhecem.

O pior é que, mesmo se não revisar direitos trabalhistas e anular prerrogativas constitucionais, os linhas-duras ficarão aporrinhando até que a barbárie se instale no aparelho estatal. Ditadores costumam ser envolvidos pela própria imagem que projetam. Não se trata de desmoralizar adversários com mentiras e acusar tudo e todos de comunismo ou esquerdismo. A questão é encontrar no coração das pessoas eco para a tortura, o assassinato, a opressão em nome d'una ordem a qualquer preço.

Compreendo sua indignação e compartilho dela.

Acredito que ainda há tempo para que as coisas mudem.
Não que o outro candidato seja a solução, mas estamos sujeitos como eleitores a escolhermos o menos pior (afinal, esse é o Brasil em que vivemos hoje).

Há muito estou desacreditado de nossa política e da democracia em geral, mas espero o mínimo de sensatez nas urnas.

É isso.

Obrigado, poetizando.

Escrevi esse texto na fila de votação eleitoral, profundamente afectado pelas coisas que ouvia ao meu redor. Reconheço-o, portanto, como produto d'uma emoção muito sentida.

Sinto que desconheço as pessoas n'esse momento em que até a comunidade internacional começa a vincular nosso povo ao autoritarismo.

Só nos resta escrever enquanto for permitido.

É isso.

Abraços, RicardoC.

Essa é uma de minhas grandes decepções, caro Gyl, com o presente pleito presidencial: Não houve um grande movimento de conciliação nacional! Por muito pouco nos permitimos um segundo turno onde, qualquer que seja o vencedor, haverá uma ampla multidão descontente não se sentindo minimamente representada, ao contrário...

Teremos, em 2019 como hoje, um país profundamente dividido em suas esperanças e valores. O desafio que se coloca para nossas lideranças deveria ser o compromisso com a reforma do sistema político corruptor e corrompido e a retomada do crescimento econômico com distribuição de riqueza. Ao invés d'isso, estamos discutindo livros de educação sexual... Sim, estamos nos entrincheirando entre duas frentes moralistas: A da família tradicional -- seja lá o que isso signifique no século XXI -- e a da diversidade sexual progressista -- onde se incluem os novas feições/possibilidades do masculino e do feminino. E, mesmo que esta seja uma discussão válida, tem servido como cortina de fumaça para inúmeros debates que terminam adiados.

O facto é que o cidadão comum continua vendo o que é sistêmico apenas como moralidade. Ou seja, condenar a morte o narcotraficante em plena acção policial é digno de aplauso -- como se vender drogas fosse uma escolha realmente hedionda -- enquanto o colarinho branco que desvia bilhões é punido tornozeleiras em mansões! O que não querem enxergar é que tanto o narcotraficante quanto o político se corrompem porque o sistema impõe escolhas corruptas para sobreviver. N'um pais com milhões de desempregados, subempregados e ociosos o narcotráfico é muitas vezes a única opção enquanto que partidos e políticos radicalmente honestos não conseguem sequer se fazerem escutar entre milhões de notícias falsas e robôs re-twitadores.

As pessoas se consolam com a ilusão de que fulano, ao menos, é honesto, quando a verdade é que não o conhecemos e o pouco que nos foi dado conhecer já o põe em crise como "bastião da moral e dos bons costumes".

No final, as pessoas enxergam o que querem e agem como manada, apenas isso.

Abraços, RicardoC.

Com toda certeza, Delize, estamos n'um momento muito difícil. Olhamos para o lado e vemos despontar toda sorte de ignorância e indiferença. Nós nos desconhecemos com tanta agressividade, sonhando com uma liderança forte e honesta que aniquilará narcotraficantes e políticos corruptos n'um banho de sangue apocalíptico, como escreveste. Na Espanha, por exemplo, essa solução gerou ressentimentos que duram até hoje. Na Iugoslávia, genocídio e fragmentação da República...

Dividir a Nação entre bons e maus ou entre esquerda e direita é estupidez simplista. Precisamos d'um conciliador, não d'um Salvador da Pátria.

E nenhum dos dois candidatos do segundo turno parece ter um projeto de conciliação viável. Apenas extremismo.

Só nos resta torcer pelo melhor esperando pelo pior.

É isso.