Poemas : 

Despida de ti na despedida

 
 

O que há de nós ...
neste silêncio
tão florescido
de espinhos
enflorado de cravos
crescido de brados ?!

diria … que há saudade
procurando o abrigo perfeito …

...teu peito abotoado no meu
amolecendo sem defeitos




 
Autor
Adeuses
Autor
 
Texto
Data
Leituras
803
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
20 pontos
4
4
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/01/2019 07:22  Atualizado: 13/01/2019 11:14
 Re: Despida de ti na despedida
Tão lindo!
Gosto da tua poesia.

Enviado por Tópico
Carii
Publicado: 05/01/2019 22:58  Atualizado: 05/01/2019 22:58
Membro de honra
Usuário desde: 28/11/2017
Localidade:
Mensagens: 1962
 Re: Despida de ti na despedida
.. E assim encontram o abrigo perfeito onde viverá a saudade. Poesia sentida, de uma beleza difícil de expressar, mas simples de sentir. Gostei. Abraço.

Enviado por Tópico
Juvenal Nunes
Publicado: 06/01/2019 10:23  Atualizado: 06/01/2019 10:23
Membro de honra
Usuário desde: 28/07/2013
Localidade: Douro Litoral
Mensagens: 531
 Re: Despida de ti na despedida
Se o que resta da despedida é o amolecimento dos defeitos nem tudo parece perdido pois há sempre a hipótese de um reinício.

Juvenal Nunes

Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 17/01/2019 10:17  Atualizado: 20/01/2019 23:21
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1940
 Re: Despida de ti na despedida
Começas com uma estrofe que aparenta colocar uma questão, convenientemente “decorada” com imagens de dor.
Toda ela é corada em tons obscuros.
“O que há de nós…”
e forma-se o mote em que o sujeito poético não se coíbe de atirar à cara do leitor um silêncio repleto de espinhos, pregos (perdão, cravos), cravos obviamente sem espinhos, mas que se espetam.
O tom vai num crescendo de “florescidos” a “crescido”, passando pelo “florescendo” dando uma dimensão temporal e quantitativa.
Claros que os “brados” também se espetam (caiem?), ou doem (gosto do nome, ou poderá ser um adjectivo?).

A resposta surge a seguir, quando a saudade entra em maiúsculas.
A personificação da mesma, procurando um abrigo, nessa estrofe isolada, imageticamente coloca-me num filme a preto-e-branco, alta, magra, andrógina.
De gruta em casa.
A última estrofe é belíssima. A metáfora da aproximação dos enamorados com esse “… teu peito abotoado no meu…” trouxe-me ao comentário,
inevitável.
Coloca-me na ideia de “para cada botão a sua casa” e a saudade à procura do que já sabe.
Além da metáfora engraçada para o coito, se pensar-nos no movimento abotoar, na entrada, no encaixe…
Ou para outro tipo de ligações.
Que inveja!

Há que falar também do título.
“Despida de ti na despedida” soa-me a pleonasmo.
“Despida de” como metáfora para “sem” complica um pouco a ideia, mas é uma maneira original de o fazer. Mas mesmo que não seja original, a ligação quase homófona a “despedida” torna, sonoramente o título quase brilhante.
Afinal diferem num Ed. Em italiano “e”.
“Sem ti no adeus” (repare-se como soa tão pior) é uma evidência. Mas põe, também, ao poema um tom de final, ou como os amaricanos costumam dizer, closure.
Obrigado.