Poemas : 

CHUVA ÁCIDA

 




Chuva começada;
não o vi esquivar-se.

Em passos lentos,
chapinhava na água suja
do dia findo.

Pulou a sarjeta;
detritos se misturavam,
aquela alma castigada
de poeira, sol, e sal...

Sal da labuta, salobra,
expelida pelos poros,
arrastada pela torrente,
junto com a rebeldia.

Meio ao redemoinho,
pés afogados, nus,
assistindo restos de vida
para o ralo indo,
junto com a lama;
carma existente
antes da chuva...

De fato; pisava
numa lida imunda;
tapete estendido
sem fama, suja,
imposta como
se justa fosse.

Longos dias corridos,
sobressalto, o assalto,
o choro acidentado
rolando no asfalto ainda
quente da avenida imunda,
inundada, infecta
entre carros e gentes
fugitivas da chuva ácida...

Da lama suja,
a pesada fama
estendida no tapete
procurando uma paz
inexistente...

Crepúsculo etílico
inevitável...
Esquecer amanhãs,
outros temporais,
calamidades.
Mais uma vez
sem resumo.

Transladou-se do asfalto
para a sarjeta
com a mesma poeira,
o sol, o sal,
a lama e a fama;
sem prumo, sem rumo...

 
Autor
ZeSilveiraDoBrasil
 
Texto
Data
Leituras
739
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
7 pontos
5
1
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
João Marino Delize
Publicado: 12/03/2019 21:06  Atualizado: 12/03/2019 21:06
Membro de honra
Usuário desde: 29/01/2008
Localidade: Maringá-
Mensagens: 1910
 Re: CHUVA ÁCIDA
Gostei do poema que parece relatar o final da passagem de um tufão em outro sentido.

abraços