Poemas : 

Dominó

 
A peça do meio
ignora, sem anseio, onde é.

O que faz em pé sobre a mesa manca
agora.

A tez branca confere-lhe leveza e peso,
sabe-se
sem querer
entre esse número aceso e finito.

Tem o mito de ser una até à queda,
areia de duna,
gota de maré preia,
ar de ventania que preda
poder.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Autor
Rogério Beça
 
Texto
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/12/2019 15:48  Atualizado: 14/12/2019 15:51
 Re: Dominó
.
Diria que o tema é a velhice, as horas de confronto com a finitude dos dias, com a maré que encheu sem que déssemos por ela.
Com sorte, teremos aprendido o equilíbrio entre a leveza e o peso, dominaremos os anseios, teremos o poder da ventania que, invisível, sabe moldar as dunas e as ondas.
Deixo-te uma canção de uma banda dos meus tempos de adolescente, com o mesmo nome do teu poema (bem... quase).