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Fonética

 
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desamparadamente,
caem-me os impossíveis,
as frases sem cês de cedilha,
e os ditongos emudecidos,
os que melhor exprimem a volúpia,..

não recupero a forma,
nem o conteúdo das imperfeições,
só me fazem esperar
tanto,
e tanto tempo pelo
que me dás em troca,
e nada surge,
nem o restolho do desprezo a que
me habituaste,...

e já lá vem o crucifixo do olhar,
já que depois de renegar o impossível,
comprometi-me com
o desprezo aos lados
inúteis da criação

 
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pleonasmo
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 13/07/2020 06:51  Atualizado: 07/06/2023 05:23
Usuário desde: 06/11/2007
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Mensagens: 1940
 Re: Fonética
Decisões.
Ai, ui...
ditongos da volúpia.

Tomar a decisão de "...renegar o impossível..." é um pouco fantasiosa. Poética, vá. Lugar-comum contudo.

Mas lugares comuns têm de ser explorado, dissecados, secos, colocados ao sol, na lareira, ler as fatias translúcidas.
"desamparadamente..." começas com o advérbio de modo, a meter "-mente..." ao barulho.
Saindo do silêncio desta maneira até o meu nome que tem um cê de cedilha caiu, o pobre não-coitado.

Desfeito, o sujeito poético fica deformado e desconteúdado (adoro inventar palavras e iniciar erros), ainda assim esperando algo,
talvez o usado "...restolho do desprezo..." há um certo masoquismo nesta estrofe.

A resposta que a última estrofe sugere vive cheia de moralismos, ou de precisão, dependendo de como for "...o crucifixo do olhar...", grande metáfora por sinal.

Há tanto de inútil na poesia que torna-se ar, que só sentimos a falta, quando não há.

Obrigado, mais uma vez, pela inspiração.
Senti a tua falta.

abraço irmã\o