Poemas : 

Não Sou Trigo, mas Centeio

 
Não há um monte sem dois vales
tão pouco apenas pico,

rio sem foz
silêncio sem voz

o horizonte, perto da montanha,
cada ser estranha
haja junto à boca pão.

Não há florestas sem flores
e esta
(e mar sem ar e me.,),

o mais perto de infinito é o longe da planície,
coisa de oceano
e tundra
onde poisa a vista e o olhar e a fome,
à mão de semear.

Por isso, aqui
(trama selvagem todo o aqui),
corre pelo meu sangue tanta cordilheira
com asma de céu.

[a praia é a maior aridez conhecida, já que a água é salobra e na areia só areia cresce. Contudo é o pão do turismo, riqueza e alegria. A excepção é, talvez, o sol, que alimenta tanto quanto queima]


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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