Poemas : 

Tarde

 
É tarde. Considerando se for apenas o adiantado da hora
O entusiasmo afronta o sono sem se render, ainda é cedo
Cedo para adormecer perante a perplexidade destes dias
Para dizer que já não iremos sonhar sonhos tão sonhados
Dispersados por lamentos demasiado pesados aos lábios
Cedo para que as palavras caiam no oco de promessas vãs
Tão longínquas tal qual fosse um coro de vozes já mortas
Nada disto se fará. Fiques descansada meu pedaço de sol
Porque eu te amo, minha amada, eu te sinto agora mesmo
Teu ser flui pleno em mim, vives senhora de meus versos
Dorme e não te aflijas, esquece deste mundo conturbado
Amanhã diz-me que sou teu amado, que inda me desejas
E caminha comigo pelas estradas nas tardes ensolaradas
Onde não há prantos ou pecados, só sussurros e suspiros
Onde a saudade se veste de amarelo e acena em alvoroço
Despedindo-se, pois ali na esquina é chegada a esperança
Agora é sorrir, alinhavar as preces, findar a espera escura
Ter a coragem de encher de sopros brancos as incertezas
A noite vai alta e quiçá sonhes detrás dos cílios cerrados
É vez de recolher as adagas e lenços, de ceder ao cansaço
É hora de acreditar no sim, relegar os fantasmas e dormir.


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
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