Poemas : 

Apostaria na poesia

 
Há pouco, a noite veio segredar que tu voltarás
Tergiversei, disfarcei, mas enfim, fingi acreditar
Então abri as janelas e suas tintas descascadas
A quem a lua finge emprestar seu azul prateado
Para olhar na curva da estrada onde te vi partir
Não acho que voltes. A noite mente ou inventa
Mas se fosse prá apostar eu apostaria na poesia
Fingirei esquecer o cio que percorria teu corpo
Quando eu me punha a mirar-te e tu descobrias
Então vinhas silenciosa, trazer beijos de veneno
Envolver-me n’um apertado abraço de serpente
E já que sempre fugiste de todo sentido comum
Não espero a verdade nem nos oráculos do tarô
E se eu tivesse que apostar, apostaria na poesia
Eu farei de conta que não te esperei noites a fio
Que te ver nada muda em mim, agita ou acelera
Que o sonho não domina, o real que faz sentido
Nas frias paragens indormidas dessa madrugada
Mas minhas emoções mutantes se não me calam
Fazem que as palavras neguem tudo o que digo
E se fosse para eu apostar, apostaria em poesia

Imaginei a poesia subjugando a morte, vitoriosa
Pondo-te em meus braços, sem te deixar partir


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
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