Poemas : 

Poema da Saudade

 
De onde venho não há primaveras floridas
Só há as noites eternas e suas longas mãos
O vento ronda à minha janela como soluço
Um alarido para que eu esqueça quem sou
Lá fora, poentes dolorosos, nessa planície
Onde, cotidianamente, morro com os dias
Quem me invoca o nome além dos mortos?
Tão sós, contemplam o horizonte pelo mar
A garganta se cala entre mil interrogações
Esta terra de frutos pálidos não é a minha
Nem estes regatos são traços de meus rios
Ouço línguas estranhas e não compreendo
A névoa sepulta o ouro de velhas canções
Recolho-me no luto, para não enlouquecer
O teu semblante eterno, não me abandona
Sempre me fitas, silente, um cristal no céu
Mas por mais que te veja, não te encontro
Assim a vida segue entre retornos infinitos



"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


Escrito em L.A. Califórnia, em 1979 achado entre fragmentos de papéis caídos numa fresta da minha escrivaninha, alguns trechos estavam ilegíveis e restaurei entre a memória e a lógica...
 
Autor
Sergius Dizioli
 
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Enviado por Tópico
Amahnaiara
Publicado: 02/03/2022 01:39  Atualizado: 02/03/2022 01:39
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 Re: Poema da Saudade
Nas tramas de um poema, assim como da vida, sempre constará saudade. Bem tecido este poema.