Poemas : 

Eterno

 
O poeta não morrerá ao escrever na poesia o que eternize
Um misto de luz e dor, uma esperança áspera, uma espera
Com a doçura do som de águas dos rios de fluida infância
Seja sua voz rouca ou de seda, não se acolherá no oblívio
Que tudo que se escreve é material e ainda assim é poesia

É que a palavra se lança das bocas insanas e pousa lúcida
Após o voo livre em espiral, calma na alma plena de verão
Essa versão platinada da vida que acolhemos no coração
Desse voo solo descobrimos que a vida é uma bela mulher
A nos mandar beijos quando a noite espalha o véu no céu

A vida é a imagem criada num canto solitário da memória
E vai orvalhando a madrugada com os perfumes de flores
É a fantasia silenciosa de pipas a voar num céu sem vento
Um brilho cintilante de copos detrás das vidraças do bar
Mesmo que aqui fora sinta-se só a fumaça de óleo diesel

Entre o rubro profano da melancolia de mares interiores
Somente deixarei de viver a vida quando o amor se acabe
Não o do qual se fala, hipocritamente, cheio de pudores
Mas o que resta em nós como flor em meio aos incêndios
E ainda assim respira, altivo, entre sentimentos farelados


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/05/2022 11:40  Atualizado: 15/05/2022 11:40
 Re: Eterno
.
Tanto para dizer
mas...

"Belíssimo poema"

um abraço poeta Mr.Sergius