Poemas : 

do Mal servidos

 
Pediram-me um poema de encomenda
pagaram adiantado
dei o recado
a quem mos manda para o caderno

a folha ficou em Branco


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
benjamin
Publicado: 06/06/2022 08:51  Atualizado: 06/06/2022 08:51
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Usuário desde: 02/10/2021
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Mensagens: 422
 Re: do Mal servidos p/ R. Beça
.
Lembrou-me este, do Herberto ("Servidões"):

disseram: mande um poema para a revista onde colaboram
todos
e eu respondi: mando se não colaborar ninguém, porque
nada se reparte: ou se devora tudo
ou não se toca em nada,
morre-se mil vezes de uma só morte ou
uma só vez das mortes todas juntas:
só colaboro na minha morte:
e eles entenderam tudo, e pensaram: que este não colabore nunca,
que o demónio o leve, e foram-se,
e eu fiquei contente de nada e de ninguém,
e vim logo escrever este, o mais curto possível, e depressa, e
vazio poema de sentido e de endereço e
de razão deveras,
só porque sim, isto é: só porque não agora


Abraço!